Instrumentos de captação de recurso com forte apelo, pela isenção fiscal, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA) vêm ganhando espaço nas estratégias das empresas e na prateleira dos investidores. Um fator ainda impacta no desenvolvimento deste mercado, na visão do sócio diretor do Clube FII, Felipe Ribeiro: a falta de transparência nas taxas negociadas. Foi este diagnóstico que levou o Clube FII em parceria com a B3 a lançar um sistema de visualização dos spreads máximos e mínimos dos papeis.

“A busca por novas ferramentas é necessária para melhorar os resultados. A falta de uma visualização dos spreads praticados no mercado secundário sempre me incomodou porque dificulta a vida de quem negocia os papeis. É ruim trabalhar no escuro”, comenta Ribeiro, que buscou uma solução em parceria com a bolsa, que atende pelo nome de CRI Data. Lançado no ano passado, a funcionalidade inicialmente tinha alguns dados de CRIs, relatórios gerenciais e informes trimestrais dos fundos de CRIs, avançando depois para os CRAs e Fiagros. A visão completa das taxas em que os produtos estão sendo negociados só foi lançada nesta semana após a integração entre Clube FII e B3.

Patricia Marília Almeida, responsável pela área de produtos de renda fixa da B3, lembrou que a bolsa já tinha uma calculadora para precificação dos ativos, mas que a nova funcionalidade é mais completa. “A gente acredita que a transparência de informações, segurança, tempestividade na divulgação delas faz o mercado crescer e evoluir”, comentou. Do estoque de R$ 1 trilhão de ativos, informou Patricia, a B3 negocia diariamente na plataforma trader uma parte muito pequena do total, menos de um porcento.

“Acho que muito por conta da falta de informação que existe no mercado ou da falta de centralização dessa informação que é o que o Felipe e toda o Clube FII tem trabalhado exaustivamente para conseguir”, comenta, acrescentando que a funcionalidade engloba  uma parte considerável dos ativos. “A gente está falando de mais de mil ativos, entre CRAs e CRIs, sendo calculados diariamente em nossa calculadora, a gente depende das informações das securitizadoras e dos fiduciários para manter a calculadora de pé.”

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Só em novas emissões, segundo a Anbima, os CRIs totalizaram R$ 10,9 bilhões no primeiro bimestre, com crescimentos de 298,2% ante o mesmo período do ano anterior, enquanto os CRAs tiveram expansão de 67% nos dois primeiros meses do ano, para R$ 5,1 bilhões.

Sobre o CR Data, Felipe Ribeiro explicou que uma das vantagens da ferramenta é ter todo um histórico dos valores, dos spreads negociados de cada papel, o que ajuda no processo de decisão do mercado. “Dá para ver, acompanhando a evolução das cotações, se é uma boca de jacaré ou se é uma boca de siri”, brinca Ribeiro acrescentando que a informação é importante para originador, gestor,  securitizadora e para custodiante. “A gente está falando de basicamente 27 anos do mercado andando no escuro sem saber o que está acontecendo com o secundário”, comenta o sócio do Clube FII, acrescentando que o próprio fundo pode assinar o CR Data, sem onerar o cotista.