Pesquisar
Close this search box.
Sinal de vida
Mercado começa a dar indícios de que as emissões de ações vão voltar após cinco anos de forte escassez

, Sinal de vida, Capital AbertoPela primeira vez em quase cinco anos, os telefones das principais mesas de mercados de capitais dos maiores bancos brasileiros voltaram a tocar. Com a alta da bolsa, que chegou a subir 60% no ano e ultrapassar a barreira dos 18 mil pontos, empresas se animaram a buscar recursos para investir – ou simplesmente para reorganizar sua estrutura de capital – e já começam a olhar com interesse a possibilidade de captar recursos via emissões de ações. “Nos últimos dois meses, recebi ligações de empresas que nunca haviam me consultado sobre emissões ou abertura de capital”, afirma Denise Pavarina, diretora de mercado de capitais do Bradesco. “Pode haver melhor indicador do que esse?”

Embora muitas companhias ainda analisem se a alta da bolsa é uma real correção de preços ou apenas uma onda passageira de otimismo, o fato é que, após um longo e tenebroso inverno, empresas voltaram a se interessar pelo mercado motivadas pela recuperação no preço das ações. “Com a bolsa em alta, os papéis começam a se aproximar de seu preço justo, aumentando a atratividade desse tipo de operação”, diz Marcio Guedes, responsável pela área de mercado de capitais do Citibank no Brasil. “O ambiente ainda não é 100% favorável às emissões de ações ou à abertura de capital, mas caminha para isso”, avalia.

A Companhia Suzano de Papel e Celulose deu o primeiro passo no início de outubro, ao anunciar uma distribuição secundária de ações combinada com uma emissão de novos papéis. Transmitiu um sinal de otimismo aos receosos e agora se prepara para o desafio de demonstrar na prática que a estratégia terá valido a pena.

A Ecorodovias (ex-Primav), segundo maior grupo de concessões rodoviárias do país, prepara uma emissão para o próximo ano, a fim de se capitalizar para aquisições de concessionárias menores. Está em conversas com a Bovespa e analisa a possibilidade de dividir espaço no Novo Mercado com a CCR – Companhia de Concessões Rodoviárias (ver matéria na página 13).

Enquanto isso, outras empresas seguem analisando o mercado. “Essa não é uma decisão trivial. Se o objetivo é captar dinheiro, a empresa pode escolher entre emitir ações, emitir dívida ou tomar empréstimo no banco. Para isso leva em conta não somente a alternativa mais barata, mas também a mais equilibrada”, diz Sérgio Zappa, diretor executivo de mercado de capitais e instituições financeiras do Unibanco.

Vale lembrar que nem todas as companhias estão preparadas para a chegada de novos parceiros e adequadas aos padrões de governança corporativa ora exigidos pelo mercado. Além disso, precisam avaliar se os custos de abertura e manutenção de uma empresa de capital aberto serão compensados pelos benefícios diante da instabilidade do cenário macroeconômico brasileiro. É preciso colocar na ponta do lápis os custos de distribuição dos papéis, de uma política de transparência e bom relacionamento com investidores e ainda os gastos com publicação de balanços e manutenção dos registros na bolsa de valores e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM)., Sinal de vida, Capital Aberto

Há quem já tenha mostrado disposição para encarar o risco. A CPFL Energia e o banco Nossa Caixa, por exemplo, declararam algumas vezes a intenção de abrir o capital. Na CPFL, os planos são para o segundo semestre de 2004. Na Nossa Caixa, a data ainda não foi definida, mas a instituição já deu os primeiros passos: além de incorporar algumas boas práticas de governança corporativa, criou uma diretoria de controladoria para aumentar a transparência de seus números.

A ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, também anunciou o interesse em preparar a Eletrobras para uma capitalização por meio de emissão de ações. Outra estatal, a Petrobras, tem aprovado um plano de emissão de ações pelo seu conselho de administração e aguarda o momento mais propício para entrar no mercado. O governo, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também afirmou diversas vezes que pretende se desfazer de suas participações acionárias em empresas. Há ainda esperanças de que o Banco do Brasil (BB) retome seus planos de ir a mercado em 2004.

