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Em meio à “crise do agro”, empresas de proteína animal têm bons resultados no 1º tri
JBS e BRF reverteram prejuízos na comparação anual, enquanto Minerva registra prejuízo impactada por um câmbio mais alto; mercado aguarda os resultados da Marfrig nesta quarta-feira
JBS, Em meio à “crise do agro”, empresas de proteína animal têm bons resultados no 1º tri, Capital Aberto

Em meio à uma “crise do agronegócio”, com quebra de safra, queda de preços e aumento dos pedidos de Recuperação Judicial, grandes empresas do setor com foco em proteína apresentam resultados parcialmente positivos no primeiro trimestre, considerando os números de BRF, JBS e Minerva, que já divulgaram seus balanços, enquanto a Marfrig deve anunciar seus números nesta quarta-feira (15), após o fechamento do mercado.

Em relatório recente, o Itaú BBA, com base nas projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre a produção e exportação de proteína animal e nos cálculos de seus analistas, mantinha uma visão construtiva sobre JBS e Minerva, enquanto permanecia neutro em relação a BRF e a Marfrig.

No primeiro trimestre do ano, as visões positivas se concretizaram, com a gigante de proteína da família Batista (JBS) revertendo o prejuízo de R$ 1,453 bilhão do mesmo período de 2023 para um lucro de R$ 1,64 bilhão em 2024. 


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“A expectativa era de recuperação nas margens de todas as operações da JBS, exceto US Beef, que deveria melhorar no segundo trimestre, mas no primeiro trimestre veio com áreas piores”, aponta Leonardo Alencar, analista de ações em Agro, Alimentos e Bebidas da XP Investimentos. “Com todas as dinâmicas positivas, a surpresa foi justamente um trimestre, até em linha, mas que mostrou uma força maior do que o esperado, uma sinalização mais positiva.”

Alencar cita ainda que durante a teleconferência de resultados a JBS não deu o guidance, mas citou que enxerga a alavancagem caindo para 2,5x no quarto trimestre deste ano. “A alavancagem neste primeiro trimestre fechou em 3,7x. Chegaram a falar que talvez caia para 3x no segundo trimestre, indo para 2,5x no quarto trimestre”, diz o analista. “Para chegar nessa alavancagem, o Ebitda do ano deve ser maior do que estamos esperando, talvez uns 20% maior, então nessa linha para o final do ano, ficou embutida uma possibilidade de revisões positivas dos números do mercado para poder ajustar a essa expectativa.”

A BRF, que tem 50,06% de suas ações sob posse da Marfrig, apresentou um desempenho também positivo, com lucro líquido de R$ 594 milhões no período, revertendo o prejuízo de R$ 1,024 bilhão do mesmo intervalo do ano anterior. Embora o momento da empresa seja de “de arrumar a casa”, diferente das demais do segmento, o mercado vê com bons olhos os resultados.

“Quando vamos para BRF, o grande destaque foi uma melhoria na alavancagem, acho que nunca nos últimos 10 anos alcançou 1,4x. Há um ano, isso era de 3,35x, muito mais próximo a múltiplos do setor, com dívida líquida caindo 41%. (Isso) é tudo que acionista gringo, local, todo mundo quer, geração de caixa livre, possibilidade de aumento de dividendo. A margem foi algo excepcional, em 15%, margem Brasil, margem Ebitda de 16%. Foram fatores muito importantes, com benefício de alguns eventos macro, como a questão de Ramadã, tensão de Oriente Médio e estoque de frango”, diz Enrico Cozzolino sócio e head de análise da Levante Investimentos

Alencar, da XP, aponta que a dúvida que ficou no mercado é sobre o quanto da melhora da margem internacional da BRF é recorrente, ou se é um evento pontual. “Continuando esse cenário favorável de exportação da BRF e ajustando as expectativas para o ano em cima de uma exportação internacional com margens melhores do que o previsto, tem espaço para o mercado ficar animado”.

Na visão dele, a surpresa foi que o mercado esperava um Ebitda na casa de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre e veio R$ 2,1 bilhões. “O que se esperava para o ano de 2024 era um Ebitda na casa de R$ 7 bilhões, ou um pouquinho mais, agora se fala na possibilidade de entregarem R$ 8 bilhões”, conta o analista da XP, que considera a empresa “top pick” no setor, diante de uma reconstrução de valor.

JBS, Em meio à “crise do agro”, empresas de proteína animal têm bons resultados no 1º tri, Capital Aberto

Na Minerva, por sua vez, de acordo com o relatório do Itaú BBA, o foco para o ano é a aquisição de 16 unidades da Marfrig por R$ 7,5 bilhões, que deve demorar devido à complexidade atribuída pelo órgão antitruste, além das discussões sobre as possíveis soluções a serem adotadas no mercado uruguaio, onde a companhia deve ficar responsável por cerca de 50% do abate nacional de gado após o acordo.

No trimestre, a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 186,2 milhões ante um lucro líquido de R$ 113,9 milhões no mesmo intervalo de 2023, impactada pelo câmbio. 

O analista da XP afirma que, diante de um quarto trimestre de 2023 favorável por conta de Brasil, Argentina e Uruguai, mas com exportação um pouco mais fraca por causa da China, as expectativas eram de um primeiro trimestre de 2024 no mesmo patamar.

“Mas eles entregaram a margem um pouco abaixo do previsto. A Argentina tem atrapalhado a dinâmica por conta da questão inflacionária, que afeta muito o poder aquisitivo, mas Uruguai, Paraguai e Austrália estão performando bem, sem nenhum grande destaque. Foi um trimestre que, dentro do histórico, ainda é de margens boas”, analisa Alencar.

Apesar de apresentar um volume de produção positivo no primeiro trimestre do ano, Phil Soares, da Órama Investimentos, aponta que o endividamento elevado segue ditando o tom, com um custo maior no trimestre, de uma alta de 20%. 

Para a XP, fica a sensação de que 2024 ainda tem uma oferta confortável, ciclo pecuário positivo, resultando em abates ainda elevados. “Se o consumo doméstico se sustentar dessa maneira positiva, as exportações performarem bem, é um ano realmente desenhado para ser um ano positivo para Minerva”, afirma Alencar, ponderando que a espera pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a operação com a Marfrig deve jogar contra a performance das ações da Minerva por conta do risco embutido.

Expectativas para Marfrig

Já as expectativas para a Marfrig, que divulga os resultados no pós-mercado de hoje, são mais neutras.

“A Marfrig já foi o patinho feio por muito tempo, mas, atualmente, acho que é favorável essa expectativa do mercado, tudo mais constante é positivo, estamos vendo o reflexo disso nos preços”, explica Cozzolino.

Por outro lado, a Genial Investimentos prevê, em relatório, um trimestre fraco para a companhia em termos de margens, com a baixa oferta de gado na América do Norte pressionando significativamente os custos da divisão de negócios e, consequentemente, a rentabilidade da operação. Na América do Sul, por sua vez, o cenário continua oposto, com uma alta oferta de gado, que se reflete em preços menores da arroba do boi no Brasil.

“Apesar da melhoria operacional da BRF e do impacto positivo dos números da América do Sul nos resultados da Marfrig, estimamos que as margens da companhia devem seguir desanimadoras devido a um impacto significativo do alto custo do gado na América do Norte, que representa a fatia mais relevante da operação”, aponta trecho do relatório. Com isso, a casa espera um Ebitda de R$ 688 milhões no trimestre, uma queda de 31,1% na base anual, além de um prejuízo de R$ 773 milhões, com uma margem líquida negativa de 4,3%.


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