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Mais informação, menos burocracia
Seção específica no site para divulgar a assembléia, telão para acompanhar a votação e apresentações de resultados são algumas das novidades da última safra

Nem só de monotonia e baixo quórum foi feita a última safra de assembléias ordinárias. Algumas companhias procuraram tornar o seu evento diferente dos demais e empenharam esforços para atrair investidores. Os casos mais evidentes foram os de Embraer e Lojas Renner, as duas empresas com o maior percentual de ações em circulação no mercado — mais de 99%. Mas companhias como Marcopolo, Natura e Vale do Rio Doce, que possuem acionista controlador, também cuidaram de incrementar seus eventos.

Nos casos das empresas de capital pulverizado, as inovações começaram antes da assembléia. A Renner convocou os acionistas para a reunião com 45 dias de antecedência, em fevereiro, na mesma data em que divulgou as demonstrações financeiras de 2006 e o relatório da administração. Publicou um manual de participação em assembléias — disponibilizado no site e enviado por correio aos acionistas —apresentando todas as propostas a serem votadas nas assembléias ordinária e extraordinária e a recomendação de voto da administração. Também foram preparados modelos de procuração e de instrução de voto para procuradores pré-habilitados a representar os acionistas que não pudessem comparecer pessoalmente. Algumas semanas antes da assembléia, o presidente do conselho divulgou um documento comunicando a chapa de candidatos ao conselho de administração, acompanhada dos respectivos currículos.

Já a Embraer criou em seu website de Relações com Investidores (RI) uma seção especialmente dedicada à assembléia, na qual reuniu todos os documentos para o acionista se informar e tomar suas decisões de voto: demonstrações financeiras, manual de assembléia, alterações do estatuto, estatuto consolidado, indicações de membros para o conselho fiscal (e sua remuneração) e proposta de verba global para remuneração dos administradores. Duas semanas antes da reunião, a seção especial da assembléia foi colocada como principal destaque da página de RI, e um manual de participação, nos moldes do que foi feito pela Renner, complementou o material. A companhia também colocou à disposição dos acionistas procuradores previamente habilitados para receber instruções de voto por fax.

Na assembléia da Embraer, a tecnologia teve um papel à parte. Por causa de uma condição particular da companhia definida após a pulverização do capital — nenhum acionista ou grupo pode ter mais de 5% dos votos válidos, independentemente da posição acionária, e a soma de votos dos estrangeiros é limitada a 40% do total —, a contabilização foi feita por meio de uma planilha com fórmulas que monitoravam esses limites. Os números eram projetados num telão, para que os presentes pudessem acompanhar o andamento da votação.

Ao clima de novidades na assembléia da fabricante de aeronaves somou-se o contentamento dos executivos com o quórum obtido. Embora o número de pessoas presentes fosse reduzido — cerca de 25 —, a participação atingiu 73,57% do capital total, formado apenas por ações ordinárias. Dois investidores pessoas físicas estiveram presentes — e fizeram questão de cumprimentar pessoalmente o presidente, Mauricio Botelho, que deixava o cargo oficialmente naquela data. Na Renner, nenhum investidor individual apareceu. Nem o quórum foi tão feliz quanto o da Embraer. Apenas 26,94% do capital esteve representado, número insuficiente para instalar a assembléia extraordinária, que exigia dois terços do capital. Embora ambas tenham grande parte de suas ações em circulação no mercado, as da Renner são mais pulverizadas: lá o maior acionista detém pouco mais de 5% do capital, contra 13% no caso da Embraer.

PASSE LIVRE— As facilidades para a entrada do acionista ou de seu representante na assembléia foram outra novidade deste ano. A Embraer solicitou o envio, com até 72 horas de antecedência, dos documentos detalhados no manual (RG, CPF e o extrato da CBLC que comprova a propriedade das ações) para verificação da existência de quórum — um procedimento bastante comum. Mas não criou qualquer restrição a quem não tivesse cumprido o procedimento. Ao contrário, no dia da reunião, a companhia esperava os acionistas com crachás identificados com os nomes dos que haviam enviado a documentação ou marcados apenas com a denominação “acionista”, para os que tivessem resolvido aparecer de última hora. Na Renner, crachás também foram confeccionados com a mesma proposta.

Tornar as assembléias não apenas menos burocráticas, mas também mais informativas, foi a preocupação de companhias como Natura e Vale do Rio Doce. Na primeira, uma apresentação em power point das matérias a serem deliberadas foi preparada para os acionistas, que podiam visualizar a reprodução do material em encadernação impressa e num telão. Ao diretor de Relações com Investidores da companhia, David Uba, coube a tarefa de explicar em detalhes a distribuição dos dividendos e os destaques do balanço do ano anterior.

Questionados pelo único investidor pessoa física presente (além das duas jornalistas da Capital Aberto) —, o engenheiro químico Marc Aelion, 77 anos, que participava pela primeira vez de uma assembléia —, os executivos e conselheiros da Natura defenderam suas posições. Explicaram a estratégia de crescimento da companhia no mercado internacional, ouviram críticas à composição do conselho com número par (o que não permitiria o desempate, segundo Aelion, mas seria coerente com a idéia de “discussão por exaustão”, segundo a companhia), e escaparam de perguntas sobre projeções — deixando claro que a fabricante de cosméticos tem por política não oferecer guidance aos acionistas. “Queremos criar o jeito Natura de fazer assembléias”, afirmou o co-presidente do conselho de administração Guilherme Leal, logo na abertura da reunião. Entre outras demonstrações do “jeito Natura”, Leal chamou o CEO da companhia de Alê (Alessandro Carlucci) enquanto presidia a mesa, fez questão de receber os acionistas com um café-da-manhã reforçado e, depois, se despediu deles dando-lhes uns creminhos Natura como recordação do evento

Na Vale, a criatividade ficou por conta do aproveitamento do tempo entre o término da assembléia e a confecção da ata. No lugar do batepapo informal enquanto esperam, os acionistas assistiram a uma palestra do diretor executivo e de finanças da companhia, Fabio de Oliveira Barbosa. Além de comentar os principais eventos e os resultados de 2006, o executivo tirou dúvidas dos acionistas presentes.

Aproveitar a assembléia para informar os investidores foi também uma estratégia da Marcopolo. Após o encerramento das atividades previstas na ordem do dia da última AGO, a companhia fez uma exposição de seus resultados e comentou perspectivas para o futuro. Segundo Carlos Zignani, diretor de RI, a intenção foi aproximar o investidor da companhia: “Quisemos propiciar um momento para os acionistas interagirem e fazerem perguntas”. Além de Zignani, o presidente da Marcopolo, José Rubens de la Rosa, respondeu a dúvidas sobre resultados, estratégias e cenários. Segundo o diretor, a iniciativa teve boa receptividade e deverá ser repetida em ocasiões futuras. Inovar, sem dúvida, é um primeiro passo para quem quiser acabar com o marasmo de suas assembléias.


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