Abordagem profissional
James Cudahy

relevoEm março deste ano, James Cudahy foi empossado como o novo presidente do National Investor Relations Institute (Niri). Ele esteve pela primeira vez no Brasil em julho para participar do Congresso do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri). Engana-se quem pensa que Cudahy tem vasta experiência na profissão; ele nunca atuou como RI. Seu valor para o Niri está nos 24 anos de experiência como executivo de associações. Na época em que foi vice-presidente de marketing e comunicação do CFA Institute, debruçou-se na construção de campanhas que aumentassem o reconhecimento da certificação do CFA entre a comunidade financeira e atraísse mais candidatos. O Niri, agora, também se prepara para lançar um programa de certificação profissional. A seguir, Cudahy fala sobre essa iniciativa e sobre um assunto que ganhou atenção no último congresso do Niri, em Chicago: o foco dos investidores no curto prazo.

Obsessão de entregar
“Algumas pessoas criticam a divulgação de relatórios trimestrais, porque intensificaria um pensamento de curto prazo. Mas a periodicidade não é a questão. O problema é a obsessão de algumas companhias em entregar bons resultados a todo trimestre, para agradar os acionistas de curto prazo. Charlie Munger, da Berkshire Hathaway, costuma dizer que cada companhia tem o acionista que merece. Se a empresa cede a essa pressão de curto prazo, acaba com uma base de sócios que pouco valoriza o investimento pensado num horizonte mais longo.”

Equilíbrio delicado
“Sei que para os profissionais de RI e administradores não é fácil resistir à pressão de curto prazo. Os acionistas com esse foco têm um poder muito grande no mundo. Se ignorarem os pleitos deles, há o risco de a empresa ser alvo de uma campanha ativista. É preciso haver equilíbrio. É irrealista esperar que os líderes corporativos guiem suas organizações no longo prazo sem o apoio dos investidores.”

Guidance
“No nosso estudo de 2014, descobrimos que a grande maioria das companhias nas quais os integrantes do Niri atuam (94%) fornecem algum tipo de guidance, seja financeiro ou operacional. Grande parte mantém essa prática para assegurar o consenso dos analistas sell side sobre as estimativas de resultados e garantir transparência. Se os analistas não compreendem a estratégia da companhia — algo que ocorre com frequência — e publicam projeções equivocadas, as empresas são punidas por isso. Então, como prevenção, preferem publicar suas próprias projeções.”

Engajamento com o conselho
“Em 2013, uma pesquisa com os associados mostrou que a maioria das companhias (60%) não permitia que seus conselheiros se reunissem com investidores. Cabe ressaltar que 21% dos pedidos de encontros tinham sido feitos por fundos ativistas. O desafio do RI é escolher o conselheiro certo para esse tipo de reunião e treiná-lo. Só que isso é dispendioso e leva tempo.”

Diversidade
“A profissão de RI é relativamente nova e está em constante evolução. Hoje, pessoas com as mais diversas experiências exercem a profissão. Para se ter ideia, os novos associados do Niri de 2014 eram egressos de 10 diferentes campos profissionais. Essa diversidade torna difícil estabelecer padrões para a profissão e balizar programas de treinamento.”

Desenvolvimento
“O conselho do Niri decidiu criar um programa de certificação de RI, que deve ser lançado no primeiro semestre de 2016. São três os principais benefícios: a definição de um conjunto de conhecimento para se atuar na área; a criação de um benchmark para avaliar a competência dos RIs; e a construção de um caminho de desenvolvimento profissional.”

Teste de conhecimento
“Definir um conjunto de conhecimento e transformá-lo em um exame não é tarefa fácil. Outra questão é como estimular os RIs a fazerem o exame. Nesse sentido, um ponto importante é os RIs mais experientes valorizarem a iniciativa, por mais que a certificação possa não fazer diferença para o momento da carreira deles. No último congresso do Niri, eu desafiei esses RIs a fazerem o exame e testarem seus conhecimentos. Acredito que alguns vão aceitar.”

Foto: Divulgação


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