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Sem privilégios
Ainda falta um longo caminho para democratizar a comunicação entre conselheiro e investidor

, Sem privilégios, Capital AbertoAinda que pareça um contrassenso, é possível ser mais transparente ao evitar o contato dos acionistas com o conselho de administração. É bastante compreensível, especialmente pela pressão por explicações para os resultados trimestrais, que os investidores busquem uma interação intensa com as companhias. E as empresas têm muito a lucrar com essa interação.

Como consequência, cresce a importância da área de relações com investidores (RI). É necessário sistematizar os contatos para evitar a temida e nefasta assimetria de informações; o diretor de RI, como responsável legal, responde por eventuais falhas na comunicação. Aí mora o grande desafio de tornar esse canal mais eficiente e mais transparente para todos os investidores.

Para que essa oportunidade seja aproveitada, todos os questionamentos de investidores, sobretudo aqueles apresentados em reuniões individuais, devem ser publicados numa área específica do site da companhia. Essa medida teria um caráter permanente e serviria para reduzir de modo significativo o risco de tratamento diferenciado. Além disso, é preciso que os conselheiros de administração (ou pelo menos o presidente do conselho) compareçam nas assembleias e reuniões públicas com investidores e analistas — coisa rara no Brasil.

Mas algumas questões precisam ser respondidas antes de se criar um canal permanente de comunicação entre investidores e conselheiros:

• Quais conselheiros poderão falar com os investidores? Apenas o presidente do conselho? Apenas os independentes? Qual “independente”: o indicado pelo CEO/controlador amigo ou o eleito pelos minoritários?
• Os investidores poderão realizar conversas separadas entre classes de conselheiros para checar possíveis contradições?
• O advogado da companhia vai acompanhar cada conversa para avaliar potenciais riscos (monitorando e direcionando a reunião)? As perguntas serão encaminhadas com antecedência para evitar respostas improvisadas comprometedoras?
• Todo investidor que solicitar uma “audiência” será atendido? Um grande fundo de pensão americano, por exemplo, terá prioridade sobre o senhor José da Silva, morador da pacata Aiuruoca (MG), que foi convencido pelo gerente do banco local a comprar 2 mil ações na oferta pública?
• Será criada uma regra, como percentual mínimo no capital, para agendamento da audiência? Considerando que o “seu Zé” não tem dinheiro para viajar até a sede da companhia, somente os investidores ricos participarão das audiências privadas?
• As reuniões acontecerão na sede da empresa ou o conselho sairá em caravana pelo Brasil para conversar com todos os investidores em particular?
• Será criada a figura legal do “acionista de referência”? Esse tipo de acionista ficará sujeito a restrições por participar de conversas secretas, como um bloqueio de negociação por 15 dias?

Sejamos razoáveis: o que leva o investidor a querer uma conversa privada com conselheiros? Ele quer saber algo diferente, que não foi dito na reunião da Apimec e na assembleia geral ordinária pelo diretor de RI e pelo CEO, para aumentar ou reduzir sua participação? Ou quer somente avaliar o conselho, que por sinal não realiza qualquer tipo de avaliação (e, se realiza, não divulga ao público)?

Enquanto essas questões não são respondidas, é melhor a falta de contato entre conselho e acionistas do que a comunicação pouco democrática, que privilegia alguns em detrimento de outros.


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