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Saída honrosa
Mudar de segmento de listagem vira solução para remodelar imagem ou resolver processo sucessório

A fabricante de utensílios domésticos e produtos de beleza Mundial provocou um frisson na Bolsa de Valores. No início de 2011, tanto as ações ordinárias como as preferenciais da companhia eram negociadas a menos de R$ 0,30. No fim de junho, o papel preferencial era cotado a R$ 1,40, enquanto a ON superava R$ 3, após ter alcançado um máximo de R$ 3,74 no dia 21. O fenômeno é ilustrativo de uma tendência: os níveis diferenciados de governança corporativa da BM&FBovespa não são apenas portas de entrada para captação de recursos. Viraram palco para reestreias.

A disparada aconteceu após o anúncio de que a companhia iria para o Nível 1, divulgado no início de abril e formalizado em assembleia de acionistas no fim de maio. Na ocasião, também foi aprovado um desdobramento de ações, na proporção de seis ações para cada uma, com o objetivo de catapultar as negociações no pregão. Diante da boa recepção do mercado à mudança de segmento, a companhia decidiu, no final de junho, iniciar o processo para ir direto ao Novo Mercado. De acordo com Michael Ceitlin, diretor superintendente de relações com investidores (RI) da companhia, a equipe está trabalhando para começar 2012 com a migração concluída.

Toda essa agitação tirou a Mundial do marasmo. Com o capital aberto desde 1966 e pouca negociação durante anos, a companhia crava uma aposta semelhante àquela feita por empresas como Rossi, Cia. Hering, Portobello e Cremer, que também foram para o Novo Mercado depois de um longo tempo no limbo. Mais recentemente, a Forjas Taurus, outra companhia de baixa capitalização, solicitou à BM&FBovespa a listagem de suas ações no Nível 2. “Em comum está o fato de que elas estão listadas há anos, e agora perceberam que governança e liquidez agregam valor”, diz Jean Arakawa, sócio do escritório Mattos Filho. No mesmo caminho estão a fabricante de relógios Technos, que anunciou uma distribuição de ações depois de ter fechado o seu capital em 2005, e a Mahle Metal Leve, que tem uma oferta secundária de ações em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O motivo mais evidente para essas empresas realizarem as reformas é a melhora da imagem. “O custo de captação diminui, e fica mais fácil negociar com possíveis credores”, afirma Ceitlin. Para Antônio Morello, sócio do escritório Pinheiro Neto, o controlador que opta por aderir a regras de transparência abre mão de uma parcela de seu poder. “A obrigação de divulgar informações e estreitar o relacionamento com acionistas diminui as chances de o majoritário agir como quer, sem dar satisfações”, comenta.

A abertura de uma porta de saída para os sócios-fundadores é outro incentivo na hora de profissionalizar a gestão e dar mais espaço aos minoritários. Esse foi o caso da Ultrapar, que anunciou a ida para o Novo Mercado neste ano e facilitou o processo de sucessão. “Herdeiros passaram a ter possibilidades que, com a cultura de famílias controladoras, nunca teriam”, ressalta Maria Cristina Cescon, sócia do escritório Souza Cescon Barrieu & Flesch Advogados.

Ao decidir ir direto para o segmento mais exigente da Bolsa, a Mundial deve ter mais trabalho. O Novo Mercado toca em pontos nevrálgicos, como a conversão de todas as preferenciais em ordinárias. “Esse processo é um dos mais delicados da reestruturação, envolve diluir ordinaristas e tirar a vantagem do preferencialista”, observa Adriana Pallis, sócia do Machado Meyer.


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