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Cautela coloca recursos para venture capital em modo de espera
Para especialistas consultados, diversos fatores têm influenciado nessa queda, como tensões geopolíticas, taxas de juros e desempenho decepcionante de algumas startups
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O ano de 2023 foi marcado por uma série de desafios para o mercado global como um todo, inclusive para o venture capital, ou capital de risco, tanto no Brasil quanto no mundo. O que se pode ver é que a inflação global e os conflitos geopolíticos impactaram diretamente o setor, que viu uma redução no volume de investimentos e um aumento na cautela dos investidores.

Para se ter uma ideia, um relatório da KPMG mostra que o volume de investimentos em venture capital no ano passado alcançou o montante de US$ 2,2 trilhões no mundo, uma queda de 47% na base anual. Apenas no último trimestre de 2023, o volume de investimentos foi 18% abaixo do mesmo período de 2022.

Como não podia ser diferente, o Brasil acompanhou a tendência mundial, onde houve uma queda de cerca de 53% no montante de investimentos em 2023, quando comparado ao ano imediatamente anterior, cujo volume passou R$ 4,1 bilhões em 2022 para R$ 2,1 bilhões no ano passado.

Com isso, a pergunta que fica é se os recursos financeiros para investir em venture cessaram e por quê. Na visão de especialistas consultados pela Capital Aberto, há diversos fatores influenciando a queda de investimentos em venture capital ao redor do mundo, tais como tensões geopolíticas, taxas de juros e desempenho decepcionante de algumas startups.

“Trata-se de um ajuste natural de estratégia, considerando que na América Latina esse tipo de investimento cresceu de maneira vertiginosa durante os anos de pandemia. A indústria de maneira geral se tornou mais seletiva na escolha dos ativos, mas a fonte está longe de secar. Tal seletividade maior deve-se a alguns fatores, como cases de investimentos vultuosos que não trouxeram o retorno esperado, inflação e aumento de taxas de juros em economias desenvolvidas”, diz o sócio de TozziniFreire Advogados João Busin.

Para o CEO da Ouro Preto Investimentos, João Peixoto Neto, os investimentos em qualquer segmento são sempre periódicos e refletem de alguma forma os ciclos econômicos. “O investimento em venture capital é um dos investimentos de mais alto risco e, portanto, mais sensível a essas mudanças de ciclos.”

Segundo ele, o crescimento do investimento em private equity, especialmente em venture capital, sempre foi um reflexo da euforia em momentos de grande crescimento econômico e de introdução de novas tecnologias, que estimulam o empreendedorismo. “O último bom momento ocorreu nos anos de recuperação econômica que vieram após a crise de 2008”, conta Peixoto Neto. 

Por outro lado, o chefe de pesquisa do Distrito, Victor Harano,chama a atenção que, além de todos os fatores já citados, operações deficitárias das startups e valuations elevados têm sido mais intoleráveis para os investidores, reduzindo o leque de oportunidades e derrubando a atividade de investimento.


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Além disso, o executivo ressalta que houve uma aposta muito grande no comportamento de consumo no pós-pandemia. “Algumas teses não foram completamente comprovadas com o fim da pandemia, gerando uma queda nas expectativas dos investidores e mudança de rota em muitas startups”, explica o chefe de pesquisa do Distrito.

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Os principais concorrentes do venture capital

Com a baixa de recursos para o venture capital, a dúvida é se o dinheiro está indo para outro tipo de investimento. Em linhas gerais, o atual cenário econômico está direcionando os recursos para investimentos mais conservadores.

Diante disso, os especialistas foram unânimes em afirmar que o principal concorrente neste momento é a renda fixa e o private equity, investimento similar ao venture capital, mas focado em empresas maduras e com histórico de lucratividade, que oferecem menor risco e maior previsibilidade de retorno. Em 2023, por exemplo, fundos desta modalidade registram alta de 19%.

Apesar disso,Harano explica que a cautela dos investidores também se refletiu na escolha dos setores em que investiram. “As startups de tecnologia voltadas para a saúde, varejo e mercado financeiro, setores tradicionais, foram as que mais atraíram investimentos.”

Essa maior seletividade da indústria abriu espaço para uma outra classe de ativos alternativos, como o corporate venture capital, segundo o sócio de TozziniFreire Advogados. “Hoje, um co-investidor não tão desejado pelos players de venture capital passa a desempenhar um importante papel na execução de novos deals (fusões e aquisições) na escala de recursos.”

E a retomada. Acontecerá?

Há expectativa de uma retomada cautelosa do mercado, dada a experiência e maturidade adquiridas nos últimos anos, uma vez que a previsão é de que o Banco Central (BC) mantenha os juros em trajetória de queda. Importante ressaltar também que, nos últimos meses, os investimentos têm se mantido estáveis e algumas rodadas de investimento voltaram a acontecer no setor.

“No curto prazo, poderemos ver sinalização positiva, como nova captações de fundos e rodadas late-stage (estágio inicial) voltando a acontecer, porém uma retomada robusta ainda exigirá mais tempo para ser alcançada”, alerta Harano.

Na comparação com 2023, o setor tem apresentado uma alta razoável. Dados do TTR Data, que apresentam informações de M&A (fusões e aquisições), venture capital e capital markets, mostram que o volume de operações de maneira geral cresceu 20%. “Pelo que temos acompanhado dos movimentos de nossos clientes e parceiros, estamos cautelosamente otimistas, na expectativa de um ano melhor”, ressalta Busin.

Apesar da queda dos investimentos em venture capital em 2023, há uma forte expectativa do mercado de um aumento nesse tipo de investimento este ano, principalmente focado em soluções como open banking, dado ao quantitativo ainda alto da população desbancarizada, plataformas de pagamento instantâneo e implementação de soluções de inteligência artificial nas empresas, de acordo como docente do curso de MBA em Finanças corporativas, auditoria e controladoria da Universidade Tiradentes, Luís Carlos Beltrami.

Na contramão, Peixoto Neto destaca que a economia americana tem se mostrado resiliente ao aumento da taxa de juros e o governo continua a aumentar a dívida pública com imensos déficits fiscais. Com isso, é provável que ainda estejamos no início e não no fim de uma crise econômica. 

“Enquanto esse ciclo não se completar, não veremos uma forte retomada de crescimento em venture capital. O contrário é bem provável, que tal investimento continue caindo neste momento”, analisa o CEO da Ouro Preto Investimentos.


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