Suzano dá a largada em fase otimista

A colocação de ações da Cia. Suzano de Papel e Celulose anunciada no início de outubro abriu a série de novas emissões esperada para os próximos meses. Resultado de um casamento feliz entre planejamento e oportunidade, a operação veio a mercado em boa hora. João Pinheiro Nogueira Batista, vice-presidente executivo da Suzano Holding, conta que a colocação começou a ser preparada em maio deste ano, quando os executivos da companhia e bancos envolvidos já esperavam um mercado melhor no segundo semestre. “Contávamos com uma recuperação da bolsa, mas nada muito além dos 15 mil pontos”, afirma. Quando anunciaram a operação, em 6 de outubro, a bolsa já passava dos 18 mil pontos.

O lançamento de ações se insere no projeto de fortalecer a presença da companhia no mercado de capitais. Para tal, a primeira medida foi tratar de ampliar a liquidez das ações, aumentando o percentual do capital em circulação no mercado, o chamado free float. Nogueira levou ao Citibank, JP Morgan, Previ e BNDES, todos detentores de posições acionárias relevantes no capital da companhia, a proposta de uma distribuição secundária de ações ao mercado. Os dois primeiros aceitaram participar da operação, cujo potencial é elevar para R$ 300 milhões (a valores da data do anúncio da operação e pressupondo-se a colocação plena) o valor do capital em circulação, mais que o dobro do atual. Para alinhar interesses, os acionistas controladores da Suzano decidiram somar ações em poder da família ao bloco ofertado, perfazendo 22 milhões de papéis preferenciais, o equivalente a 8,7% do capital total.

A operação conta ainda com uma emissão primária de ações. Serão lançadas 10 milhões de ações preferenciais e mais 5 milhões de ações ordinárias e a estimativa é uma captação de R$ 160 milhões em recursos novos. As ações ordinárias serão subscritas apenas pela Suzano Holding.

Além de contribuir para ampliar ainda mais o free float e pulverizar a base acionária, a operação visa proporcionar à companhia mais equilíbrio em sua estrutura de capital. “Estamos posicionados globalmente no grupo de países emergentes e precisamos ser defensivos”, afirma Bernardo Szpigel, diretor de relações com investidores do grupo Suzano Bahia Sul. Custo de capital competitivo é um dos motivos que fazem do mercado de ações um elemento importante na estratégia de crescimento da Suzano. “Precisamos ampliar a liquidez das ações da companhia para reduzir a percepção de risco do investidor e melhorar nosso custo de capital.”

Outro motivo para que o mercado de ações esteja na estratégia da Suzano é o planejamento da sucessão familiar. A presença de investidores no capital e a existência de um mercado secundário líquido oferecem alternativas de saída para as futuras gerações e condições para a manutenção de uma gestão eficiente ao longo do tempo. Com a operação anunciada, a Suzano espera diversificar ao máximo sua base de acionistas. “Estamos preparando um grande esforço de colocação, com roadshows pela Europa, Estados Unidos e uma série de apresentações no Brasil”, conta Nogueira.

BANCOS COMEÇAM A PREPARAR EQUIPES – Quem aposta na retomada das emissões acredita na sustentação dos sinais positivos dados pela economia brasileira mais recentemente e no empurrão que o clima positivo pode dar para tirar projetos do discurso e do papel. Neste ano, o governo reduziu as taxas básicas de juros em sete e meio pontos percentuais, para 19% ao ano. O risco Brasil caiu de 2.443 pontos, maior nível registrado, em setembro do ano passado, para 570 pontos, o menor patamar apurado desde julho de 1998. O dólar, que quase chegou a atingir R$ 4,00 em 2002, recuou para a casa dos R$ 2,80. O Ibovespa, que fechou três anos consecutivos em queda, voltou a subir neste ano, sobretudo nos últimos dois meses. A média diária de negociação, que há dois anos era de R$ 455 milhões, hoje é de R$ 1,1 bilhão.

As instituições financeiras começam sua aposta desde já. “Estamos aumentando o quadro de pessoal, focando mais no negócio e criando novos produtos”, diz Zappa, do Unibanco. “Vamos investir para explicar o mercado a emissores e investidores “, afirma. Sua expectativa é de que o primeiro movimento virá de empresas que já têm o capital aberto. Companhias exportadoras, avalia, sobretudo as dos segmentos de aço e papel e celulose, vêm se mostrando mais ativas, já utilizam boa parte de sua capacidade instalada e precisam investir para crescer. Denise, do Bradesco, observa também que as empresas brasileiras estão mais preparadas para entender e respeitar o investidor. “Acho que 2004 tem todos os elementos para ser o ano da volta por cima do mercado acionário”, diz. “Não acho que será uma explosão, mas o mercado voltará a andar.”

