São onze capítulos, mas poderiam ser onze aulas de mestrado ou doutorado. No programa, os efeitos da crescente inserção da economia brasileira no comércio mundial. Do “goleiro ao ponta esquerda”, a escalação dos articulistas compõe uma verdadeira seleção nacional, ainda que alguns sempre prefiram outro zagueiro ou ponta-direita. Nomes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Cláudio Haddad e Luciano Coutinho desfilam com objetividade e poder de persuasão seus argumentos acerca de várias dimensões da internacionalização da economia nacional. O conjunto da obra — uma coletânea de textos organizada por Fábio Giambiagi e Octávio de Barros — compõe um mosaico curiosamente harmonioso. Sua estrutura se divide em três temas: a inserção do Brasil no mundo (parte 1); comércio exterior e produtividade (parte 2); e política econômica e crescimento (parte 3).
O livro começa com uma interessante perspectiva histórica do desenvolvimento do comércio exterior do Brasil. Expõe suas raízes com a intenção de encontrar algumas causas para uma internacionalização modesta — a despeito da vigorosa evolução recente, a economia brasileira tinha, segundo o Banco Mundial em 2005, a nada invejável posição de mais fechada do mundo quando medida em termos de fluxo de comércio (importação e exportação) como porcentual do PIB. Em seguida — e em contraste — vemos uma discussão, levemente ufanista, das virtudes do investimento direto no exterior como alavanca de dinamização da economia.
Na segunda parte, os autores pavimentam o caminho para entendermos os efeitos da globalização sobre a produtividade. Com textos cuidadosamente escolhidos, tratam de temas específicos como abertura e crescimento econômico, produtividade e instituições brasileiras. Um sumário das experiências de crescimento da China e da Índia, em contraposição à vivência brasileira, sugere lições valiosas sobre nossa dificuldade em replicar esses modelos. Como não poderia deixar de ser, a ladainha do baixo capital humano e da infra-estrutura deficiente tem lugar cativo entre as conclusões.
Mas é a terceira parte da obra que guarda os assuntos mais polêmicos (e divertidos). Estão lá temas que freqüentam as páginas da mídia e as mentes dos principais executivos do País como a sobrevalorização do câmbio e a tese da desindustrialização da indústria nacional. É “refrescante” para o intelecto revisitar discussões desgastadas sob a luz de argumentos bem alicerçados em fatos, e não em opiniões.
Finalmente, deve-se ressaltar que, apesar de os autores buscarem amparar suas conclusões em dados estatísticos e empíricos, eles jamais atribuem uma resposta definitiva a cada um dos temas. Muitos seguem um modelo acadêmico para apresentar suas hipóteses e, em seguida, validá-las com evidências colhidas do mundo real. A despeito de, em alguns momentos, a leitura ser técnica e o jargão, hermético, a obra cumpre papel fundamental ao organizar um conjunto relevante de conclusões que podem ajudar, de forma significativa, a compreensão de vários fenômenos que intrigam a todos nós, brasileiros globalizados.
Brasil Globalizado — O Brasil em um Mundo Surpreendente
Fabio Giambiagi e Octavio de Barros
Editora Campus
424 páginas
Lançado em 05/2008
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