Pesquisar
Close this search box.
Longe do efeito manada
Bruno Pereira, analista de investimentos UBS.

 

ed37_p058-059_pag_1_img_001Há algumas características que se evidenciam na carreira de Bruno Pereira, o analista de investimentos do UBS considerado o sell side revelação na votação que deu origem a esta reportagem especial. A mais óbvia é que se trata de um prodígio. Em tão pouco tempo — ele tem apenas 31 anos —, tornou-se um dos mais respeitados analistas do setor de bancos do Brasil e da América Latina.

Para quem o conhece, a receita que justifica essa competência não é segredo. Bruno Pereira não brinca em serviço. Na obrigação de se manter atualizado, dedica suas 12 horas diárias de trabalho a pesquisas e mais pesquisas sobre o setor de bancos, que cobre desde o início de sua carreira. Balanços, possibilidade de fusões, medidas do governo, cenários internacionais, crises de todos os gêneros, nada pode passar despercebido. E, se em algum momento, ele se cansa de cobrir sempre essa área, é hora de ler um pouco mais para voltar a se animar. “Simplesmente, gosto do que faço”, relata.

Apesar de um sorriso que revela parte de sua meninice, Pereira é muito sério ao falar da profissão. Difícil ver o analista disparar alguma brincadeira quando conta sua trajetória para chegar até aqui. No colegial, já sabia que queria fazer algo a exemplo de seu pai, formado em administração de empresas. Escolheu, para a graduação, a mesma área e entrou para a Universidade Federal Fluminense. O primeiro emprego, em 1994, praticamente definiu o rumo que sua carreira tomaria depois. Foi na Ernst Young, seu estágio de segundo ano da faculdade, que os balanços de bancos passaram, pela primeira vez, nas suas mãos. “Era o ramo com que mais me identificava”, conta.

Quando se formou, em 1997, já acumulava predicados suficientes para chamar a atenção de Rodrigo Fiães, então chefe de pesquisa do banco Icatu, que o contratou. Por ter muitas atribuições, Fiães não conseguia cobrir sozinho o mercado de bancos e passou parte do trabalho para o recém-contratado. Mas apenas parte. Talvez os 23 anos de Bruno despertassem alguma dúvida quanto ao preparo para assinar sozinho um relatório. Mas isso foi só no começo. Passados seis meses, lá estava o jovem recém-formado dando conta de das instituições financeiras sem ajuda do chefe. “A equipe era eu”, brinca.

E como tinha trabalho naquele final dos anos 90. Pereira pegou toda a fase de reestruturação do setor. Só em 1998, foram mais de vinte operações no Brasil de fusões ou aquisições entre instituições financeiras de variados portes. Das mais famosas, cita a compra do Bamerindus pelo HSBC, do Banco Noroeste pelo Santander, do Nacional pelo Unibanco, do Econômico pelo Excel, do Real pelo ABN, do Banerj pelo Itaú, do BCN pelo Bradesco — fora o que já se falava sobre a privatização do Banespa.

“Quando todos começam a dizer a mesma coisa, é hora de manter firme a sua avaliação, por mais diferente que ela seja”
“Errar todo mundo erra. O importante é ter mais acertos do que erros na hora de fazer a contagem final”

Outro desafio para o estreante Bruno estava no fato de ter de dominar um universo completamente novo: o dos relatórios de recomendação de investimento. Sabendo disso, o chefe reservou vários modelos de análises para ele estudar. Quando? Sim, nos finais de semana. Nessa época, namorava com Larissa, com quem se casaria dois anos depois. Mas a escassez do tempo nunca foi motivo de briga. Sua companheira também trabalhava na área de finanças e entendia bem essa louca rotina. “A agenda era apertada, mas a gente conseguia administrar.”

Em 1999, Pereira soube que precisaria se mudar para São Paulo. O Icatu tinha vendido parte de seus negócios — entre eles, a corretora onde trabalhava — para o banco BVA. A estadia na capital paulista, contudo, demorou apenas oito meses. Foi o tempo de o UBS procurá-lo por conta de uma vaga de analista, desta vez, no Rio. Pereira não teve dúvidas quanto à oferta. Levantou acampamento e voltou para a capital fluminense para cobrir o setor de bancos em janeiro de 2000.

No UBS há seis anos, vem se destacando por sua habilidade em transformar um punhado de números e informações em recomendações certeiras. “O importante é ter mais acertos do que erros”, afirma. Pereira define o trabalho do sell side como um exercício diário de racionalidade. Tal qualidade é indispensável, sobretudo nos momentos de crise. “Às vezes o banco até está ganhando numa turbulência econômica pela desvalorização da moeda, por exemplo. Mas a cotação de seus papéis não reflete isso”, pondera.

O que fazer? O certo, para ele, é elaborar um relatório completo mostrando, para cada cenário possível, seu impacto no papel. “Os clientes esperam isso. Alguns deles preferem trabalhar com uma hipótese mais desastrosa, outros, acreditam numa solução menos complicada”, diz. “Além disso, é fundamental apontar qual dos cenários colocados você acredita ser o mais razoável.” Pereira acredita que o bom profissional é aquele que sobrevive às tentações de cair no chamado “efeito manada”, isto é, quando todos começam a dizer a mesma coisa. É nesta hora, segundo ele, que o analista precisa manter firme a sua avaliação, por mais que seja contrária às demais. O futuro acaba dizendo quem tem razão.


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.


Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.


Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais


Ja é assinante? Clique aqui

mais
conteúdos

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.