PROTEÇÃO DO INVESTIDOR É O FATO NOVO – O respeito ao investidor pode ser a grande novidade desta safra anunciada de emissões, se ela realmente existir. Enquanto o mercado estava inerte nos últimos anos, empresas melhoraram suas práticas de governança corporativa, acompanhando o movimento internacional, e investidores passaram a exigir mais, a buscar garantias de alinhamento de interesses entre todos os acionistas e ferramentas de aprimoramento da gestão e dos resultados. Quem resolver sair agora a mercado, encontrará um cenário bem diferente do que existia na década passada, quando os lançamentos de novas ações ainda eram mais de uma dezena por ano.

Além de estímulos dados pela regulamentação como a resolução 3.121 do Conselho Monetário Nacional (antiga 2.829), que permite aos fundos de pensão investir percentuais maiores do seu patrimônio em ações de companhias pertencentes aos níveis especiais criados pela Bovespa, há todo um cenário montado pelo mercado para evitar que as empresas escapem do que está no script. Os três níveis da bolsa de valores dão as regras do jogo para diferenciar empresas que queiram vender uma boa imagem e atrair investidores. Códigos de governança corporativa deixam explícito o que é politicamente correto e o que não é. Fundos de investimentos em ações também direcionam algumas de suas carteiras para empresas que estejam em linha com a boa governança. Fundos de pensão têm sua própria cartilha de pré-requisitos e estão cada vez mais fiéis a ela na escolha de novos investimentos.

CONSULTAS À BOVESPA PARA ABERTURA DE CAPITAL – Maria Helena Santana, superintendente de empresas da Bovespa, confirma o interesse recente de empresas em lançar ações, principalmente daquelas que virão a mercado pela primeira vez. “Temos uma meiadúzia de empresas fechadas que nos procuraram para avaliar a abertura de capital”, conta. Sua expectativa é de que duas delas já estejam prontas para fazer o lançamento no primeiro semestre de 2004.

Segundo Maria Helena, essas empresas se interessam principalmente pelo Novo Mercado, nível máximo de transparência e governança que incorpora apenas empresas com 100% do capital composto por ações ordinárias (com direito a voto). Seus acionistas controladores, a princípio, não mostraram interesse de abrir o capital nessas condições, mas foram sendo convencidos por agentes do mercado, inclusive por bancos chamados para coordenar a operação, de que demonstrar respeito aos acionistas minoritários é quesito essencial para uma colocação bem sucedida e de que ter apenas ações ordinárias é uma forma de faze-lo.

Denise, do Bradesco, valida os comentários da executiva da Bovespa. “Recomendamos que as empresas entrem direto no Novo Mercado. Assim começam com um padrão mais elevado de comprometimento com o investidor e, dessa forma, têm mais chances de atrair investidores qualificados”, diz a diretora. Guedes, do Citibank, segue na mesma linha. “Uma empresa novata tem que mostrar seu diferencial na bolsa. E o primeiro passo é a transparência, o compromisso com o investidor”, diz Guedes.

Governança corporativa dará o tom da próxima safra de emissões de ações

Para as companhias que procuraram a Bovespa nos últimos meses, o acesso ao mercado acionário terá algumas finalidades. A possibilidade de captar recursos sem comprometer ainda mais o endividamento já elevado, de concretizar uma estratégia de posicionamento de mercado e de continuidade da companhia ou mesmo uma porta de saída para o investidor que aguardava a bolsa melhorar para realizar lucros. Em comum, elas têm a visão de que esse é o momento certo de começar a se preparar, de que a melhora na economia será sustentada e de que não haverá nenhuma surpresa vinda de fora no meio do caminho. Em 1997, quando o Ibovespa ensaiava melhora, a bolsa foi pega no contrapé pela crise da Ásia. No ano seguinte, os negócios foram afetados pelo calote na dívida da Rússia e, em 1999, pela desvalorização do real. Em 2001, foi a vez dos escândalos contábeis nos Estados Unidos e da crise de confiança deflagrada por todo o mundo.

