Já faz tempo que o trabalho do profissional de relações com investidores (RI) não é apenas tratar bem a sua base acionária. O desafio, muito maior, é correr atrás do investidor que a companhia quer ter. Aquele que diversificará a base, oferecendo riscos menores. Que proporcionará liquidez aos papéis, valorizando as ações, ou terá confiança no futuro da companhia, mantendo-se fiel a ela enquanto outros se vão assustados em tempos de volatilidade. O investidor com expectativas alinhadas ao que a companhia pode oferecer — esse tem mais chances de ficar feliz com o investimento e de fazer propaganda da empresa para outros bons poupadores.

Mas dar esse passo além não é nada simples. É preciso persistência, planejamento e muitas ações de relacionamento. Reuniões, roadshows, webcasts. Um trabalho de formiguinha, muitas vezes um a um, com um discurso claro e seguro, fácil de entender, sincero sempre e necessariamente vendedor. Atingir esses objetivos com equipes enxutas e escassez de profissionais experientes no mercado de trabalho é quase uma aventura.

É por essa razão que a conquista do investidor certo foi um dos temas mais debatidos durante a conferência anual do National Investor Relations Institute, entidade norte-americana que congrega profissionais de RI e sinaliza tendências relevantes para essa atividade. Os assuntos mais interessantes do evento foram resumidos pelo editor Danilo Gregório em duas reportagens e uma entrevista exclusiva que vocês conferem a partir da página 6.

Nas matérias focadas em Brasil, tratamos do perfil pouco convencional do RI — é preciso ser bom em finanças e em marketing, duas vertentes que nem sempre caminham juntas; do uso das mídias sociais para se relacionar com colegas e investidores; das experiências de captura de investidores individuais nos Estados Unidos; das perspectivas para as listagens em bolsas estrangeiras; e dos resultados das peregrinações por Ásia e Oriente Médio em busca de novos e bons acionistas. Tanto no maior mercado de capitais do mundo como aqui, os profissionais de RI precisam se tornar cada vez mais relevantes para o futuro de suas companhias — e não apenas para o presente.