A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) multou a GWI Asset em R$ 7,5 milhões e suspendeu Mu Hak You, seu diretor, da atividade de administrador de carteiras por cinco anos. As punições são resultado da quebra do dever de diligência, caracterizada pela excessiva exposição do fundo GWI Leverage a ações e operações a termo da Marfrig, que renderam um prejuízo de R$ 25 milhões aos cotistas, de acordo com os cálculos da área técnica da autarquia.
O episódio ganhou o noticiário em 2011, após as cotas do fundo perderem 70% de seu valor somente em agosto — tanto por causa da deterioração do mercado global (na época, a agência S&P rebaixou o rating dos Estados Unidos pela primeira vez na história) quanto pela queda das ações da Marfrig. Na ocasião, a concentração em papéis do frigorífico ultrapassou 90% do patrimônio do fundo, enquanto o regulamento previa que a alocação em ativos de um único emissor não poderia ultrapassar a barreira de 70% dos recursos.
A desvalorização dos papéis da Marfrig não apenas acentuou o desenquadramento do fundo, como também foi reforçada por ele, numa espécie de círculo vicioso. A engrenagem foi movida pela alavancagem da GWI. A gestora investiu em contratos a termo atrelados às ações do frigorífico. Como tomadora do derivativo, apostava na alta das ações — que cobriria tanto a compra dos papéis pelo preço pactuado no contrato quanto o pagamento da remuneração do doador do termo, e ainda lhe renderia lucros. A estratégia, contudo, foi por água abaixo com a instabilidade do mercado. Diante da queda, a CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) exigiu da GWI mais depósito de margem. Sem ter como arcar com a garantia, a gestora acabou encerrando antecipadamente os contratos a termo, o que aumentou a liquidez das ações no mercado a vista e contribuiu para depreciar ainda mais a cotação dos papéis da Marfrig.
GWI e Mu Hak You chegaram a propor o encerramento do processo por meio de um termo de compromisso, em que se comprometiam a pagar R$ 60 mil, além de reforçar a atuação em conformidade com o regulamento do fundo. A CVM, no entanto, considerou a proposta inadequada “notadamente com relação à sua função indenizatória”. Apesar da condenação, os acusados ainda podem apresentar recurso com efeito suspensivo ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, o conselhinho.
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