BOA NOTÍCIA PARA OS PROFISSIONAIS – A retomada de mercado também já começa a se traduzir em boas notícias para os seus profissionais. “O mercado, que não se movimentava desde 2000, voltou a abrir vagas”, conta Milton Milioni, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) de São Paulo. Esse é o primeiro sinal de otimismo desde que os bancos fecharam suas corretoras e mesas de mercados de capitais. Com o encolhimento da bolsa, os analistas, que vivem de estudar as empresas de capital aberto e fazer recomendações de compra ou venda dos papéis, foram os primeiros a sentir a crise. Desde 1998, fecharam as portas as corretoras do ABN Amro e a mesa de operações do ING Barings, Citibank e Deutsche Bank centralizaram os serviços em Nova York.

Há ainda iniciativas que podem ajudar caso as novas emissões venham a ocorrer de fato. A CVM pretende lançar em breve a instrução 13, que criará, entre outras novidades, um pré-registro para emissões válido pelo prazo de dois anos. Assim a companhia pode se preparar com antecedência e estar pronta no momento em que identificar a janela de oportunidade para colocação. A agilidade para aproveitar o momento favorável é a principal vantagem dessa ferramenta, conhecida no mercado como registro de prateleira. A CVM estuda também – mas ainda não tem data para lançar – a nova instrução 202, que mudará os critérios para registro de uma companhia aberta. No projeto estão idéias como a redução do custo de publicação de balanços e a diferenciação de exigências para empresas de grande e médio porte, ambas com o intuito de estimular novas aberturas de capital. O projeto de revisão da instrução prevê ainda um registro especial para empresas que tenham planos de lançar títulos ao mercado num futuro próximo. Com esse registro, elas ficarão sujeitas a regras mínimas de divulgação de informações enquanto não houver a emissão e estarão aptas a lançar os papéis no momento oportuno, com mais agilidade.

Carlos Alberto Rebello Sobrinho, superintendente de registros da CVM, afirma que ainda não chegaram à autarquia os sinais de novas emissões. “Mas vale a ressalva de que estamos no fim da linha”, afirma Rebello, lembrando que os bancos costumam ser acionados primeiro. Sua expectativa, contudo, é de que as captações via mercado de capitais (não necessariamente via emissões de ações) voltarão a ser a alternativa das empresas no momento em que a economia voltar a crescer e os investimentos forem necessários para manter a competitividade ou ainda para aproveitar as boas condições de mercado.

A melhora de humor também deverá contar com o apoio de outras iniciativas governamentais. É o caso da linha de financiamento criada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão ligado ao ministério da Ciência e Tecnologia para incentivar pequenas empresas do setor de pesquisa e tecnologia de ponta a abrir o capital. “Há uma série de pequenas empresas dispostas a entrar no mercado e que aguardam o momento certo”, diz Ricardo Jabace, chefe da área de investimento e inovação da Finep.

A linha para abertura de capital foi criada há dois meses, mas ainda não teve demanda. “Tudo indica que, com os bons indicadores da economia, o interesse seja maior nos próximos três anos”, acredita Jabace. O financiamento, de teto não estipulado, cobre as despesas com o registro na CVM, auditoria e adequação de balanços. O custo é TJLP acrescida de 4,5% ao ano, o equivalente a 14% ao ano – inferior ao da Selic (19%). O tomador tem cinco anos para pagar, com dois de carência. “O custo é muito barato. Se a empresa tomasse um financiamento bancário, pagaria quase 5% de juros ao mês”, diz.

ESCASSEZ PROLONGADA – Os sinais de retomada surgem após um longo período de escassez nas emissões de ações. Este ano, apenas uma companhia, a Rossi Residencial, anunciou uma distribuição primária de ações, no valor de R$ 80 milhões. Muito diferente do que se viu em 1998, quando o mercado registrou 20 emissões de ações, num total de R$ 4,1 bilhões.

A partir daí as emissões começaram despencar. Foram dez emissões em 1999, seis em 2000, outras seis em 2001, apenas quatro em 2002 e uma única em 2003. A última abertura de capital foi a da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), em janeiro de 2001, no valor de R$ 351,2 milhões.

