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Sucessão de panes
Problemas operacionais e indefinição sobre a aquisição da GVT chamuscam papéis da Telefônica

, Sucessão de panes, Capital AbertoAs ações da Telefônica (Telesp) nunca foram exatamente aquelas que carregam charme capaz de dar à companhia a irresistível alcunha de ser uma blue chip. Mas sempre tiveram seu lugar ao sol, agradando em particular investidores ávidos por dividendos. Desde o primeiro trimestre, porém, as ações estão meio esmaecidas, quase apagadas. No ano, enquanto o Ibovespa acumula alta de 61,9%, os papéis da operadora de telefonia valorizaram-se módicos 0,07%. Em abril, a cotação bateu em R$ 49, chegou a R$ 41 e, no fim de outubro, estava em R$ 38,49.

O fato é que o mercado frustrou-se com a Telefônica. O braço de negócios brasileiro do grupo espanhol de mesmo nome já não vinha entregando desempenho operacional capaz de entusiasmar. E decepcionou mais depois, quando, além de números fracos, a operadora sofreu com sucessivas panes em seu sistema, deixando os clientes sem telefone por horas a fio. Apenas em julho, foram quatro panes e, na sequência, a punição da Anatel. No dia 26 daquele mês, a agência reguladora suspendeu a comercialização do Speedy — serviço de banda larga da Telefônica. A empresa foi severamente criticada e acusada de ter vendido mais serviços do que a sua infraestrutura poderia suportar. Após um mês, a agência autorizou a retomada das vendas. Em setembro, nova pane. Dessa vez, nos serviços de chamada de emergência, que ficaram totalmente mudos em São Paulo.

Não bastasse a saraivada de queixas dos consumidores e a sucessão de erros, a Telefônica fez, em seguida, um movimento de compra que não foi consenso no mercado. A operadora lançou uma oferta hostil pela GVT, na tentativa de esvaziar a proposta que a francesa Vivendi havia posto na mesa um mês antes. A GVT é uma operadora de telefonia fixa, longa distância e internet sediada no Sul e com atuação em 14 estados brasileiros e no Distrito Federal. “O preço alvo da GVT estava estimado em R$ 42, e a Telefônica foi bastante agressiva ao oferecer R$ 48”, observa Kelly Trentin, analista de telefonia da corretora SWL.

Enquanto a multinacional francesa se dispôs a pagar R$ 5,4 bilhões, a Telefônica propôs R$ 6,5 bilhões. O negócio ainda não foi concluído e nada impede que os franceses façam nova oferta, cobrindo a da Telefônica. Até porque, como observou um analista, a Vivendi é uma empresa mais enxuta, o que lhe dá fôlego para seguir na disputa pela GVT.
Analistas que acompanham o setor de telefonia acreditam que o preço já está alto, embora considerem a GVT um belo e potencial ativo. “Há algumas sinergias, até porque a GVT é uma empresa rentável e bastante forte em banda larga, o que traria complementaridades”, diz Kelly. Mas o ponto alto da questão vai além da aquisição, porque a tacada da Telefônica é estratégica. Servirá para blindar a entrada da Vivendi, um dos maiores conglomerados de telecomunicações do mundo, no Brasil. Em paralelo, ajudaria a companhia a se expandir para além das fronteiras paulistanas, acirrando imediatamente a concorrência com a Oi, que já desembarcou por aqui.

O analista de telecomunicações do Itaú, Valder Nogueira, avalia que a aquisição da GVT seria a chance de uma revanche contra os avanços do seu rival na América Latina, o grupo Slim.

A Telmex, principal operadora de telefonia fixa do México, controla a Embratel e a Claro no Brasil.

Financeiramente, a GVT também apresenta crescimento exponencial: faturou R$ 1,3 bilhão em 2008 ante R$ 980,7 milhões em 2007. E a margem Ebitda saiu de 36,5% em 2007 para 38,1% no ano passado. Conta com 2,3 milhões de linhas fixas, banda larga e VoIP. Desse total, 102 mil são linhas por internet, serviço que funciona por meio da compra de créditos com planos de minutos. Mas se o ativo é tão bom, por que, então, o papel da Telefônica não sobe?
Analistas menos otimistas acreditam que esse conjunto de atributos se diluiria dentro do colossal tamanho da Telefônica. E, além disso, não seria suficiente para fazer decolar a receita da empresa. “A GVT seria apenas 3% da geração de caixa”, diz uma fonte do setor que prefere não se identificar. Ele acrescenta que a aquisição da GTV poderia diminuir o dividend yield ao acionista. Hoje, a Telefônica é considerada uma das melhores pagadoras de dividendos do mercado (com rentabilidade média de 18%) e isso poderia cair, segundo essa fonte, para 15%.

Do ponto de vista de endividamento, no entanto, uma compra desse porte não se mostra tão preocupante. A relação dívida líquida versus Ebitda de 0,4% é considerada extremamente baixa. A questão é que a operadora tem deixado a desejar nos seus últimos resultados, com um desempenho aquém do esperado. Em particular, a analista da SLW destaca a queda das margens. No segundo trimestre do ano, a margem Ebitda foi 39%, ante 42% em igual período do ano passado. Segundo relatório da empresa, que preferiu não dar entrevista para esta seção, a queda da margem é “reflexo da mudança no mix da receita da Telesp, com aumento na receita dos serviços de TV por assinatura e banda larga, que possuem margens menores, e uma redução da receita de serviços locais e telefonia pública”.


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