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Magda Chambriard completa primeiro mês na Petrobras sem ruídos ou decisões importantes; ações se valorizam
Para especialistas consultados, qualquer decisão relevante deve ser tomada com o tempo, já que a executiva ainda está esquentando a cadeira de presidente
Magda Chambriard, CEO da Petrobras. Crédito: Agência Petrobras
Magda Chambriard, CEO da Petrobras. Crédito: Agência Petrobras

Depois do presidente da República, talvez o cargo de CEO da Petrobras seja um dos mais difíceis. Além de estar inserida num setor complexo, cheio de nuances e de muita volatilidade, por conta do petróleo, o comandante da maior estatal do país sofre muita pressão política, que independe de partido político.

Magda Chambriard, que foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entre 2012 e 2016, assumiu o comando da Petrobras no dia 24 de maio, quando se tornou a 43º presidente na história da empresa que tem pouco mais de 70 anos. Ela é a quinta comandante nos últimos três anos.


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Um levantamento elaborado pelo banco Inter aponta que um CEO da Petrobras fica, em média, 712 dias à frente da empresa na era pós-Fernando Henrique Cardoso, que presidiu o país entre 1995 e 2002. Considerando um recorte por mandato presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva detém a maior média, com 1.132 dias. Dilma Rousseff, por sua vez, apresenta 659 dias, enquanto Michel Temer tem 474 dias e Jair Bolsonaro, com 420 dias.

Magda assumiu o lugar de Jean Prates, que deixou o cargo após uma briga com o presidente Lula sobre o pagamento ou não de dividendos extraordinários. Com a troca, a expectativa era de que a executiva pudesse tomar alguma decisão que impactaria as ações tanto para o bem quanto para o mal.

No entanto, nesse um mês à frente da Petrobras, a CEO não tomou nenhuma ação que fosse capaz de mexer nos papéis. Na avaliação de especialistas consultados pela Capital Aberto, é normal que Magda não tenha tomado qualquer decisão relevante, já que ainda está esquentando a cadeira de presidente.

“Foi um mês de muita volatilidade para as ações da Petrobras, mas como ela vai ser tocada a partir de agora vai impactar muito. Qualquer fala que é feita pela Magda, ou até pelo Alexandre Silveira [ministro de Minas e Energia], pode mudar as expectativas do que vai ser daqui para frente”, explica o analista da Guide Investimentos, Mateus Haag.   

Entre 20 de maio e 28 de junho, o papel ordinário da Petrobras apresenta uma alta de 7,91%, para R$ 40,38, enquanto a ação preferencial, que tem a maior liquidez, registra uma elevação de 6,31%, a R$ 38,05, de acordo com a Elos Ayta Consultoria. Já o Ibovespa, que serve como referência, já que as ações da estatal representam boa parte do volume do principal índice da B3, tem uma baixa de 0,66% no período.

Petrobras, Magda Chambriard completa primeiro mês na Petrobras sem ruídos ou decisões importantes; ações se valorizam, Capital Aberto

Para o analista de petróleo da Genial Investimentos, Vitor Sousa, ainda é cedo para estimar qualquer coisa porque o discurso de posse de Magda era razoavelmente previsível, até porque não faria nenhum sentido radicalizar. “Paira ainda a incerteza em relação ao plano de investimentos da empresa e sua possível execução. Infelizmente, só vamos saber se o risco vai de fato se materializar no anúncio do planejamento estratégico da empresa”.

O bem e o mal

De forma geral, os especialistas explicam que o mercado é muito sensível a qualquer tipo de mudança que a Petrobras possa eventualmente fazer sobre o preço dos combustíveis, estatuto, investimentos em refinarias ou uma mudança muito drástica no planejamento estratégico. Por outro lado, a troca na diretoria já era esperada, uma vez que a Magda, assim como qualquer outro executivo, tende a trabalhar com pessoas de confiança.

“Uma alteração (diretoria) que aconteceu, mas que não foi relevante e era esperada. É normal que ela queira ter pessoas da sua confiança, não pessoas que foram indicadas pelo Jean Prates”, comenta Haag.

Na semana passada, a CEO da estatal anunciou a troca de três diretores. Entre as mudanças, Renata Baruzzi será a nova diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação, enquanto Sylvia dos Anjos vai assumir a diretoria de Exploração e Produção, e Fernando Melgarejo será o novo diretor Financeiro e de Relações com Investidores.

No caso dos investimentos  em refinarias, que tem colocado uma pulga atrás da orelha dos analistas, Haag lembra que pode ser um problema se a Petrobras destinar mais do que estava previsto. Segundo ele, isso seria muito ruim porque iria mostrar para o mercado que a empresa não está mais seguindo o seu plano estratégico. “Eu acho isso (investir mais) improvável. A Magda já disse que vai seguir (plano) até a final do ano.”

Entre 2024-2028, a Petrobras pretende investir US$ 102 bilhões, sendo US$ 91 bilhões em projetos de implantação e US$ 11 bilhões em projetos em avaliação. Do total, a maior parcela do investimento previsto no plano estratégico será direcionada para projetos de exploração e produção, no valor de US$ 73 bilhões.

Na avaliação do analista da Levante Inside Corp João Abdouni que chama a atenção foi a fala da executiva de que pretende desenvolver uma operação de fertilizantes, cancelando o contrato que a Petrobras tem a Unigel, que era polêmico, inclusive. “Mas isso não deve ter grandes impactos no fluxo de caixa livre porque a empresa é muito grande e a operação de fertilizantes iniciaria pequena.”

Do lado bom, a CEO da Petrobras disse que o pagamento de dividendo vai levar em consideração 45% do fluxo de caixa livre, de acordo com Abdouni.

Por conta de iniciativas não tão relevantes assim, pelo menos, por enquanto, as ações da Petrobras estão voltando para uma tendência de alta. “Eu observo as ações como baratas, imagino que o mercado espere algum dividendo extraordinário. Neste sentido, podemos ter 15% de DY [dividend yield]”, analisa o analista da Levante Inside Corp.

Petrobras, Magda Chambriard completa primeiro mês na Petrobras sem ruídos ou decisões importantes; ações se valorizam, Capital Aberto

O primeiro ato

No dia 6 de junho, pouco mais de 10 dias à frente do cargo, a Petrobras anunciou a retomada das atividades operacionais da fábrica de fertilizantes da Araucária Nitrogenados (Ansa), que a empresa havia hibernado em 2020. A operação está prevista para ser reiniciada no segundo semestre de 2025.

Em relatório, o Itaú BBA disse que Ansa tem registrado perdas consistentemente desde sua aquisição em 2013. “A perda esperada para as operações da Ansa em 2020, quando a Petrobras decidiu hibernar, era superior a R$ 400 milhões”, diz trecho do documento. “A aprovação para reativar a planta é consistente com o reposicionamento da empresa no segmento de fertilizantes, conforme anunciado no plano estratégico 2024-2028”.


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