O total de companhias listadas na Bovespa também é o menor desde meados da década passada. São 374 empresas atualmente (dado até 21 de outubro), ante 544 companhias em 1994. Estudo da CVM intitulado “Panorama do Mercado Secundário Internacional de Valores Mobiliários” revela a posição desfavorável do Brasil em relação a outros países emergentes. Taiwan tem um PIB equivalente a 63% do brasileiro e 641 empresas listadas em bolsa (dados do final de 2002). A Coréia do Sul tem um PIB de R$ 461,5 milhões, apenas 3% superior ao do Brasil, e um conjunto de 679 companhias em bolsa. Na comparação com o grupo de países desenvolvidos, o desequilíbrio fica ainda mais evidente. Em Hong Kong, apesar do PIB de R$ 163 bilhões, pouco mais de um terço do brasileiro, existem 978 empresas listadas em bolsa. Neste quesito, o Brasil leva vantagem apenas em relação à Itália, onde o PIB é de R$ 1,187 trilhão, 165% maior que o do Brasil, mas apenas 295 empresas estão na bolsa. Aos que torcem pela retomada do mercado, resta esperar que o otimismo se sustente e que o sinal dado pelo toque dos telefones nos bancos não seja apenas alarme falso.

Primav Ecorodovias pleiteia estréia no Novo Mercado com título de renda fixa

A Primav Ecorodovias – holding controladora das concessionárias Ecovias dos Imigrantes (SP), Ecovia Caminho do Mar (PR) e Ecosul Rodovias do Sul (RS) – se prepara para abrir o capital no segundo trimestre do próximo ano. A companhia obteve o registro de empresa aberta no dia 24 de setembro e, a partir de novembro, estará também apta a negociar ações na Bovespa.

O objetivo da companhia é estar preparada para ir a mercado com agilidade no momento certo. Segundo Stefano Panciera, diretor de relações com investidores da holding, a idéia é captar US$ 100 milhões para aquisições de duas concessionárias de rodovias de menor porte. O segmento é hoje liderado pela CCR e a Primav Ecorodovias – ambas com 50% do mercado. O restante está em poder de cerca de 80 empresas menores, algumas delas sem condições de realizar investimentos para terminar as obras e na mira de ofertas de aquisição como as planejadas pela Primav.

Panciera planeja uma estréia pouco convencional na Bovespa. Sua intenção é lançar-se no Novo Mercado com a emissão de debêntures conversíveis em ações e nada do capital em circulação. A conversão ocorreria depois de dois ou três anos, quando a companhia passaria a cumprir o compromisso de ter 25% do capital em circulação no mercado. Esse percentual seria atingido com a troca das debêntures e com uma distribuição secundária das ações em poder dos sócios.

Sua estratégia é começar com renda fixa e todos os princípios de governança do Novo Mercado para que o mercado construa, ao longo do tempo, um valor maior para as ações da empresa. Nos dois ou três anos até o vencimento das debêntures, a idéia é seguir uma política agressiva de crescimento e de busca de sinergias para reverter os resultados negativos dos primeiros anos de concessão. Em 2002, a companhia obteve um prejuízo de R$ 2,5 milhões. “Queremos ir a mercado com fundamentos melhores e uma empresa mais atrativa para o investidor”, afirma. “Imaginamos uma trilha menos convencional, é verdade, mas acreditamos que ela agrega valor.”

A alternativa de começar pela renda fixa também livraria a Primav Ecorodovias dos riscos do mercado acionário fechar novamente as portas no próximo ano. Com esse modelo, a operação estaria mais condicionada ao risco da companhia e menos aos riscos de mercado. A estratégia de captação, contudo, ainda está sendo estudada pela empresa em conjunto com a bolsa.

A companhia pretendia vir a mercado entre o final deste ano e o início do próximo, mas desistiu recentemente logo após a suspensão do processo de licitação das rodovias federais. Esse é outro projeto para o qual a Primav pretende se capitalizar, mas que deverá ocorrer somente no final do próximo ano. De qualquer forma, se os planos não forem alterados no meio do caminho, a necessidade de recursos continuará existindo por conta dos dois projetos de aquisição de concessionárias no mercado secundário.

A Primav Ecorodovias pertence a dois acionistas: o grupo CR Almeida, dono de 65% do capital, e a construtora italiana Impregilo, que detém os outros 35% através da Impregilo International Infrastructure, braço do grupo para exploração de concessões de serviços públicos em diversos países.


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.


Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.


Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais


Ja é assinante? Clique aqui

mais
conteúdos

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.