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O melhor está por vir
O Brasil lidera dentre os emergentes como polo de atração de investimentos de private equity. E a expectativa dos fundos é que esse fluxo aumente nos próximos anos

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O primeiro semestre não vem sendo muito animador para o mercado de capitais. Até o dia 2 de junho, a Bolsa brasileira acumulava queda de 8,5%, reflexo, principalmente, da retirada de investidores externos, cujo saldo negativo até a primeira quinzena de maio chegava a R$ 2,4 bilhões. Mas as incertezas não afetaram a estratégia de gestores de fundos de private equity, que continuam negociando com clientes estrangeiros interessados nas perspectivas de longo prazo do País.

É o caso da Rio Bravo, que espera realizar, no semestre que vem, provavelmente em setembro, uma segunda rodada de captação para o fundo Rio Bravo Energia 1, voltado a investimentos em fontes renováveis no setor elétrico. Lançado em 2010, o fundo obteve um total de R$ 300 milhões, principalmente entre investidores institucionais nacionais; a ideia agora será passar novamente o chapéu para angariar mais R$ 300 milhões entre aplicadores, principalmente, dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia.

“Temos conversado intensamente com o exterior e tem sido fácil vender a tese de investir em infraestrutura aqui. Estamos trabalhando para que a captação seja feita só com estrangeiros”, afirma Paulo Silvestri, diretor de private equity da Rio Bravo. Para atraí-los, a gestora adotou uma solução de governança mais próxima à praticada no exterior. No Brasil, boa parte dos fundos de pensão gosta de ter assento no comitê de investimentos junto com os gestores. No fundo da Rio Bravo, porém, o modelo é ter os gestores comandando o comitê de investimentos, enquanto os cotistas ficam no comitê de compliance, monitorando as regras e o regulamento.

Segundo Maureen Downey, da Pantheon, as melhores oportunidades em private equity da AL estão no Brasil

“Essa estrutura tem sido muito bem recebida”, diz Silvestri. No momento, a Rio Bravo trabalha também no fundo Nordeste II, com R$ 132 milhões captados e três empresas investidas. A intenção é capitalizar mais duas companhias que atuam no Nordeste até o fim do ano. Feitos esses investimentos, a gestora ainda teria outras cinco empresas-alvo em seu radar. “Isso abriria a possibilidade de um terceiro fundo na região que, se concretizado, poderá ter uma participação maior de estrangeiros como cotistas”, prevê Silvestri.

De olho em negócios nas áreas de infraestrutura, construção civil, agricultura e mineração, a Salamanca Capital prepara-se para um coinvestimento, do qual fazem parte um parceiro externo e um nacional, dedicado ao aporte de R$ 180 milhões em um negócio de plantio de eucalipto. A Salamanca deve aplicar 30% do total a ser desembolsado, deixando o restante para os outros dois associados. “Estamos em fase avançada de negociação, em processo de due dilligence, e podemos fazer o anúncio daqui a dois meses”, estima o diretor de operações, Renato Garcia. A gestora também namora um projeto de infraestrutura urbana na região metropolitana de Salvador, sobre o qual não revela nenhum detalhe. “Os nossos clientes, que são estrangeiros na sua grande maioria, estão muito interessados no retorno dos projetos de infraestrutura no País”, conta o diretor. A princípio, o foco dos negócios é o Nordeste, mas a empresa já analisa operações em cidades de outras regiões, como o Rio de Janeiro.

Com uma carteira de investimentos de US$ 238 bilhões, a Calpers, maior fundo de pensão público dos Estados Unidos, mira o País

Outra gestora que negocia com investidores externos para alavancar seus projetos é a Cesar Par. Uma das suas investidas é a Joy Street, especializada no desenvolvimento e na operação de jogos digitais, que projetou uma plataforma batizada de Olimpíada da Educação, adotada pelas redes de ensino público de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Mais de 100 mil crianças utilizam a invenção. No primeiro ano de operação, seu faturamento ficou em R$ 1 milhão. Um ano depois, pulou para R$ 5 milhões, e espera-se que chegue a R$ 12 milhões em 2011. O projeto é internacionalizar a empresa, visando a escolas da América Latina e até da Índia. Para isso, a Cesar Par tem conversado com fundos do exterior, em especial dos Estados Unidos. “O objetivo é que não se trate apenas de um aporte de recursos, mas que o fundo estrangeiro nos ajude a fazer a internacionalização da empresa”, explica o diretor da Cesar Par, Guilherme Cavalcanti.

