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Tão perto, tão longe
Popularidade do País no pós-crise desperta o interesse do varejo norte-americano por ADRs verde-amarelos. Mas nossas empresas ainda não parecem entusiasmadas com esse público

, Tão perto, tão longe, Capital AbertoDesde 2008, quando a crise financeira global derrubou mercados ao redor do mundo, o Brasil mostrou que a ‘marolinha’ não era somente uma figura da retórica de um carismático líder latino-americano. De lá para cá, o Brasil se mostrou capaz de driblar os efeitos da crise e voltar a crescer em grau elevado. Na corrente desse novo posicionamento do País, cresce o interesse não apenas de investidores institucionais pelo Brasil, mas também dos aplicadores de varejo. E algumas companhias brasileiras que emitiram American depositary receipts (ADRs) já perceberam esse efeito.

Do total de 85 milhões de ações ordinárias lançadas na oferta pública realizada pela Gafisa em março simultaneamente nas bolsas brasileira e americana, 45%, o equivalente a 19 milhões de ADRs, foram dirigidos à Bolsa de Nova York. Dessa parcela, 13% foram adquiridos por corretoras que atuam principalmente no varejo. De acordo com Luiz Maurício Garcia, gerente de relações com investidores (RI) da Gafisa, a demanda do varejo foi duas vezes maior do que a parcela de ações reservada a esse público. “Esse é um indício de que a empresa começa a ter visibilidade em outros países”, anima-se.

Derwin A. Wallace, diretor de relações corporativas da BetterInvesting, uma organização norte-americana não governamental de educação a investidores, confirma que o interesse por ADRs é crescente nos Estados Unidos. Os certificados mais procurados, segundo ele, são, nesta ordem, os de companhias europeias, asiáticas, brasileiras e indianas.

“Há uma percepção forte de que o Brasil está cada vez mais interessante e sólido do ponto de vista econômico. Foi o último a entrar e o primeiro a sair da crise. Vemos claramente um aumento das transações feitas por bancos de varejo com ações brasileiras”, diz Alex Ibrahim, diretor administrativo e chefe regional para América Latina, Bermudas e Caribe da Bolsa de Nova York. Esse movimento, contudo, é ainda incipiente. Apesar da forte cultura voltada para a formação de patrimônio no mercado de ações, estima-se que menos de um terço de poupança americana esteja posicionada em ativos de emissores estrangeiros. Segundo cálculos do site Investopedia.com, da Forbes, apenas um em cada dez investidores pessoa física tem qualquer tipo de exposição aos mercados emergentes.

ALVO PROBLEMÁTICO — Apesar do potencial de crescimento que o varejo norte-americano sinaliza, a maior parte das 33 empresas brasileiras listadas atualmente na principal bolsa americana ainda não se interessa por esse segmento. E uma das razões apontadas para isso são os obstáculos de se relacionar com esses investidores. A começar pela dificuldade de identificá-los. “Só de três em três meses temos acesso a essas informações e enxergamos apenas os investidores institucionais”, conta Garcia.

, Tão perto, tão longe, Capital AbertoA proteção e o sigilo sobre os nomes dos investidores são rigorosos no mercado acionário americano. Bem diferente do Brasil, onde há muito mais transparência nesse campo. Aqui, as empresas de capital aberto têm acesso ao registro dos investidores na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), através de uma lista com nomes por CPF ou CNPJ de cada indivíduo ou instituição. Nos Estados Unidos, as únicas posições de investidores divulgadas publicamente são aquelas provenientes de instituições com mais que US$100 milhões de faturamento, através de informações administradas por meio de relatórios arquivados na Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão regulador. Esse arquivamento é feito trimestralmente, mas os relatórios não apresentam explicitamente a posição de pessoas físicas.

Se uma empresa quiser ter mais informações sobre sua base, ela poderá solicitar um chamado “DTC list”, da Depositary Trust & Clearing Corporation (DTC, a câmara de custódia e liquidação norte-americana). O extrato apresenta os nomes dos operadores que possuem clientes com posições naquela empresa. “A lista não revela os nomes dos investidores, mas ao menos mostra o número de posições debaixo de cada operador”, explica o estrategista do Bank of New York Mellon, Curtis Smith. Como várias corretoras operam quase que exclusivamente com pessoas físicas, é possível ter uma ideia da proporção de investidores individuais na base de acionistas.

O investidor pode até escolher se declarar um “non-objecting beneficial owner (Nobo)”. Nessa hipótese, ele dá um aval para que sua posição seja revelada à empresa. Ainda assim, apenas as informações relativas aos “nobos” não dariam uma noção completa da realidade. Além da transparência reduzida sobre a base de investidores pessoas físicas, os elevados custos de publicidade e a ausência de canais dirigidos para o relacionamento com o varejo norte-americano desestimulam a aproximação desse público. Paradoxalmente, outra razão para o desinteresse dos RIs é a demanda crescente por ações de companhias brasileiras. Com equipes pequenas, eles mal dão conta de atender às solicitações crescentes dos investidores institucionais estrangeiros e domésticos.

A Gafisa, no entanto, já tem o seu calendário de atividades voltadas ao relacionamento com investidores nos Estados Unidos. Uma delas será a participação no World Money Show, um dos maiores eventos de finanças voltados para investidores individuais, que acontece anualmente em Orlando, na Flórida. “É mais uma forma de atingir esses investidores e aproximá-los da companhia”, reconhece o gerente de RI.


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