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Com bom retorno e menos voláteis, fundos quantitativos ainda lutam por espaço
Gestoras apontam barreiras tecnológicas para o surgimento de mais players e o desconhecimento sobre o produto, tanto por investidor como por quem distribui os quantitativos
Fundos quantitativos, Com bom retorno e menos voláteis, fundos quantitativos ainda lutam por espaço, Capital Aberto

Os fundos quantitativos representam quase um terço da indústria de fundos como um todo no mercado americano. Em termos de retorno, têm um desempenho igual ou superior aos fundos tradicionais, porém com muito menos volatilidade. Se no exterior o produto já provou seu valor, no Brasil é um segmento ainda discreto, embora a primeira gestora quantitativa, a Kadima, tenha surgido em 2007. Para entender as barreiras que retardam o avanço dos quantitativos no Brasil, a Capital Aberto ouviu gestores e colheu dados sobre desempenho em diferentes fontes. Hoje, como não há uma classificação específica para fundos quantitativos, o produto fica em uma espécie de limbo e não tem dados consolidados.

Qualquer que seja a métrica, os fundos quantitativos no Brasil apresentam um bom desempenho e se assemelham ao comportamento dos produtos em mercados mais maduros. Nos Estados Unidos, segundo levantamento da Eureka Hedge nos últimos 13 anos, até setembro de 2023, o retorno dos fundos quantitativos foi 1,75 vezes melhor do que os tradicionais, com rentabilidade de 261% contra 112%. A menor volatilidade dos produtos é ponto alto – a maior queda (drawdown) dos quantitativos foi de 9,49%, enquanto nos tradicionais chegou a 12,71%.


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No Brasil, a pedido da Capital Aberto, a Quantum Finance levantou o número de fundos nos últimos anos. Em 2023, eram 210 quantitativos como um todo – incluindo o fundo master e seus espelhos. O número é discretamente inferior ao de 2022 (220 fundos). Apenas para efeito de comparação com o principal benchmark do mercado brasileiro, o CDI, no ano passado 190 fundos quantitativos bateram o CDI (90% do total). Este ano, até 28 de fevereiro, há 204 fundos quantitativos, com 201 deles superando a variação do indicador.

Fundos quantitativos, Com bom retorno e menos voláteis, fundos quantitativos ainda lutam por espaço, Capital Aberto

O número de quantitativos no Brasil, que usam modelos matemáticos e algoritmos para tomada de decisão, é muito pequeno perto da indústria de fundos como um todo. No final de 2023, informa a Anbima, havia 25.931 fundos no mercado – renda fixa, multimercado, renda variável, cambial e ETF. Desse total, apenas 38,5% superaram o CDI, bem inferior ao desempenho dos quantitativos.

Outros dados que reforçam os benefícios do uso da tecnologia para análise de dados históricos e do comportamento do mercado e de algoritmos para operar foram apurados pelo índice Equus Fundos Quantitativos Brasil, desenvolvido pela Equus Asset. “A metodologia para criarmos o indicador segue os padrões dos índices setoriais de fundos americanos. Avaliamos 10 fundos constituintes e ponderamos igualmente”, explica Felipe Uchida, sócio e diretor de Análises Quantitativas da Equus Capital. O índice reflete o desempenho dos gestores que implementam modelos de inteligência artificial e aprendizado de máquina em seus processos de negociação a partir de 2018.

O IEFQB foi comparado com o Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA). Até o momento, o índice acumulou um retorno de 58%, similar ao IHFA, que registrou um retorno de 58,1%. No entanto, a volatilidade do IEFQB é menor em comparação com o IHFA, de 3,4% contra 4,9%, respectivamente. “Isto representa menos de 70% da volatilidade do indicador. São produtos com bom retorno e muito menos voláteis”, acrescenta Rubens Terra, sócio e diretor de Investimentos da Equus Capital.

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Na visão dos executivos da Equus, gestora fundada em 2022 e que tem dois fundos, um quantitativo e outro de ventures capital, barreiras tecnológicas e de conhecimento de quem vende o produto impactaram na conquista de uma fatia maior do mercado. “Já foi mais caro montar uma asset de fundos quantitativos, pela necessidade de servidor, equipamentos capazes de analisar muitos dados, mas vem melhorando”, comenta Terra.

Outro fator que impede os quantitativos de acelerarem o passo é o desconhecimento, não apenas pelo investidor, mas de quem vende o produto. “Muitos distribuidores não entendem direito, vendem um quantitativo multimercado, apenas como multimercado, e não é a mesma coisa”, explica Terra, acrescentando que a Equus tem conversado com as corretoras que distribuem fundos para melhorar a forma como são apresentados aos clientes.

A barreira tecnológica é, na visão Pedro Simonetti, sócio da Giant Steps Capital, ainda o principal entrave para novas assets focadas em produtos quantitativos. “Se você monta uma gestora tradicional, dá para começar com 4, 5 pessoas e uma sala. Fundos quanti exigem tecnologia de ponta, servidor, programadores, além das equipes de análises de tendências e especialistas no mercado”, comenta Simonetti. A Giant é a maior gestora de fundos quantitativos da América Latina, com R$ 5 bilhões sob gestão. “Não é só no Brasil que essa indústria quase não se desenvolveu, com pouquíssimos players, mas na região como um todo. O investimento inicial é alto. Nós ficamos anos só reinvestindo o lucro.” O principal fundo da Giant é o Zarathustra FIC FIM, que tem vários fundos espelhos, dependendo da estratégia do distribuidor.

Outra razão destacada pelo executivo é que fundos quantitativos ganham na escala e rapidez na operação. A Giant, por exemplo, tem um servidor na B3 para reduzir a latência de execução das ordens. “Os modelos estão desenhados, mas precisa ser rápido na leitura do que ocorre e na execução das ordens”, explica. “Usamos a análise de dados e a experiência dos analistas para o que importa. Na hora de apertar o botão, de rodar a estratégia não é necessário.”

Na visão do sócio da asset, como no Brasil é uma indústria relativamente jovem e o brasileiro só agora está diversificando seus investimentos, naturalmente demandará tempo para que se voltem a produtos que ainda não entendem. “Querendo ou não, você tem um grau de complexidade maior para entender a abstração.”

Rodrigo Pereira Maranhão, sócio e gestor da Kadima, é mais otimista e vê a indústria caminhando de forma positiva, embora destaque que será preciso tempo para uma consolidação porque é “outra forma de lidar com a narrativa e de uso da tecnologia para ganhos de eficiência”. “Eu acho que é mais uma questão de tempo. No exterior, tem fundos que fazem isso desde a década de 70”, comenta Maranhão.

Para o sócio da Kadima, há muitas vantagens envolvendo o modelo de gestão quantitativa que o investidor não conhece. “Você sistematiza a tomada de decisão, ou seja, tem regras que vão indicar quando comprar ou vender, algoritmos programados para isto”, explica Maranhão. “Importante mencionar que não são regras criadas baseadas no feeling, ou interpretações, mas em teses ou teorias testadas, contemplando vários cenários.” A ideia é reduzir vieses inconscientes. A Kadima tem hoje cerca de R$ 2,4 bilhões sob gestão em fundos quanti de diferentes estratégias. 


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