Setores como alimentação, agricultura, energia renovável e consumo deverão atrair mais dinheiro

CALIFORNIANOS NO BRASIL — Com uma carteira de investimentos de US$ 238 bilhões, a Calpers, maior fundo de pensão público dos Estados Unidos, mira o Brasil. Atualmente, a América Latina responde por 1% desse total. O fundo dos professores da Califórnia detém US$ 1,3 bilhão em ações de companhias brasileiras e mais US$ 701 milhões para o desenvolvimento, com a incorporadora Hines, de conjuntos habitacionais comerciais e residenciais no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Campinas. “A Calpers tem muito interesse em investir mais no Brasil, que emergiu da crise financeira mundial praticamente com sua economia intacta e ainda atrativa aos investidores internacionais. O País hoje está nos primeiros lugares dentre os emergentes para se investir”, pondera o porta-voz Clark McKinley. “A Copa do Mundo e a Olimpíada trazem oportunidades, mas nosso foco são os investimentos com retorno e risco adequados”, completa. O fundo de pensão, no entanto, não dá pormenores sobre esses possíveis investimentos. “Não abrimos nossa estratégia por países”, justifica McKinley.

Maureen Downey, da Pantheon, afirma que as melhores oportunidades em private equity da sua firma na América Latina estão concentradas no Brasil. Ele estima que a estabilidade macroeconômica e a melhoria de renda farão com que 14,5 milhões de pessoas ascendam socialmente entre 2010 e 2014. “Isso deverá ter um impacto sobre o consumo doméstico e criar oportunidades em setores como educação, varejo, serviços e indústria”, salienta. A gestora tem feito investimentos na América Latina desde a metade da década de 1990 e planeja aumentar gradualmente a exposição em negócios na região ao longo dos próximos anos devido ao crescimento da economia. Ela não especifica quanto foi investido. “Temos visto aumentar o valor das empresas no Brasil, principalmente no topo da pirâmide, mas ainda enxergamos como atrativos os preços do segmento de middle market, por conta do alcance das companhias e da reduzida concorrência que elas enfrentam em comparação com empresas de China e Índia”, afirma Downey.

APORTES ACELERADOS — Os últimos dados disponíveis da Emerging Markets Private Equity Association (Empea) indicam que fundos dedicados a economias emergentes captaram US$ 10,2 bilhões no primeiro trimestre de 2011, 43% do volume levantado em todo o ano de 2010. A parcela investida por esses fundos chegou a US$ 6 bilhões, 25% do montante de 2010. No Brasil, foram arrecadados US$ 150 milhões no período, cerca de 15% do registrado em todo o ano passado, enquanto o volume aplicado somou US$ 496 milhões. O total de investimento da indústria de private equity no Brasil, conforme a Empea, estava em 0,06% do PIB em 2009 e pulou para 0,23% em 2010.

Para o sócio-fundador e diretor de investimentos da mineira FIR Capital, Marcus Regueira, os investidores externos deverão continuar interessados em aplicar recursos em ações de empresas brasileiras, tanto na Bolsa, como em venture capital e private equity, ao longo dos próximos cinco anos. A perspectiva se deve tanto ao retorno das aplicações aqui em relação às dos países desenvolvidos como às oportunidades existentes no Brasil com a ascensão social e os eventos esportivos. Nesse cenário, alguns setores deverão atrair mais dinheiro que outros. “Alimentação, agricultura, energia renovável e consumo são quatro áreas em que o País tem muito destaque”, ressalta Regueira. Para ele, apesar dos sinais incertos no curto prazo por causa da alta da inflação e do processo de aumento dos juros pelo Banco Central, no médio e no longo prazo, projeta-se o crescimento da economia e um patamar de juros reais inferior a 5% ao ano. É essa a combinação que promete ser estimulante para as empresas brasileiras, alavancando o consumo e o empreendedorismo.


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