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Sinais de retomada econômica e ativos baratos jogam a favor do setor de M&A em 2024
Na dianteira desta retomada, especialistas consultados destacam os setores de educação, serviço e tecnologia
M&A, Sinais de retomada econômica e ativos baratos jogam a favor do setor de M&A em 2024, Capital Aberto

Que o mundo é outro no pós-pandemia, ninguém discute, que os negócios e as relações são outras também, menos ainda. Mas o que isso tem a ver com o mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), que caiu muito nos últimos dois anos e mostra uma certa retomada em 2024?

Na verdade, tudo e nada ao mesmo tempo. Tudo porque a pandemia mexeu com as economias e as cadeias de produção ao redor do globo, impactando diretamente os custos. E nada porque, historicamente, o mercado de fusões e aquisições sofre uma oscilação “natural” ao longo do tempo.

Apesar dessa gangorra, o setor de M&A vem dando sinais de retomada. Considerando os primeiros quatro meses do ano, há uma alta de 0,50% na base anual, para 397 transações, de acordo com dados da consultoria e auditoria PwC Brasil.


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“Historicamente, o mercado de M&A não teve mais de dois anos de paralisia. Nunca passou de dois anos uma crise, esse é o período que os detentores de recursos conseguem segurar o dinheiro”, explica o sócio da PwC Brasil, Leonardo Dell’Oso.

M&A, Sinais de retomada econômica e ativos baratos jogam a favor do setor de M&A em 2024, Capital Aberto

Para a corresponsável pela prática de societário e fusões e aquisições do TozziniFreire, Marcela Ejnisman, há uma tendência de alta para o M&A este ano, visto que o escritório tem recebido propostas para honorários para este tipo de transação, o que atesta que as transações estão acontecendo.

Segundo ela, as conversas com os bancos evidenciam, de certa forma, que o setor já teve uma recuperação, uma vez que essas instituições são o termômetro para este tipo de operação. “Mesmo com todas as questões externas, existe uma questão de o investidor ir em frente mesmo assim. Há muita operação estratégica, de empresas com oportunidades para adquirir”, analisa Marcela.

Outro ponto a favor é o fato de a economia brasileira ter mostrado uma alta no primeiro trimestre do ano. Ou seja, o investidor começa a ver alguma taxa de crescimento no país, mesmo que pequena, como foi o caso do período, que apresentou uma alta de 0,8% ante o quarto trimestre de 2023.

M&A, Sinais de retomada econômica e ativos baratos jogam a favor do setor de M&A em 2024, Capital Aberto

Além disso, as empresas brasileiras estão mais baratas, de acordo com o sócio da PwC. O executivo explica que, em 2021, o valuation das empresas brasileiras estava mais ou menos 10x a 12x o Ebtida (lucro antes de juros, impostos e depreciação). “Hoje, o preço está mais atrativo. O câmbio depreciado também ajuda nisso, por isso a procura do investidor. Tudo isso somado mostra que o negócio vai voltar”.

Na visão de Marcela, existe muita gente com dinheiro que precisa investir. Indagada sobre se o setor de educação, por exemplo, pode puxar a fila para M&A, ela diz que faz sentido, principalmente porque foi um segmento que sofreu muito durante a pandemia.

Dell’Oso também aponta o setor como possível beneficiado. “Pelo movimento do mercado, pode ter uma nova onda de consolidação, educação pode ser um deles. O setor de serviços está bem aquecido também, mas o setor de tecnologia é o grande cerne da questão, ele não para. Este ano será melhor do que foi em 2023, deve fechar entre 1.300 e 1.400 transações”.

O passado recente

Entre 2022 e 2023, o mercado de fusões e aquisições no Brasil, assim como todo o mundo, teve uma queda brusca por este tipo de modalidade, em decorrência do aumento da taxa de juros tanto por aqui quanto nos Estados Unidos.

Um levantamento elaborado pela consultoria e auditoria PwC Brasil mostra que as operações de M&A em solo brasileiro tiveram uma baixa de 6,21% em 2022 quando comparado a 2021, para 1,556 mil transações, enquanto em 2023 a queda foi ainda maior, de 17,29%, considerando o ano imediatamente anterior, para 1,287 mil operações.

