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“Queremos ter um braço no exterior que sirva para o CRA, que já ofertamos via parceiros, e para bonds”
Opea, “Queremos ter um braço no exterior que sirva para o CRA, que já ofertamos via parceiros, e para bonds”, Capital Aberto

Legenda – Flávia Palacios, CEO da Opea

A busca por independência e o desejo de investir em tecnologia, para ganhar fôlego e avançar no mercado de crédito pulverizado, foram os motivadores para a criação da Opea. Após um spin off da área de securitização da RB Capital em 2021, a Opea começou a atuar já com uma operação importante no mercado imobiliário (CRI), avançou a estruturação de CRAs (agronegócio), de debêntures, criou uma gestora de FIDCs, e uma área de serviços de crédito para os produtos da casa para atender terceiros. A tese da ampliação do leque de produtos e serviços, da independência e do apoio tecnológico, defendida pela CEO, Flávia Palacios, também egressa da RB Capital, se provou acertada.

A Opea acaba de reforçar sua posição de líder em securitização, após a compra da concorrente e vice-líder, a True Securitizadora. “Além do volume de operações da True, a expertise e a capacidade analítica dos profissionais da empresa nos ajudarão a crescer”, comenta a CEO. Nos planos, a experiência de venda de CRAs ao investidor internacional deve se transformar em um braço no exterior para estruturar localmente o produto e para a oferta dos novos bonds, regulamentados pela lei das debêntures de infraestrutura. Em entrevista à Capital Aberto, Flávia Palácios relembra o caminho percorrido pela Opea até aqui e conta planos de montar uma operação no exterior, onde já atua por meio de parceiros.

Opea, “Queremos ter um braço no exterior que sirva para o CRA, que já ofertamos via parceiros, e para bonds”, Capital Aberto

Quando houve a cisão da área de securitização da RB Capital, e na sequência a entrada do sócio, a Jaguar, vocês já tinham traçado uma meta de onde a Opea queria estar?

Desde o início, estávamos partindo de uma securitizadora, mas entendíamos que o caminho era uma plataforma mais completa de produtos e serviços. Securitização é um mecanismo de prover crédito, via mercado de capitais, e não apenas produtos de securitização como o CRI e o CRA porque entendo que existem outros mecanismos que promovem, de alguma forma, estruturas de securitização e que carecem, hoje, de prestadores de serviços dedicados ao mercado. Era esta a proposta desde o início, sustentada em investimento em tecnologia e independência de atuação.

Opea, “Queremos ter um braço no exterior que sirva para o CRA, que já ofertamos via parceiros, e para bonds”, Capital Aberto

Como foram incorporados ao tempo as novas verticais de atuação da Opea?

No setor imobiliário, com o CRI, sempre fomos muito fortes, depois começamos com o CRA e na sequência FIDC. Mas no início era um CRA da Faria Lima, corporativo, com estruturas mais simples e voltado para grandes empresas do setor. No primeiro trimestre de 2022, compramos a parte de securitização e agro da Planeta (ex-Gaia) como principal pilar para uma expansão no setor. Isto nos permitiu atuar da porteira para dentro, sair do CRA Faria Lima. Por fim, no final de 2022, montamos a gestora para atuar com FIDC e lançamos os primeiros fundos no ano passado. Daqui em diante, se a gente quiser expandir um pouco, talvez olhe para o crédito estruturado, que já fazemos na forma de debêntures. Se você olhar a estrutura, é uma securitização também. Além destas verticais, montamos uma área de serviços de crédito, inicialmente para atender os nossos veículos de securitização, com cobrança, gestão de crédito, agente de garantia e monitoramento. Hoje, atendemos alguns clientes que demandam o agente de cobrança.

Opea, “Queremos ter um braço no exterior que sirva para o CRA, que já ofertamos via parceiros, e para bonds”, Capital Aberto

No universo que vocês atuam, falta algo? O que vem pela frente?

Talvez serviços que ainda não são tão demandados. Na medida que o mercado vai se desenvolvendo, a gente entende que vai surgir a demanda por novos serviços e vamos estar preparados para provê-los. Eu estou desenvolvendo a nossa plataforma, olhando para o que eu acredito que o mercado vai ser daqui a três, cinco anos. Se eu olhar no retrovisor, eu diria que a gente já tem um combo que atende bem. Eu tenho parceiros que prestam serviços e que são importantes na minha cadeia, e serviços esses, como agente fiduciário e administrador do fundo, que não estão no nosso radar porque para o mercado essa independência é importante.

