O debate sobre os relatórios integrados — concebidos para unir o desempenho econômico financeiro das companhias a suas atividades nas áreas social, ambiental e de governança — vem ganhando cada vez mais espaço, inclusive no Brasil, e trazendo questões desafiadoras ao mundo dos negócios. O programa-piloto, lançado em outubro de 2011 pelo International Integrated Reporting Committee (IIRC), está a todo vapor e já conta com mais de 80 empresas de todo o mundo, dentre elas companhias brasileiras como BNDES, Natura e AES Brasil.
Dos muitos temas quentes surgidos nas discussões sobre os relatórios integrados, questões voltadas a um mundo sustentável se destacaram pelo grande potencial de promover mudanças além do campo das demonstrações financeiras. Como a sustentabilidade será mensurada? Quanto valor uma empresa ganha utilizando matérias-primas renováveis em vez de empregar recursos que causam mais impactos ambientais? Como essa vantagem competitiva se traduz em valores, inclusive em processos de fusões e aquisições? “Fazer da sustentabilidade um fator concreto, tangível e com potencial de alavancar o valor de uma empresa ante uma transação será um dos grandes legados da discussão sobre os relatórios integrados”, diz Luiz Carlos Passetti, sócio da Ernst & Young Terco, que acompanha o tema de perto.
“A sociedade tem exigido das empresas que prestem contas de forma objetiva, clara e inequívoca.”
Há dois fatores que aumentam a importância dos debates sobre os relatórios integrados. Primeiro, trata-se de um anseio coletivo, e não de uma norma moldada para suprir necessidades de um determinado setor ou stakeholder. A sociedade tem exigido das empresas que prestem contas, de forma objetiva, clara e inequívoca, da interação de seus negócios com o meio ambiente, as comunidades que as cercam e a sociedade em geral. Cada vez mais, clientes, consumidores, investidores, fornecedores, funcionários e parceiros comerciais querem saber exatamente quanto essa interação é positiva ou negativa antes de tomar decisões.
O segundo fator é a natureza inovadora desses relatórios. Mais uma vez, diferentemente de uma norma estabelecida de modo unilateral, o modelo dos relatórios integrados evolui em meio a debates e trocas de experiências, erros e acertos entre especialistas, instituições e empresas do mundo todo, num processo de criação coletiva. “Ainda não sabemos como o relatório será”, afirma Passetti. “Mas já podemos prever que, certamente, ele causará uma revolução muito positiva nos processos e na forma de se apresentar ao mercado das empresas que toparem enfrentar o desafio de implantá-lo.”
Uma das melhorias e inovações que os relatórios devem fomentar dentro das empresas é a conexão das áreas de contabilidade e finanças com aquelas relacionadas a sustentabilidade. Será preciso fazer com que as informações possam fluir entre esses departamentos para elaborar um relatório integrado. “Destravar o fluxo dessas informações é extremamente benéfico”, observa Passetti. “Além de incrementar processos e a troca de informações, a implantação dos relatórios integrados permitirá às empresas compreender melhor os riscos inerentes aos seus negócios, o que as ajudará a mitigá-los com mais eficiência.”
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