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Negócios minguados
BM&FBovespa reduz custos após a fusão, mas sofre com a desaceleração dos mercados

Não tinha como ser diferente. A freada mundial da economia, iniciada lá atrás pela crise do subprime americano, respingou nas bolsas mundo afora. A queda no volume de negócios foi generalizada e não poupou nem mesmo a recém-criada BM&FBovespa. Até porque ela, assim como os seus pares em outros países, é uma espécie de “casa-mãe” que hospeda as negociações de valores mobiliários, derivativos, títulos de renda fixa corporativa, mercadorias e títulos de dívidas públicas. E, claro, é nela que são feitos os “debuts” das empresas que abrem o seu capital (IPO, na sigla em inglês). As duas, aliás, fizeram as suas ofertas iniciais, antes de se unirem.

Com negócios minguados e a natural diminuição das aberturas de capital, a BM&FBovespa sofreu um duro revés. Desvalorizou-se 64% desde o dia 1º de maio. “Não vimos o fim da crise mundial, o que ainda gera impacto no nosso desempenho”, disse Carlos Kawall Leal Ferreira, diretor de Relações com Investidores da companhia, em teleconferência para anunciar o balanço do terceiro trimestre de 2008. Em dezembro, contudo, os papéis apresentaram forte recuperação — de 25%, até o dia 19 de dezembro, para R$ 6,45.

A estréia da bolsa na bolsa — com perdão do inevitável trocadilho —, em outubro de 2007, foi um sucesso. A Bovespa saiu ao preço de R$ 22, bateu em quase R$ 35 logo na semana seguinte e teve recorde de participação de pessoas físicas. Foram 63.929 investidores, que levaram 8,4% do total de ações ofertadas. Até então, o IPO que tinha atraído o maior número de CPFs havia sido o da Redecard, com 29,3 mil pessoas.

O lançamento da BM&F na bolsa não foi diferente. Os preços bateram recorde, saindo no topo da faixa de preço sugerida, a R$ 20. A oferta movimentou R$ 5,9 bilhões. As ações chegaram a registrar alta de 30% no primeiro dia de pregão, em novembro de 2007. Mas era outro momento, embora a crise já soasse alarmista e com boas chances de “colar” no mundo inteiro, até mesmo nos países emergentes.

Desde a fusão entre a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), no começo de 2008, a “Nova Bolsa” tornou-se a terceira maior do mundo. Na época em que selaram o casamento, seus executivos não esconderam o desejo de dominar a região do entorno. Pavimentar esse caminho, porém, só seria possível com um processo de consolidação das bolsas latino-americanas, por meio de compra, fusão ou acordos operacionais com outras instituições.

A Bovespa já ensaiou algo semelhante dentro do Brasil. No fim dos anos 90, houve um movimento de fusão das bolsas “verde e amarelas”. Em 2000, houve um acordo de integração das nove bolsas de valores existentes à época em atividade no Brasil. Todas as negociações passaram a ser realizadas por meio da Bovespa.

Agora, um desafio da fusão está no maior desenvolvimento do mercado financeiro brasileiro e na integração das plataformas de negociação das duas bolsas, com redução drástica de custos. O foco está centrado nas sinergias entre elas. A previsão é fechar o balanço de 2008 com uma redução de 19% nos custos, acima dos 10% esperados inicialmente. Em 2009, a companhia prevê uma queda de 24% nos custos e, em 2010, a economia esperada é de 26%.

A companhia acredita que poderá economizar com a redução do número de funcionários e com processos, sobretudo na área de Tecnologia de Informação (TI). No terceiro trimestre de 2008, a sinergia entre as bolsas permitiu uma diminuição de 5,8% nas despesas em geral e um recuo de 12% nos gastos com processamento de dados. Segundo Ferreira, a BM&FBovespa também conseguiu quitar a dívida de R$ 148 milhões, contraída para ajudar no processo de fusão.

Há potencial de crescimento. Mas não para já. Os analistas estão prevendo um ano mais tímido. Em seu relatório, o analista do Bradesco, Carlos Firetti, estabelece preço alvo de R$ 12,20 para os papéis da BM&FBovespa. E estima uma queda de receita líquida de 12,5% em 2008, para R$ 1,4 bilhão. “O importante é que a companhia está tecnologicamente preparada para atender à demanda que virá. A crise começa, mas a crise termina”, afirmou o presidente Edemir Pinto, em conferência com analistas.

No terceiro trimestre de 2008, as duas bolsas juntas registraram um volume de receitas de R$ 404,6 milhões, com redução de 6,7% sobre o segundo trimestre. Ainda utilizando-se a mesma base de comparação, a Bovespa — que concentra 61,5% do total do conglomerado — apresentou recuou de 20% no volume negociado e de 14,5% na receita. A BM&F teve o mesmo volume de negociação, mas com um aumento de 5,6% na receita, devido, especialmente, ao crescimento do volume de contratos de câmbio, que geram uma receita média maior por contrato, em detrimento das quedas dos volumes dos contratos de taxas de juros e índice.

A escolha das companhias para esta seção é feita a partir de um levantamento da Economática com a oscilação e o volume negociado mensalmente por ações que possuem giro mínimo de R$ 1 milhão por dia. A partir daí, são escolhidas aquelas que se destacam pelas variações positivas e negativas nos seis meses anteriores.

, Negócios minguados, Capital Aberto


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