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Me dá um exemplo de serviços que, na sua visão, o mercado irá demandar?

Eu vou te dar um exemplo que na verdade é mais realidade. Por muito tempo, em 90% das operações de securitização a gente compra um lote de créditos, analisa essa carteira, modela uma operação e compra essa operação. A gente começa a ver um crescimento grande das operações que são originadas de forma automática. Você consegue, real time, analisar o que está sendo gerado, ver se atende os critérios de elegibilidade, precificar, comprar e fazer essa carteira ser dinâmica. No mundo de CR é novo, mas a gente está começando a ter. Nessa linha, a gente tem uma série de produtos, alguns já rodando, outros em desenvolvimento, para atender esse perfil de operação.

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A CVM, com a 175, deu mais responsabilidade aos gestores e prazos para adaptação. Como caminham as mudanças na Opea?

A nossa gestora já nasceu de certa forma à luz da 175. Mesmo ela tendo nascido um pouquinho antes da norma entrar em vigor, as discussões já estavam acontecendo. A gente montou a Opea com esse viés. Eu sei que tem muita gestora com uma trabalheira grande de adequação. A gente tem formalmente uma adequação para fazer, de regulamento, mas não tem adequações conceituais ou de premissa, porque a nossa gestora já nasceu à luz desse modelo.

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A CVM 175 abriu a possibilidade de oferta de FIDC, sob certas condições, para o varejo. A Opea tem planos de seguir por este caminho?

Como a gente está na ponta do serviço, eu diria que a gente está aberto porque eu não tenho nenhuma restrição a ter FIDC de varejo. Mas eu não faço distribuição para varejo. O dia em que a gente fizer o FIDC para varejo, certamente, algum cliente nosso vai liderar a estruturação e a distribuição. A abertura do mercado de varejo para o FIDC vai ser um passo interessante para o desenvolvimento do mercado. Como não faço distribuição, dependo de os clientes demandarem e ainda não tem. Existe um caminho para os produtos estruturados chegarem no nível de fácil compreensão pelo varejo. A própria 175 já trava algumas condições dentro do fundo. A opção das casas por esperar um pouco antes de oferecer o produto ao varejo acho que é por conta da questão educacional e, eventualmente, achar o produto correto. Considero interessante a CVM ter aberto o caminho para o FIDC de varejo e gosto do fato do mercado estar cauteloso. É um bom sinal.

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Nós tivemos este ano mudanças no lastro para emissões de CRI e CRA. Houve impacto na operação da Opea?

Foi claramente uma medida restritiva, um olhar do governo incomodado pelo perfil das instituições que estavam se utilizando de instrumentos para captação. No ano passado, a gente viu um volume muito grande de operações de grandes bancos captando via CRI e CRA, isso não tem mais. Grandes empresas fora do setor imobiliário e agro, também captando via CRI e CRA, que não podem mais. Por outro lado, surgiram estatísticas dizendo que as emissões caíram muito, mas isto não ocorreu. Um dos motivos é que algumas das restrições eram ligadas à estrutura das transações, que a gente define de acordo com as premissas que a gente tem. Um exemplo claro é a proibição de CRI e CRA para reembolso. O que a gente fez foi ajustar essa estrutura para que não tenha que se falar mais em reembolso e que eu possa falar de futuros investimentos. Então, essas operações continuam acontecendo.

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Outra mudança deste ano foi a regulamentação das debêntures de infraestrutura, que aguardam portarias ministeriais para saírem do papel. Qual sua visão sobre o novo papel?

A gente já viu esse filme antes. Na lei das debêntures incentivadas também demoraram a sair as portarias. Eu lembro que, na época, a gente foi a primeira empresa a fazer uma operação para o setor portuário e o ministério demorou a soltar a portaria. Claro que isto trava operações. A gente tem clientes na expectativa da manifestação dos ministérios para colocarem papéis na rua. A Opea, como uma plataforma, hoje já tem prestado serviços para essas debêntures mais estruturadas, essas debêntures que elas não são, na essência, a securitização, mas talvez algumas delas sejam. É um setor que a gente também entende como parte desse grande sistema de crédito estruturado.

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Como é a distribuição dos produtos na plataforma em termos de novos negócios e geração de receita?

