Após mais de dois anos de espera, o Bovespa Mais finalmente fez a sua estréia. O segmento de listagem da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para companhias que pretendem ingressar gradativamente no mercado de capitais foi inaugurado no dia 13 de fevereiro pela Nutriplant, empresa paulista do setor de fertilizantes.

Concordatária até novembro de 2006, a companhia captou R$ 20,7 milhões em seu IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês). Cada ação foi arrematada por R$ 10,00. No entanto, o HSBC, banco coordenador da oferta, estimava inicialmente levantar cerca de R$ 31 milhões, e previa que os papéis pudessem atingir R$ 16,00. O desconto dado aos investidores foi, portanto, de 37,5%. “Apesar das condições do mercado, consideramos a oferta um sucesso”, afirma o diretor do HSBC Marcos Grodetsky.

Uma análise do potencial do Bovespa Mais a partir da Nutriplant, porém, fica prejudicada em razão do histórico de dívidas da companhia, da instabilidade do mercado internacional no momento da oferta e do baixo volume captado. Para Ricardo Martins, gerente da área de pesquisa da corretora Planner, a soma desses fatores faz com que a estréia da empresa do setor de fertilizantes não possa ser usada como referência para novas operações. Além disso, espera-se a adesão de empresas de maior porte. “Podemos ter IPOs que superem R$ 150 milhões”, diz Gilberto Mifano, diretor-geral da Bovespa. Ofertas menores do que a da Nutriplant, entretanto, seriam inviáveis devido aos custos do processo de abertura de capital.

O Bovespa Mais foi criado para receber empresas de pequeno e médio porte com boas perspectivas de crescimento e práticas de governança corporativa. Pelo fato de possibilitar ofertas menores do que as normalmente oferecidas ao mercado, o segmento espera atrair investidores menos preocupados com liquidez e com foco nos ganhos de longo prazo. Para proporcionar retornos atraentes, a Nutriplant pretende reforçar o capital de giro, ampliar a capacidade produtiva e adquirir concorrentes.