Ainda no forno, o novo fundo Fiagro multimercado promete mais flexibilidade a gestores e investidores por permitir a mistura de diferentes ativos do agronegócio num só produto. É o que preveem as novas regras propostas pelas CVM em minuta em consulta pública até o fim do mês. Para entender as vantagens do novo produto e as dúvidas que ainda persistem, a Capital Aberto conversou com Bruno Lundi, CEO da Eco Gestão de Ativos, e Aline Marques, sócia e especialista em investimento da Ável.
Atualmente existem três categoria do fundo: o Fiagro-FIDC, que investe em direitos creditórios da agroindústria; o Fiagro FII, que permite investimentos em CRAs, LCAs e imóveis rurais; e Fiagro-FIP, que permite o investimento em participações de empresas abertas ou fechadas do agronegócio. Pela regulamentação atual, ativos de categorias diferentes não podem compor um só fundo.
A nova possibilidade de diversificação é bem-vinda por Lundi. “A mudança dá mais versatilidade para trazer inovações para o investidor, e consequentemente, reverter isso em resultado”, diz.
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Segundo ele, a nova regra, se regulamentada, também permitirá aos fundos cortarem custos com operações atualmente necessárias para o enquadramento na regulamentação. É o caso dos Fiagros Fiis, atualmente proibidos de ter na carteira Cédulas de Produtores Rurais (CPRs) — papel atualmente restrito ao Fiagro-FIDC. “Um Fiagro imobiliário basicamente adquire terras, CRAs ou outros tipos de ativos isentos do agronegócio, mas que não sejam direitos creditórios”, diz o gestor.
Por conta da restrição, ele afirma que, para integrar as CPRs na carteira, é preciso securitizá-las com uma roupagem de CRA. “Com o novo fundo multimercado seria possível incorporar as CPRs diretamente.”
Para ele, a mudança trará economia. É que, sem a necessidade de estruturar e securitizar o CPR para transformá-lo num CRA, a gestora corta custos na operação. “Consequentemente, posso reduzir a taxa para o tomador e ser mais competitivo ou ter mais rentabilidade para o investidor ou ainda um híbrido dos dois, que eu acho que vai ser a realidade.”
No ano passado, os Fiagros da Eco captaram cerca de R$ 700 milhões. Para este ano, o montante previsto fica entre R$ 800 milhões e R$ 1,5 bilhão – plano que, segundo ele, independe do lançamento de novos fundos.
Dúvidas
Pela minuta em consulta pública, o fundo será considerado multimercado sempre que a concentração de cada classe de ativo for igual ou inferior a um terço da carteira. Entretanto, ainda não está clara qual será a regulamentação a seguir se uma categoria ultrapassar essa parcela. Na avaliação de Lundi, essa restrição pode ser um problema, “ainda mais quando você limita sem definir o que acontece quando superar isso”.
Por decorrência das dúvidas que ainda persistem, ele considera cedo para prever se o novo fundo multimercado atrairá mais investidores. “Um fundo mais diversificado tende a gerar menos risco, o que, eventualmente, ajuda na tese de venda, mas não necessariamente acontece assim”, diz. “Muito vai depender de como ficará a regulamentação final”, diz ele.
Também não está claro quem poderá investir no novo mercado, ressalta Aline Marques. “Como ficará a exigência para Fiagros multimercados que investem em participações já que atualmente esses fundos são restritos a investidores qualificados?”, exemplifica.
“Como visão geral, o novo Fiagro vai facilitar, mas ainda faltam informações para entender a aderência do público”, conclui.
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