Hoje, temos o CRI representando o maior volume de negócios, seguido de CRA, depois FIDC, CR e debênture. A gente tem visto o mercado do que chamamos multissetores, além do agro e imobiliário, com um crescimento muito grande. Desde operações pequenas ligadas ao mundo de startups e fintechs, por exemplo, a operações de crédito de veículo, consignado, consumo. Outros setores têm buscado o mercado de securitização como alternativa e não só via FIDC, muitas vezes via CR ou debênture. Muitas vezes, dependendo da estrutura da operação, ela sai mais barata, é mais eficiente se feita no formato de debênture. Eu não vislumbro nenhuma redução do imobiliário ou do agro, mas um crescimento de outros setores ganhando participação relativa. Quando eu olho para o CRI e o CRA, eu enxergo, inclusive, um espaço para crescer olhando para o público de investidores estrangeiros, que é algo que a gente tem apostado. A gente tem algo entre 50% e 60% da receita vinda da securitizadora. E o restante dos demais serviços.

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Como tem sido a oferta ao investidor estrangeiro para os papéis securitizados pela Opea? A lei das debêntures de infraestrutura autorizou a emissão de bonds no exterior, pretendem atuar?

Quando a gente fala em atrair investidores estrangeiros para o mercado de capitais local, eu enxergo no CRI e no CRA um grande potencial de atratividade. São produtos com muito espaço para crescer atraindo investidores. A gente já oferta no exterior o CRA. Estamos indo para a quinta operação de CRA voltada para investidores internacionais. Também fizemos as primeiras operações com emissões locais liquidadas em bolsas lá fora. Estamos estudando a possibilidade de fazer emissões diretas no exterior. Eu posso fazer uma emissão de bonds, fazer um título lastreado no próprio CRA que eu emito aqui ou numa debênture lá fora. Nesse primeiro momento, a gente está com parceiros fazendo as operações. Tem empresas de serviço que criam uma estrutura, um veículo de propósito específico lá fora, compram um título emitido aqui, empacotam e emitem outro empacotado para ter um bond no exterior, porém lastreado aqui.

Opea, “Queremos ter um braço no exterior que sirva para o CRA, que já ofertamos via parceiros, e para bonds”, Capital Aberto

Em um segundo movimento, vocês consideram ter um braço para a emissão direta do bond no exterior?

A gente considera abrir alguma estrutura no exterior para ofertar papéis como CRA, que já distribuímos via parceiros, ou bonds. A gente começou pelo CRA porque estava dentro de casa. A gente está analisando para esse ano ainda. Nos dois últimos anos, a gente ganhou o Green Bond of the Year com o CRA que a gente estruturou, em dólar, e liquidamos na Bolsa de Viena. Esse ano a gente estuda alternativas para dar mais um passo adiante e fazer a emissão lá fora. Quando a gente olha para os investidores europeus, por exemplo, até por uma questão regulatória, tem uma demanda muito grande em CRA, do agronegócio brasileiro. Queremos ter um braço no exterior que sirva para o CRA, que já ofertamos via parceiros, e para o bonds também.  

Opea, “Queremos ter um braço no exterior que sirva para o CRA, que já ofertamos via parceiros, e para bonds”, Capital Aberto

Vocês adquiriram recentemente a True, vice-líder em securitização, atrás da Opea. Além de se consolidar como líder, quais outros benefícios o negócio trará para a operação?

A gente comprou a True, que é de fato uma securitizadora grande, antiga do mercado e que reforça esse posicionamento e essa liderança na securitização. Ela complementa nosso time. A gente tem formado profissionais, em um mercado muito específico, mas a chegada da True com todo o conhecimento da equipe, experiência e capacidade analítica será muito valiosa. Tem uma consolidação de liderança, mas existe também uma visão de somar times.

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Foram muitas as mudanças regulatórias dos últimos anos que afetam o universo da securitização. O arcabouço regulatório está completo, na sua visão?

Não é que a gente tem um arcabouço pronto para os próximos 30 anos, certamente a gente vai precisar de ajuste, mas evoluiu muito nos últimos dois, três anos a regulação. Agora o mercado precisa andar um pouquinho e a CVM está muito atenta não apenas para regular e fiscalizar, mas inclusive com o olhar de desenvolvimento. Por exemplo, além da atualização das normas de Fiagro, a CVM prometeu avançar no debate da tokenização, que tem uma relação muito forte com o mercado de securitização. Hoje, a CVM utiliza a resolução 88, que é a do crowdfunding, mas eles já disseram que vão trazer uma norma nova.


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