Até quando os investidores institucionais brasileiros vão exigir um assento no comitê de investimentos dos fundos de private equity? Recentemente, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) deu uma esperança aos gestores de carteiras que gostariam de se ver livres dessa interferência. Ela abriu mão de participar do comitê no fundo CRP VII, da gestora CRP Companhia de Participações, de Porto Alegre (RS), lançado este ano. Segundo Clovis Benoni Meurer, sócio da CRP, esse é o terceiro investimento que a Finep faz com a gestora. “Por acompanhar nosso serviço há algum tempo, e por conhecer nosso modelo de governança, a Finep entendeu que não precisava mais ter um assento no comitê como membro votante”, avalia. Hoje, a financiadora pode participar das reuniões quando quiser, entretanto, apenas como observadora.
Mas nem todos os investidores estão dispostos a dar essa carta branca aos gestores. Mauricio Wanderley, diretor de investimentos e finanças da Valia, acredita que o futuro é prescindir da participação no comitê, mas que ainda não chegou o momento de colocar essa ideia em prática. “Diferentemente dos Estados Unidos, o Brasil tem muitas gestoras que estão na sua primeira safra de investimentos”, observa. “Essa falta de histórico torna difícil avaliar a governança do fundo quando ele é novo”, acrescenta.
A mesma opinião tem Wanderley Rezende, da gerência de investimentos estratégicos da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ). Ele garante que o objetivo da fundação ao fazer parte dos comitês não é limitar a independência do gestor. “Nossa participação não é intervencionista, mas sim colaborativa”, afirma. A participação das fundações no fórum de decisões é uma forma de monitorarem de perto os riscos a que estão expostas nos fundos de private equity.
O tema foi discutido por gestores de fundos de private equity no congresso anual do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), realizado em outubro, no Rio de Janeiro. Segundo os painelistas, há aspectos negativos e positivos dessa exigência. Dentre os negativos, estão a lentidão nas decisões; os possíveis conflitos de interesses (quando a fundação já participa da empresa que se pretende investir, por exemplo), e um risco maior à confidencialidade das informações. Dentre os positivos, a troca de experiências entre investidores e gestoras. “Ainda que as fundações deixem de participar dos comitês um dia, restará para sempre o benefício dessa parceria”, disse Marcus Regueira, sócio-fundador da FIR Capital.
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