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Quanto vale a sustentabilidade?
Brasil ainda carece de embasamento científico para medir o retorno de intangíveis

 

Os fiascos financeiros, como Enron e WorldCom, e crises de imagem geradas por problemas socioambientais, como as da Shell, lesaram milhares de investidores no Brasil e no mundo. As empresas estão sendo mais cobradas em relação a sua governança corporativa, transparência e sustentabilidade (aqui entendida como o equilíbrio entre seu desempenho econômico, social e ambiental), o que levanta uma relevante questão metodológica para a comunidade de investidores e analistas: como quantificar a importância destes aspectos intangíveis e embuti-los nas análises de preço de ações e de risco de crédito das empresas?

Como o fenômeno é recente, estudos empíricos ainda estão longe de oferecer uma conclusão definitiva. Mas tanto a comunidade acadêmica quanto a de praticantes tem se esforçado para oferecer alternativas. No Brasil, este movimento se fortalece agora, após o grande marco que foi o lançamento do ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa. No entanto, o Brasil ainda carece de estudos empíricos em seu próprio mercado. Está claro que não tem a mesma eficácia importar estudos realizados na Europa e Estados Unidos, mercados muito mais maduros que o brasileiro, onde consumidores, investidores e o Estado são mais exigentes com relação à governança, transparência e sustentabilidade das companhias.

Até agora, o estudo brasileiro mais interessante é o de Moacyr Farah, do fundo de pensão Petros, apresentado em outubro de 2005 no Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, em Porto Alegre. Farah faz um ranking das empresas listadas no índice IBrX-50, utilizando como critério sua performance social apurada nos respectivos balanços sociais, publicados de acordo com os padrões do Ibase – Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas, uma referência no campo. Ele compõe então cinco novas carteiras, atribuindo participações maiores para empresas em quartis superiores de desempenho social. Todas tiveram desempenho positivo, atingindo entre 112% e 124% do IBrX-50 em 2004 e entre 118% e 135% em 2005 (até 12 de agosto).

Embora este resultado seja animador, e a princípio corrobore a tese de que sustentabilidade é lucrativa no Brasil, ainda não é suficiente para indicar qual o valor adicionado das melhores práticas nesta área. Precisamos de mais pesquisas, com utilização de critérios de sustentabilidade que abordem três níveis: políticas, performance e prestação de contas (PPP). Estes três níveis se reforçam mutuamente: políticas adequadas e bem implementadas reduzem o risco de sustentabilidade e melhoram a performance. A boa prestação de contas aos investidores aumenta sua confiança na gestão da empresa, o que permite o fortalecimento das políticas e investimentos que aumentam a performance — um círculo virtuoso.

Contudo, é necessário resolver uma questão ainda crucial: a falta de transparência e informação com relação aos aspectos de sustentabilidade das empresas. Assim, a governança corporativa adquire papel preponderante, pois permite que os acionistas tenham acesso a essas informações cruciais para traçar o perfil de risco e oportunidade de cada empresa, e possibilita estudos científicos a partir de dados públicos. E para quem ainda duvida que a transparência dá retorno, vale mencionar que, no estudo de Farah, citado acima, foi criada uma sexta carteira hipotética, com empresas que não publicaram o Balanço Social ou que não o fizeram segundo o modelo do Ibase. Esta carteira atingiu apenas 11,5% do IBrX-50 em 2004 e 29% em 2005.


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