A venda de 49% do capital da petrolífera Rosneft na Bolsa de Moscou está prevista para o mês de julho. A expectativa é de que a companhia venha a levantar até US$ 20 bilhões — o que pode fazer desta a maior oferta pública de ações (IPO) do mundo. Para conduzir o processo de abertura de capital e turbinar a estrutura de Relações com Investidores da empresa, um antigo vice-presidente do banco de investimentos Morgan Stanley, Peter O´Brien, foi contratado.

No entanto, observadores do processo têm questionado os métodos utilizados pelo governo russo, proprietário da Rosneft, na compra dos ativos da Yukos. As ações da maior unidade produtiva daquela que foi a segunda maior petrolífera do país foram adquiridas pela estatal após um processo por evasão de impostos que levou o antigo controlador da Yukos à prisão em 2003. Como não houve transparência sobre os valores envolvidos, chegou-se a suspeitar de confisco.

Existem dúvidas sobre quem será o real beneficiado com a operação de abertura de capital, já que a empresa é mais um caso em que ativos privados foram nacionalizados no país para depois serem vendidos parcialmente no mercado, atendendo a interesses de burocratas poderosos. Se o IPO for bem-sucedido, ele poderá ser visto como um selo de aprovação aos métodos utilizados pelo Kremlin para adquirir o controle de ativos relevantes. Além dos antigos problemas de governança, a Rosneft enfrenta uma ação judicial movida por detentores de ADRs da Yukos, em que eles reivindicam perdas de US$ 3,4 milhões. O processo é encarado apenas como a ponta do iceberg. Na opinião de analistas, se a empresa perdê-lo, muitos outros virão.