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Remédio certo
Com endividamento elevado e sem recursos suficientes para expandir, Droga Raia recebeu o aporte de Gávea e Pragma

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Tédio é algo que definitivamente não faz parte da rotina dos analistas e investidores que acompanham o setor farmacêutico e, em especial, a Droga Raia. Nos últimos três anos, a empresa passou por uma série de eventos corporativos: em 2008, vendeu 30% do seu capital para a Gávea Investimentos e para a Pragma Patrimônio. Em dezembro de 2010, estreou na Bolsa. Oito meses depois, fundiu-se com a Drogasil, tornando-se a varejista do setor com mais lojas no País.

“A listagem das ações facilitou as conversas sobre a fusão, embora o IPO não tenha sido feito com essa motivação”, afirma Piero Minardi, sócio-sênior da Gávea Investimentos. A gestora adquiriu, por um valor não divulgado, 15% do capital da empresa através do fundo GIF II, com patrimônio de US$ 850 milhões. Além da Droga Raia, o fundo detém participações em Time 4 Fun, Azul, CPM, Magnesita e Grupo ABC. A proposta é manter os investimentos na carteira por um período de três a dez anos.

Quando a Gávea se interessou pela Droga Raia, a empresa era a quarta maior rede farmacêutica do Brasil pelo critério de faturamento e a terceira maior em número de lojas. No entanto, para manter o posto e continuar os planos de expansão, precisava de capital. Em 2007, chegou a cogitar levantar dinheiro por meio de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), mas não levou os planos adiante. Além de não estar totalmente preparada em termos de governança corporativa, foi pega pela eclosão da crise financeira de 2008 e não conseguiu um preço atraente para seus papéis.

Com um endividamento de curto prazo elevado, decorrente do crescimento acelerado, buscou empréstimos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas os recursos não foram suficientes. Procurar os bancos privados também não parecia ser uma solução à medida que a crise recrudescia e o crédito se retraía ainda mais. A saída foi, então, recorrer aos fundos de private equity. A Gávea logo se interessou. “A empresa tinha habilidade para escolher bons pontos de venda, além de possuir uma gestão profissional”, avalia Henrique Muramoto, sócio da Gávea Investimentos.

O aporte de recursos feito pelos capitalistas de risco — a Pragma também adquiriu 15% da empresa — conferiu uma estrutura de capital mais sólida à Droga Raia, permitindo que obtivesse novos empréstimos com bancos de fomento e com o Banco do Brasil. Mesmo assim, precisou adotar uma política conservadora e crescer em marcha mais lenta devido à crise. O plano de expansão contemplava a abertura de 70 lojas por ano, mas, durante 2009, foram inauguradas apenas 40.

Enquanto esperava o cenário desanuviar, a companhia fazia o seu trabalho de casa, supervisionada pelos investidores. Embora tivesse uma gestão profissional, com regras que previam, por exemplo, o ingresso de membros das famílias Pipponzi e Raia no corpo gerencial, era preciso tornar efetivos os avanços de governança corporativa ensaiados durante a primeira tentativa de abrir o capital. A empresa contava com um conselho de administração com membro independente e três comitês de apoio (de recursos humanos, operações e financeiro/auditoria), mas os órgãos não eram atuantes. A Gávea ajudou a mudar esse cenário. Passou a participar das reuniões mensais dos comitês de finanças e recursos humanos.

Ajustadas as estruturas de capital e de governança, era a hora ir atrás de recursos. O financiamento bancário estava descartado em razão do custo elevado. Havia, portanto, duas opções: captar dinheiro com outros fundos de private equity ou abrir o capital. A companhia ficou com a segunda opção. Fez seu IPO em dezembro de 2010, quando viu uma janela de oportunidade se abrir após a conclusão da megaoferta da Petrobras.

As ações da Droga Raia saíram no topo da faixa de preços estipulada pelo bookbuilding, com demanda oito vezes superior à oferta. Minardi credita o sucesso ao momento de mercado e à compreensão dos investidores de que a companhia precisava de capital para avançar. A Droga Raia tinha um plano de expansão acelerado: queria inaugurar 200 lojas em três anos.

A oferta de R$ 569 milhões foi 80% primária e 20% secundária. A Pragma Patrimônio, por ser um family office e investir com horizonte de longo prazo (15 a 20 anos), não se desfez das suas ações. A Gávea reduziu a sua participação, e alguns membros da família Pipponzi, controladora da Droga Raia, também venderam papéis.

Depois do desafio do IPO, veio o da fusão com a Drogasil, em 2011. O movimento insere-se na tendência de enxugamento do número de participantes do setor de varejo farmacêutico. Àquela época, a Drogasil estava mais bem posicionada para ir às compras de redes de concorrentes. A Droga Raia ainda tinha um nível de endividamento que não a permitia ser consolidadora.

A Droga Raia terá 43% do capital da Raia Drogasil, a empresa resultante da fusão, e a Drogasil, 57%. Tanto a Gávea quanto a Pragma se comprometeram a continuar no bloco de controle na fase pós-fusão, por meio de uma cláusula de lock up que impedia a venda de ações por um prazo determinado, encerrado em novembro passado. Embora esteja livre para vender os papéis, a Gávea ainda avalia o melhor momento para se desfazer das ações. Atualmente, a participação do fundo na Droga Raia é de 5,91%, mas essa participação cairá para 3% quando o Cade aprovar a criação da Raia Drogasil.


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