Primeira companhia aberta brasileira a adotar uma diretoria exclusivamente dedicada à governança corporativa, a Brasil Telecom conta com um importante aliado no processo de construção do novo modelo de gestão. Chamado de Canal Aberto, funciona como um disque-denúncia e é operado por uma empresa terceirizada, especializada em gestão de riscos. Os funcionários (da matriz e regionais) podem enviar suas denúncias por carta, e-mail ou telefone, sem a necessidade de se identificar. As ocorrências são triadas e investigadas pela terceirizada, que só então encaminha as denúncias para os departamentos competentes.

Casos de contratação de parentes são submetidos ao departamento de recursos humanos; os de desvio de material à auditoria interna, e assim por diante. Desde que foi implantado, em novembro de 2005, o canal já recebeu 387 cartas, 30% delas contendo a identidade de seus autores. O presidente da companhia, Ricardo Knoepfelmacher, contata por telefone cada um deles, para falar das providências que estão sendo tomadas.

A iniciativa estimula a participação dos funcionários e é uma maneira de driblar as questões culturais que emperram o bom funcionamento das linhas de disque- denúncia, instituídas em cumprimento aos requisitos da lei norte-americana Sarbanes-Oxley e aplicáveis às companhias com ações negociadas nos Estados Unidos. Uma boa medida da apreensão que os brasileiros têm em relatar irregularidades por meio de canais oficiais consta das estatísticas da própria Brasil Telecom: além de 70% das denúncias serem anônimas, a maior parte das chamadas telefônicas para a central ocorre durante a noite, quando o autor pode gravar seu recado, sem precisar interagir com o atendente.

Segundo Fabio Moser, diretor de governança, o objetivo de seu departamento é construir um sistema que funcione de maneira independente do controle acionário, orientado pelas melhores práticas de mercado e que conte com instrumentos de controle eficientes.