A criação de emprego na economia americana muito acima do previsto é um balde de fria na expectativa do mercado com relação à possibilidade de um corte de juros na reunião do Federal Reserve (Fed) de setembro.
A divulgação do payroll acima da expectativa não só reacende uma certa preocupação quanto à condução da política monetária nos Estados Unidos, como também coloca ainda mais luz sobre a dinâmica da inflação americana.
No mês passado, os EUA criaram 272 mil novas vagas de emprego, bem acima da previsão do mercado, que esperava 190 mil novas vagas. O número também veio acima da média de 12 meses, com abertura de 232 mil empregos.
Logo após os números, dados da plataforma CME Group apontavam que o mercado passou a precificar apenas um corte de 0,25 ponto percentual (p.p) nos juros este ano. Com base nos Fed Funds, os investidores estimam chance de 40% do Fed cortar os juros até o fim do ano. Para setembro, a possibilidade recuou de 55% para 50%. Por outro lado, a expectativa para manutenção das taxas em setembro avançou consideravelmente, passando de 31,3% para 45%.
“Nos últimos meses vínhamos observando uma desaceleração na taxa de variação dos salários, o que foi revertido nessa leitura de maio. Visto isso, enxergamos espaço para apenas um corte de 25 pontos-base este ano, em dezembro, com a baixa probabilidade de o Fed conseguir antecipar o ciclo de afrouxamento monetário”, examina o analista de economia da Genial Investimentos, Lucas Farina.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima, é importante ressaltar que não só o relatório de emprego veio acima do esperado, mas também o ganho médio por hora. “(Dado) acabou impulsionando uma certa preocupação no momento sobre a tendência inflacionária nos EUA”.
Do lado positivo, a taxa de desemprego subiu para 4%, com 6,6 milhões de pessoas desempregadas, acima do consenso de 3,9%. No entanto, o economista da Guide Investimentos, Yuri Alves, afirmou que esse dado foi completamente esquecido pelo mercado, uma vez que não só a surpresa de criação de vagas bateu os analistas, mas também os ganhos médios por hora, que surpreenderam para cima, subindo 0 ,4 % no mês ante uma expectativa de 0,3%.
“Isso marcou mais um mês de ganhos reais nos salários, mostrando que os trabalhadores estão naquele efeito catch-up, que a gente chama de recompensar toda a perda do poder de compra das fontes inflacionárias. O nível da inflação ainda está machucando muito o consumidor que pede salários mais altos no mercado de trabalho mais apertado”, conta Alves.
Na visão do economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, além de atrasar o corte de juros nos EUA, a surpresa altista do payroll reforça a posição do Banco Central (BC) em manter a Selic onde está. “Quanto mais atrasa a queda dos juros por lá, maior o risco de uma recessão nos EUA acontecer. Isso pode causar muita turbulência na tentativa de reeleição de Biden”.
Agora, a expectativa do mercado é pelos dados de inflação na semana que vem, além da decisão de política monetária do Fed, que podem consolidar as preocupações ou demonstrar para o mercado que o payroll forte foi apenas algo pontual.
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