As empresas brasileiras registraram, nos últimos três anos, um avanço importante no âmbito da governança corporativa. Essa conclusão pode ser extraída na comparação de dois estudos feitos em períodos diferentes, mas usando os mesmos critérios de avaliação, para observar o cumprimento das boas práticas entre as companhias. O primeiro deles foi elaborado em 2003 pelo professor-doutor da FEA/USP Alexandre Di Miceli. Autor da metodologia conhecida como Índice de Governança (Igov), ele criou quatro dimensões fundamentais para classificar o comprometimento de uma gestão com os direitos dos minoritários: estrutura do conselho de administração, estrutura de propriedade e controle, acesso às informações e conteúdo disponível ao investidor.

Para cada um desses tópicos Di Miceli preparou cinco perguntas, resultando num total de 20 questões relacionadas à prática da governança. O cálculo do Igov levava em consideração, por exemplo, se o site da empresa disponibilizava aos investidores sua estrutura societária em detalhes, se havia demonstrativos em US Gaap ou IFRS disponíveis, qual era o grau de independência do presidente do conselho e se havia ações apenas com direito a voto.

Três anos se passaram e o mesmo questionário foi aplicado na tese de mestrado feita pelo economista Fábio Punsuvo, da Faculdade de Economia do Mackenzie. O resultado melhorou, mas continuou longe do que seria considerado ideal. De zero a dez, as empresas tiraram nota 4,9 no estudo feito este ano, contra 3,4 em 2003.

“Os investidores, sobretudo os institucionais, estão assumindo uma postura mais ativista, algo que é fundamental para o desenvolvimento do mercado de capitais no País”, afirma o pesquisador. “Do lado das empresas, elas sabem que uma eventual renúncia pela adoção das boas práticas hoje poderá representar um custo muito alto no futuro.”