M&A, Sinais de retomada econômica e ativos baratos jogam a favor do setor de M&A em 2024, Capital Aberto

“Uma paralisação natural. O private equity diminuiu bastante o investimento, inclusive o IPO (oferta pública inicial). O mercado brasileiro não tem IPO desde 2021. A taxa de juros elevada prejudicou o investimento de risco, uma vez que há investimentos mais seguros diante deste cenário”, conta Dell’Oso.

Do lado externo, o sócio da PwC lembra que estão acontecendo guerras neste momento, o que faz com o que o mercado europeu olhe um pouco mais para dentro. Internamente, tem a questão da Reforma Tributária, que ainda não sabemos como ficará. “Tudo isso traz incertezas para os investidores”, comenta.

O diferencial que pode ajudar na hora da transação

Na hora de fechar um negócio deste tipo, além de fazer contas, o investidor também procura um diferencial, que pode ser diverso, desde uma sinergia com a operação até a possibilidade de entrar num país novo.

“As empresas sempre procuram um diferencial daquilo que já tem. Atualmente, estamos numa operação de um grupo europeu que está fazendo uma aquisição para estar presente aqui (Brasil). Querem adquirir uma empresa para crescer, essa é uma estratégia”, diz Marcela. 

Dell’Oso explica que, do lado do vendedor, é importante a empresa estar muito bem administrada e preparada adequadamente para tal operação. Do outro lado, do comprador, além do valor dos ativos, é preciso levar em conta as sinergias e o mercado. “O valor de uma empresa é subjetivo. Ele (comprador) combina vários métodos para saber o valor adequado. Tem a questão das sinergias que é importante. Mas não é comum o pagamento de ágio por empresas com situação ruim, endividadas”.

Um fato interessante que tem acontecido mais recentemente nas operações e que pode ser um ponto a favor para quem vai comprar é uma mudança recente na Lei. Agora toda e qualquer operação considerada relevante precisa passar por uma consulta prévia no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“Trabalhamos em conjunto (Cade) em todas as operações. Toda operação que tiver relevância o Cade vai estar com a gente. Antigamente não era obrigado. Não que não existisse uma preocupação de concorrência antes, mas agora com a mudança (da Lei) há uma necessidade de estar perto desde o começo”, afirma a corresponsável pela prática de societário e fusões e aquisições do TozziniFreire.

Como está a retomada de IPOs no Brasil

Um estudo recente da empresa de consultoria e auditoria EY aponta uma queda na quantidade de ofertas, mas um aumento da receita no mercado global de IPOs. No primeiro trimestre deste ano, as receitas aumentaram 7%, passando de US$ 22,1 bilhões para US$ 23,7 bilhões na base anual, enquanto as ofertas públicas tiveram uma queda de 7%, passando de 307 para 287 na mesma base de comparação.

De acordo com a EY, parte da queda é explicada pela região Ásia-Pacífico, que apresentou redução de 34% na quantidade de ofertas e de 56% na receita, devido as condições desfavoráveis do mercado pela baixa liquidez.

Por outro lado, as Américas, considerando Estados Unidos, Canadá, México, Brasil, Chile, Colômbia, Peru, Argentina, Porto Rico, Bermudas, Equador e Jamaica, tiveram um início de ano positivo. O relatório mostra um crescimento de 21% no número de IPOs e de 178% na receita, totalizando 52 ofertas públicas e uma arrecadação de US$ 8,4 bilhões no período.

No Brasil, a perspectiva é que esta retomada ocorra já no segundo semestre deste ano, após dois anos de seca. “A carteira de IPOs está crescendo em vários setores, mas espera-se que as empresas que estrearão em 2024 sejam lucrativas e em escala de setores tradicionais. No entanto, isto depende de uma melhoria do contexto do mercado, incluindo a perspectiva de taxas de juro de um dígito, entre outros fatores”, pontua o sócio e especialista em IPO na EY, Rafael A. Alves dos Santos, em nota.


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