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Calmaria em Wall Street tem nome: fundos que negociam opções
Por trás da alta de 9,7% do S&P 500 no ano e dos 20 recordes de fechamento estão fundos, como os ETFs, que vendem opções de compra, cujo patrimônio chegou a US$ 67 bilhões
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O mercado de ações nos Estados Unidos está mais calmo do que em anos anteriores. A calmaria em Wall Street preocupa parte dos analistas pela origem atribuída aos fundos negociados em bolsa e a estratégia de “proteção” adotada. As medidas de volatilidade do mercado caíram para níveis vistos, pela última vez, em 2018, enquanto os principais índices de ações subiram repetidamente para máximas históricas. O S&P 500 subiu 9,7% em 2024 e estabeleceu 20 recordes de fechamento.

A resposta para esta fase de calmaria é a busca dos investidores por proteção contra potenciais perdas, direcionando dinheiro para os fundos de opções cobertas negociados em bolsa, que vendem contratos de opções na tentativa de aumentar a renda ou impulsionar seus retornos. Opções são contratos que permitem ao detentor comprar ou vender ações a um preço predeterminado.

Os ativos alocados nesses fundos ultrapassaram US$ 67 bilhões no final de fevereiro, de acordo com o Morningstar Direct, em comparação com cerca de US$ 7 bilhões no final de 2020.

Os fundos funcionam, principalmente, investindo em ações como Tesla e Meta Platforms ou nos principais índices como o S&P 500 e o Nasdaq 100. Uma fração dos ativos do fundo é usada para vender uma opção de compra sobre ativos que o fundo já possui, em troca de um pagamento antecipado de um prêmio. O comprador da opção tem o direito de comprar as ações subjacentes a um preço específico “preço de exercício”.

Os fundos tendem a se sair melhor em um mercado lateral, quando as ações não se movem para cima ou para baixo muito rapidamente. Durante os declínios do mercado, muitas vezes caem menos do que as carteiras tradicionais. O lado negativo é que os investidores podem ficar de fora de ganhos potenciais quando as ações têm uma grande alta.

Claro que há riscos envolvendo esta estratégia. Alguns dos fundos, como um ETF da Tesla, oferecem rendimentos impressionantes que podem deixar os investidores no vermelho se o mercado se voltar contra eles. O fundo da Tesla é suscetível aos movimentos voláteis das ações do fabricante de veículos elétricos e vende opções vinculadas às ações para gerar renda. Essa está longe da alternativa conservadora que alguns podem esperar de um fundo gerador de renda e caiu 34% este ano, em comparação com a queda de 31% da Tesla.

Gestores de carteiras de Wall Street atribuíram o interesse nesses fundos a investidores que buscam renda regular ou procuram proteção contra grandes perdas após uma grande alta, especialmente à medida que se aproximam da idade de aposentadoria. “Atingimos máximas históricas, e a demanda por essa estratégia aumentou. Não acho que seja coincidência, e acredito que seja uma função da demografia”, disse Eric Metz, presidente e diretor de Investimentos da SpiderRock Advisors.

O surgimento destes fundos foi impulsionado por uma regra da Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio (SEC, na sigla em inglês) de 2020, que facilitou para os ETFs comprar e vender opções. O maior fundo da classe, o JP Morgan Equity Premium Income ETF, tem cerca de US$ 32,8 bilhões em ativos sob gestão e teve um retorno de 13% desde sua criação em maio de 2020. O S&P 500 teve um retorno de 17,2% no mesmo período.

Passado reforça temores

Um aumento na turbulência do mercado de ações em fevereiro de 2018 levou ao colapso de dois fundos negociados em bolsa em um episódio que ficou conhecido como “Volmageddon”, causando enormes perdas para muitos investidores individuais. O colapso se propagou pelo mercado mais amplo e alimentou mais vendas.

Desta vez, os investidores estão céticos que os fundos desencadearão uma repetição. “Aquela estrutura de opção é relativamente benigna no panorama geral”, disse Jim Carroll, gerente de carteira da Ballast Point Wealth Management. “Não há nenhum evento de detonação concebível nessa estrutura.”

Steve Bohn, um executivo de biotecnologia de Highlands Ranch, Colorado, utiliza uma estratégia semelhante aos dos fundos de derivativos. Ele investe em uma nota bancária personalizada que vende opções para gerar renda e proteger contra riscos de baixa. Ele diz ter se sentido confortável com a ideia após conversas com seu consultor financeiro. “Só queria entender qual seria o pior cenário e como me sentiria se vivenciasse esse pior cenário”, disse ele.

Bohn, que tem 57 anos, estimou que sua carteira incorreria em uma perda de US$ 50 mil se sua nota perdesse todo o seu valor. “Eu não ficaria satisfeito com isso, mas não atrapalharia minha vida”, disse ele.

O interesse em investir em derivativos faz parte de um boom mais amplo de opções que atingiu novas máximas este ano. Os trades se voltaram para apostas ousadas e otimistas em ações da Nvidia e de semicondutores em particular. O volume de negociação em opções superou o das ações pela primeira vez desde 2021, de acordo com o Goldman Sachs. Isso se baseia em uma medida de quanto as ações subjacentes aos contratos de opções valem, um número que flutua com os movimentos diários das ações. Em alguns momentos, o aumento na negociação de opções alimentou preocupações de que a atividade de derivativos pudesse aumentar a volatilidade no mercado mais amplo.

Atualmente, a volatilidade é bem baixa. O índice de volatilidade Cboe VIX, conhecido como indicador de medo de Wall Street, fechou sexta-feira em 12,91. O VIX fechou abaixo de 16 por 97 dias consecutivos de negociação, a mais longa sequência desde 2018, de acordo com os dados de mercado da Dow Jones.

Alguns analistas se preocupam que o aumento dos fundos de venda de opções esteja contribuindo para essa calma. Isto significa que os negociantes, que geralmente não querem fazer uma aposta direcional, precisam proteger seus riscos, disse o analista do JPMorgan Chase, Bram Kaplan. Nesta situação, significa comprar futuros de ações quando os mercados caem e vendê-los quando sobem, servindo como contrapeso aos movimentos do mercado e suprimindo a agitação.

Mesmo que o aumento dos ETFs baseados em opções não desencadeie outro “Volmageddon”, alguns temem que as condições de mercado atuais tornem improvável o sucesso da estratégia.

“Eu adoro uma negociação de volatilidade curta. Fico interessado quando o VIX está em 20, animado quando está em 30”, disse Rob Arnott, fundador e presidente da Research Affiliates. No nível atual, “não é exatamente a negociação da década”, disse ele.


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