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Recuperação para grandes bancos virá no médio e longo prazo, diz Fitch Ratings
Itaú, BB, BTG e Bradesco vivem momentos distintos, mas com o mesmo desafio de lidar com a inadimplência e as dificuldades do agronegócio
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Os grandes bancos brasileiros têm desafios para manter ou elevar a rentabilidade das operações, mesmo com a perspectiva de uma piora nas carteiras de crédito menos intensa neste ano, após um 2023 desafiador. A avaliação é da Fitch Ratings, agência de classificação de risco que realizou nesta quinta-feira (14) um evento com foco no cenário para os bancos Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e BTG.

“O avanço na geração das receitas do setor deve continuar com desafios no curto prazo, mas a gente tem um bom potencial de recuperação no médio e no longo prazo”, comenta Claudio Gallina, diretor sênior de Risco de Crédito da Fitch Ratings. “Isso será reflexo de uma política monetária menos restritiva, que ajudará em uma recuperação gradual no volume de negócios dos bancos também.”

O rating do grupo de grandes bancos analisados varia de duplo B a duplo B + e, segundo Gallina, é amplamente sustentado pela diversificação de negócios. “Também é reflexo do desempenho financeiro distinto e de colchões de absorção de perdas suficientes para absorver potenciais choques nas carteiras de crédito desses bancos.”

“Para o Itaú e o Bradesco, os ratings atribuídos estão em um nível acima do risco soberano do país, desempenho fruto do robusto perfil de crédito das instituições e do seu papel importante no sistema financeiro nacional. Isto confere aos dois bancos uma capacidade maior de absorver riscos em cenários macroeconômicos mais adversos”, comenta Claudio Gallina.

Dos quatro bancos avaliados nesse Fitch Review, todos os quatro têm um ambiente operacional em duplo B, com perspectiva estável. O ambiente operacional permite medir a capacidade do banco de gerar negócios naquela jurisdição e de assumir níveis aceitáveis de risco.

“Um fator que poderia mudar esse ambiente operacional é a presença internacional. Temos dois bancos que têm uma presença no exterior importante e em crescimento, que são o Itaú e o BTG, principalmente no Chile. Hoje, essa presença internacional anda não é suficiente para alterar o ambiente operacional”, comenta Jean Lopes, diretor do grupo de bancos da América Latina da Fitch Ratings.

Resultado e qualidade de ativos

Depois de um 2023 bastante desafiador, a Fitch espera que o fluxo de entrada de empréstimo de pior qualidade seja menos forte em 2024. No ano passado, as concessões já foram mais restritivas e continuam em 2024, também pelos grandes reconhecimentos de perdas dos bancos até agora.

“A gente projeta um indicador de performance estável em 8,3 % neste ano, um pouco abaixo dos 8,4% de 2023. Por outro lado, a recuperação de créditos deve ser um ponto de partida para melhorar a qualidade de ativos”, comenta Gallina, acrescentando que este item difere de banco para banco. “Os mais recentes indicadores de atraso mostram que as pequenas e microempresas continuam sendo as mais sensíveis, assim como o segmento de baixa renda, apesar de já termos visto uma recuperação recentemente.” O diretor da Fitch aponta que esse cenário é um dos fatores que explica, por exemplo, a perspectiva negativa na avaliação de qualidade de ativos do Bradesco, por exemplo.

A Fitch avalia a qualidade dos ativos como dublo B para todos os quatro bancos e considera o bom nível de provisionamento tanto para Itaú, Bradesco e Banco do Brasil. Já com relação ao BTG, o ajuste positivo é em função do índice de crédito, que é majoritariamente concentrado no segmento corporate, com risco naturalmente menor.

Rentabilidade é desafio

Quando o assunto é rentabilidade, a Fitch vê desafios no curto prazo. Em resumo, o cenário é de margens menores e uma concorrência ainda forte para os quatro bancos mencionados, para os quais a agência tem “avaliações um pouco distintas”, segundo Jean Lopes.

Para o Itaú a avaliação é de duplo B. “O Itaú tem demonstrado sólidos controles de custos, ao mesmo tempo mostrou bastante equilíbrio na gestão de risco, o que somado também busca melhorar a oferta de produtos. Esperamos que esta tendência continue nos próximos anos”, relata Lopes.

Já o Banco do Brasil apresentou uma nota B-, abaixo dos outros três bancos. “Se a gente olhar a tendência do Banco do Brasil nos últimos dois anos, principalmente, é de melhora, o que explica a perspectiva positiva para o score de rentabilidade do banco. O que a gente tem visto de positivo no Banco do Brasil? Uma melhora na sua geração interna de capital, também apoiada numa estratégia de melhora de margens e uma transformação na cultura de custos do banco”, diz Lopes.

Sobre o Bradesco, o diretor destacou a rentabilidade do banco, que piorou nos últimos dois anos. A queda é explicada pela maior despesa de provisão, principalmente na sua carteira de varejo.

“Acho que o Bradesco reestruturou sua estratégia e que tem buscado um mix melhor de carteira com riscos menores. A projeção da Fitch é que em 2024 ele apresente alguma melhora, mas ainda não o suficiente para trazer para os níveis históricos pré-pandemia que o banco apresentava, números que devem começar a melhorar em 2025. Hoje, a perspectiva do Bradesco é negativa para a rentabilidade”, analisa Lopes.

O Banco BTG é classificado como BB com perspectiva estável. “O BTG hoje tem um mix de receita muito mais forte. Também vemos uma melhora mais duradoura de algumas receitas que o BTG apresenta, principalmente antes de impostos”, analisa Lopes.

Grandes bancos e o Agro

Com o número de inadimplências e falências do agronegócio aumentando, a preocupação é com uma possível restrição dos grandes bancos a esse setor. O agro cresceu muito forte nos últimos anos e, segundo Jean Lopes, o crédito teve um papel importante.

“Vemos posições bem diversificadas, sem muita concentração em determinados clientes ou nos maiores tomadores. Acompanhamos uma modernização do setor agro e das garantias oferecidas. Os bancos estão bem atentos à questão de garantias, da quebra de governança. O problema tem sido bem gerenciável e acreditamos que os grandes bancos vão continuar com prudência com relação ao agro”, complementa Lopes.


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