Criada em 2007, inicialmente para gerir carteiras de ações, a Perfin Investimentos se transformou em uma casa especialista em grandes projetos de infraestrutura. Há oito anos fez seus primeiros aportes no segmento. Desde 2020, passou a atuar com um fundo de participações (FIP) com investimentos diversificados em projetos de energia, rodovias e saneamento. Após o fundo concluir o período de formação de portfólio no final do ano passado, a Perfin colocou na praça outro fundo com objetivo de levantar R$ 2 bilhões para projetos de infra no mercado local e mais R$ 3 bilhões no exterior. “A ideia é montar o portfólio do fundo em até cinco anos com ativos de saneamento, rodovias, energia e logística”, comenta Marcela Brito, da área de Relações com os Investidores (RI) da Perfin.
Com quase R$ 10 bilhões investidos em infraestrutura, além de R$ 19 bilhões geridos pelo braço de Wealth Management, a Perfin tem parcerias importantes para operar ativos em conjunto com players como Aegea e Corsan, em saneamento, Equipav, em rodovias, e Alupar para os ativos de energia. Em entrevista à Capital Aberto, Marcela Brito fala sobre os planos de investimentos do novo fundo e a filosofia da Perfin para a escolha dos ativos.
Vocês estão com um fundo novo na praça, captando recursos. Qual a estratégia para o produto?
Neste fundo, teremos um período de cinco anos para montar o portfólio, mas na nossa experiência é que o objetivo pode ser alcançado antes. É um fundo que vai investir em rodovias, saneamento, energia e logística, portos, por exemplo, e ativos ligados ao agronegócio. Será nossa estreia em logística, um setor que estudamos há bastante tempo.
Você citou o agronegócio. Quais ativos de infraestrutura ligados ao setor interessam?
O de silos, para armazenamento da produção, é interessante. De certo modo, tem bastante sinergia com o nosso business de rodovias, na medida em que em algumas das nossas estradas estão em regiões que são rotas de escoamento de produção agrícola. O lote que vencemos no Paraná é um exemplo ao conectar o interior ao porto de Paranaguá.
Como está a captação deste fundo?
Para este fundo, buscamos levantar R$ 2 bilhões. A gente tem duas estruturas, uma dedicada para pessoas físicas e uma outra dedicada para investidores institucionais. Temos conversas no exterior, ainda no começo, mas que caminham bem. A ideia é aumentar este cheque em mais R$ 3 bilhões de investidores internacionais.
Quem são hoje os principais investidores dos fundos da Perfin?
Hoje, a maior parte dos nossos investidores é multi-family offices. Mais recentemente, começamos parcerias interessantes com private banks. São casas que começam a distribuir o produto para seus ultra-high clientes. E não é via plataforma porque o produto não é específico para um cliente de varejo. O fato de ser um produto alternativo, que não tem uma janela de saída tão clara, torna o fundo mais sofisticado.
Como ocorre o processo de seleção dos ativos e de atuação do fundo no dia a dia das companhias?
Em termos de participação, governança, nós não costumamos colocar alguém da gestora em cargos de direção nas companhias investidas. Nossa opção, e tem funcionado bem, é reconhecer que se a equipe da investida está trabalhando bem, não tem por que mudar. O Ralph (Ralph Rosenberg, sócio da Perfin) sempre fala que se um time de futebol que está jogando bem e você troca as peças, mesmo colocando estrelas, mas que nunca jogaram junto, a probabilidade de dar errado é grande.
Como vocês acompanham as decisões estratégias das companhias investidas?
Na maioria das vezes, a gente atua em parceria com um sócio estratégico daquele setor, como em transmissão a Alupar, que entende do negócio. Além disso, atuamos no nível dos conselhos de administração e dos comitês que se reúnem com alguma periodicidade. É uma atuação no nível estratégico, de política da companhia e não de gestão.
Inicialmente a Perfin fazia investimentos específicos nos projetos. Quando começou a estratégia de fundos diversificados em infra?
Entre 2016 a 2020, a cada oportunidade que surgia, a gente estruturava um fundo específico. Neste período, foram vários fundos, com ativos de transmissão de energia, geração, incluindo a parceria com a Casa dos Ventos em eólica. Também construímos um fundo dedicado à geração solar, em parceria com a Solatio. A partir de 2020, já com o track record bem estruturado, a gente lançou o nosso primeiro fundo diversificado, que poderia investir em todas as verticais de infraestrutura sem uma restrição específica.
Em termos de alocação de ativos, como foram investidos os recursos deste fundo?
O fundo teve ativos de energia e capturou oportunidades em rodovias. Hoje, temos quatro rodovias sob concessão, que somam mais de 2 mil quilômetros de estradas, três no estado de Minas Gerais. E a mais recente das estradas, que é a maior de todas, é o Lote 2 de rodovias do Paraná que ganhamos a concessão. Por último, temos uma outra vertical de infraestrutura, que é saneamento, em que a gente estruturou uma parceria com a Aegea, que é o maior player privado do setor, em que adquirimos Corsan no processo de privatização. Temos um fundo mãe, que é esse fundo diversificado, e, vendo a necessidade de cheques adicionais, a gente faz fundos de co-investimento. Por exemplo, para a oportunidade de Corsan tivemos três fundos na Perfin. Um fundo mãe e mais dois de co-investimento.
Qual o estágio de maturidade dos fundos?
No final do ano passado, esse primeiro fundo mãe completou o seu período de formação de portfólio. No geral, os nossos fundos têm um período completo de investimento e desinvestimento entre 10 e 12 anos. Para esse fundo mãe, criado no fim de 2020, foram três anos para formar portfólio.
Você citou saneamento e rodovias, como importantes na estratégia de alocação de recursos. Quais ativos estão no horizonte do fundo?
Para saneamento, tem muita coisa, estamos bem estruturado com essa parceria com a Aegea, para oportunidades na região Sul, via PPPs. Claro que o mercado todo fica de olho na Sabesp, como ela irá ao mercado e se faz sentido para os investidores. Tem muita discussão sobre Copasa e olhamos as oportunidades. Já sobre rodovias tem um pipeline enorme de oportunidades via leilões que o governo federal quer colocar na praça. A gente já ouviu algo em torno de 14 concessões no próximo ano, ou seja, mais de uma por mês. Até debatemos se o governo tem capacidade de colocar todos os projetos na rua. Tem muita oportunidade.
Na alocação dos recursos vocês são agnósticos ou, em especial para o fundo em captação, há definição de percentuais por setor?
Nesse fundo específico, a gente foi bastante cuidadoso para garantir a diversificação dos investimentos e colocar no regulamento que nenhuma empresa pode representar mais de 40% do capital comprometido e nenhum setor pode representar mais que 60% do capital comprometido. É como se a gente esperasse algo em torno de 15% a 20% de participação de cada setor no portfólio. Neste fundo, pretendemos fechar a primeira fase de captação em abril.
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