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Terra abalada
Considerada uma das maiores produtoras de algodão e soja do Brasil, SLC sofre com alta dos insumos e queda nos preços das commodities

, Terra abalada, Capital AbertoEm agosto do ano passado, quando o mercado de capitais estava de cara feia, a SLC desfilou pela segunda vez nos salões dos investidores. E encheu o chapéu. Captou R$ 369 milhões em uma oferta primária e secundária, pouco mais de um ano depois de seu “debut” em 2007. Na operação, o papel saiu cotado a R$ 27,50, uma valorização de 97% desde o IPO, quando a ação foi negociada a R$ 14. Às vésperas da crise, a SLC retornou ao mercado em busca de recursos para expandir, adquirir terras, investir em melhorias de solo e comprar máquinas e equipamentos.

O solo parecia fértil, mas a SLC, que cultiva soja, algodão e milho, sofreu com uma sequência de acontecimentos ruins — algo que o seu diretor de relações com investidores, Laurence Gomes, chama de combinação “nefasta”. Os preços das commodities agrícolas caíram 50%, o dólar disparou, e a safra de 2008 foi plantada com altos custos, em meio aos elevados preços dos fertilizantes. A pá de cal veio com as chuvas fortes na Região Norte, onde estão as fazendas da companhia, justamente na hora da colheita, prejudicando a produtividade das lavouras. “Foi a maior volatilidade que já tivemos, apesar de este ser um setor cíclico”, afirma.

Insensível aos fatores climáticos, o mercado castigou os papéis da SLC, jogando os preços no chão. De queridinha dos analistas, as ações da companhia de origem gaúcha desceram até R$ 13,61, menos que o preço de estreia na Bolsa. Em 25 de novembro, estavam ainda atolados nessa faixa, a R$ 13,92. Ocorre que, ao divulgar os resultados do terceiro trimestre, a empresa decepcionou. Pela primeira vez, trouxe um prejuízo em seu balanço. A perda foi de
R$ 22,1 milhões, sepultando o lucro líquido de R$ 27,7 milhões de igual período do ano anterior. A margem líquida foi negativa em 16,4%, contra 26,7% positivos do terceiro trimestre de 2008.

A receita líquida cresceu 30,1% no trimestre, em comparação com igual período do ano passado, para R$ 135,1 milhões, impulsionada, principalmente, pela expansão de terras plantadas.

Em seu relatório, a analista Debbie Bobovnikova, do JPMorgan, chamou atenção para o Ebitda negativo e, diante dos números fracos, cravou um “neutro” na recomendação para o papel. Debbie acredita, porém, que, em 2010, o cenário irá se reverter a favor da SLC. O Credit Suisse, por sua vez, ficou menos animado. Preferiu destacar a margem Ebitda negativa, considerada bastante baixa em relação aos valores projetados pelo banco tanto na comparação ano a ano, quanto em relação ao segundo trimestre de 2009. Isso se deveu, principalmente, segundo o analista Luiz Otávio Campos, aos custos do algodão.

Em sua opinião, o cenário para 2009 deve continuar negativo, em razão do preço elevado dos insumos. Por isso, no quarto trimestre, as margens da SLC tendem a permanecer baixas. Para 2010, ele também não vê grande melhoria dos preços das commodities. Ao contrário, espera maior pressão sobre as cotações, decorrente de um aumento significativo da oferta. “Assim, mantemos a nossa avaliação neutra em relação à empresa e projetamos preço-alvo de R$ 19 para o fim de 2010.”

A direção da SLC, em contrapartida, está mais otimista. Gomes elenca alguns fatores que podem contribuir para o desempenho da empresa, a única do setor listada em bolsa. Na próxima safra, que está sendo plantada agora, os custos deverão ser até 20% menores, segundo ele. Isso porque os preços dos insumos, como os fertilizantes, estão mais baixos em razão dos estoques elevados. Ele acrescenta que 2010 será um ano de “El Niño”, quando as águas do Pacífico esquentam. Traduzindo: as chuvas serão abundantes e mais curtas e não devem, portanto, acontecer na época da colheita, como ocorreu este ano.

Segundo Gomes, um contratempo climático, com chuvas indesejadas e na hora errada, estaria previsto apenas para a Região Sul do País, onde a SLC não tem fazendas. Ao mesmo tempo em que conta com a natureza do seu lado, a companhia também acredita que, em 2010, a recuperação econômica se sustentará, com melhora na demanda, apesar de os estoques estarem elevados. Das culturas que produz, a SLC já plantou 75% da próxima safra de soja, e 15% da de algodão.

Para o próximo ano, o plano é continuar os projetos de expansão, reforçados desde a oferta de ações. Em 2009, a companhia saiu às compras. Adquiriu 4,4 mil hectares de terras agricultáveis, adjacentes à Fazenda Palmares, no estado da Bahia, por R$ 20 milhões. Comprou também, por R$ 4,9 milhões, 13,6 mil hectares de reserva legal — 8 mil hectares no Mato Grosso, e 5,6 mil hectares no estado do Maranhão. A SLC Agrícola já é considerada uma das maiores proprietárias de terras do Brasil e uma das principais produtoras de algodão e soja, com mais de 200 mil hectares. Esses ativos estão avaliados em R$ 1,5 bilhão.


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