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Solução entre iguais
Em meio à crise, a DGF não precisou do mercado de IPOs para vender sua participação em uma empresa de TI. A porta de saída foi o provedor de internet UOL

, Solução entre iguais, Capital AbertoUma operação de private equity é feita de ciclos. Encontros, desencontros, acordos, investimento e, se tudo der certo, desinvestimento. O sucesso de cada fase pode ser medido conforme o interesse do mercado pela última. Desinvestir com lucros compensadores é a parte que justifica toda a existência de um private equity e, em tempos de crise, a mais difícil de ser cumprida. Mas são justamente momentos como esses que explicam a presença do substantivo “risco” na essência do negócio. Basicamente, são três as formas de saída: oferta secundária de ações, negociação com outro fundo de private equity, ou venda da participação para uma empresa com atividade afim — o chamado investidor estratégico. Foi por este caminho que a gestora DGF Investimentos concluiu a participação na prestadora de serviços de tecnologia da informação DHC Outsourcing. A despeito da crise, vendeu sua parte no negócio para o provedor de internet UOL no primeiro semestre de 2009.

O sócio da DGF, Sidney Chameh, conta que o montante negociado foi de cerca de oito vezes o volume aportado na empresa há quatro anos. “O valor equivale ao tamanho do patrimônio inicial do fundo”, indica. A carteira em questão, o DGF Reit, começou com R$ 22 milhões comprometidos em 2002 e investimentos em outros 11 empreendimentos. A transação ainda não foi totalmente quitada. Os 30% restantes serão pagos em duas parcelas anuais e estão vinculados ao desempenho da DHC no próximo biênio. “O investidor estratégico tem o direito de se resguardar”, esclarece Chameh. A medida tenta evitar surpresas desagradáveis. A discrição é uma forma de impedir que o vendedor plante “bombas de efeito retardado” na empresa como, por exemplo, adiantamentos de recebíveis, término de contratos e pendengas trabalhistas.

“No momento em que aceitei a entrada da DGF, a decisão de vender a DHC já estava tomada”, diz
o fundador

O contrato celebrado com o UOL prevê ainda que o criador da DHC continue na empresa por mais dois anos. O executivo em questão é Dario Boralli. Em 2000, ele criou a DHC com a proposta de prestar serviço na área de TI a grandes empresas. Produtos como hospedagem de site e centro de dados de empresas do porte de Wal-Mart, Magazine Luiza e Embraer fazem parte do portfólio da DHC. A empresa registrou, ano passado, crescimento de 48% no faturamento.

Uma das razões para o desinvestimento ter sido feito por meio de um investidor estratégico, aliás, foi o tamanho do faturamento: R$ 48 milhões em 2008, muito pouco para uma abertura de capital, de acordo com a avaliação dos banqueiros de investimento. O executivo confessou ter trabalhado com várias possibilidades de saída. Ele também queria vender a sua parte. Simultaneamente, conversava com empresas para comprar — o objetivo era crescer por aquisição — e com potenciais compradores. O curioso é que o UOL nem fazia parte desse grupo. “Eles nos procuraram e rapidamente o negócio saiu”, lembra Chameh.

Uma das razões para a venda ter sido feita para um estratégico foi o faturamento, que era pequeno para uma abertura de capital

A negociação foi sacramentada em março deste ano. Boralli diz não ter sentido qualquer arrependimento na hora de vender o empreendimento que criou. O futuro da empresa havia sido traçado em 2005. “No momento em que aceitei a entrada da DGF, a decisão de vender a DHC já estava tomada.” Boralli conta que, nos três anos de negociação com investidores de private equity, pensou muito sobre o futuro da companhia. Concluiu que a DHC não deveria ser uma empresa familiar, e que seus filhos não seriam os sucessores. Pela dinâmica do setor de atuação, deveria ter administradores profissionais e tamanho condizente para enfrentar a concorrência.

Ajudou na conclusão do negócio com a UOL o currículo de Boralli. Antes de ser um empreendedor, o hoje presidente da DHC fez carreira como executivo da indústria de informática. Trabalhou na IBM e foi presidente da Sun Microsystems no Brasil. Morou quatro anos nos Estados Unidos, entre Nova York e Connecticut. Este último foi o item do currículo que o gabaritou a receber o investimento do fundo DGF Reif. A sigla representa as palavras Return Entrepreneur Investment Fund, algo como fundo de investimento em empreendedores regressos. Trata-se de uma tese de investimento desenvolvida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que defende as parcerias com empresários que tiveram vivência internacional. A tendência é que o empreendedor replique a experiência profissional adquirida no exterior. Além de ter inspirado a estratégia, o BID detém 50% das cotas do DGF Reit.


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