Prática essencial
Fornecer projeções é uma forma de reduzir riscos, construir credibilidade e criar valor para os acionistas

, Prática essencial, Capital AbertoExistem duas situações em que o guidance financeiro deixa de ser essencial. A primeira é quando a empresa opera em um ambiente de grande volatilidade de preços e/ou demanda, como acontece atualmente nos segmentos de petroquímica e de aviação comercial. Nessa situação, o recomendável é focar no guidance operacional e deixar os analistas sem mais orientações, para que cada um desenvolva a sua própria projeção de macroindicadores financeiros e de valor da companhia. A segunda situação é cativa de um seleto grupo de grandes empresas, listadas em bolsa há vários anos e com ampla cobertura de analistas de sell-side (formadores de opinião). Nessa situação, o mercado se sente tão confortável em fazer suas próprias projeções que chega a prescindir da orientação dos administradores da companhia quanto ao futuro, focando apenas na compreensão dos impactos sobre os resultados passados.

E por que fornecer guidance é essencial para a maioria das empresas? Independentemente de essa ser a prática adotada por 71% das empresas americanas em 2007 (contra 45% em 1999), conforme recente estudo do National Investor Relations Institute (Niri), o fornecimento de guidance financeiro é fundamental para estabelecer um relacionamento de credibilidade com o mercado de capitais, conquistar maior cobertura por parte dos analistas de sell-side e, conseqüentemente, criar valor para os acionistas.

Entretanto, essa prática, para ser eficaz, requer posicionamento claro dos membros de conselhos de administração. Os conselheiros precisam cobrar resultados de seus profissionais de Relações com Investidores (RI) no que se refere à administração das expectativas do mercado e acompanhar de perto esse trabalho.

A boa administração das expectativas do mercado está intimamente ligada com o fornecimento de guidance financeiro. A redução do risco percebido pelos investidores, o desenvolvimento de credibilidade junto ao mercado de capitais e o conseqüente aumento de valor para os acionistas vêm acompanhados de notícias do tipo “resultado trimestral em linha, ou levemente superior às expectativas” (sem sustos).

Tragédia anunciada no mercado de capitais é a companhia prometer um desempenho financeiro, e não entregar. Pior do que isso é a administração esperar até o último momento, pensando que postergar más notícias é uma forma de reduzir o impacto negativo no preço das ações. Ainda pior é a empresa adotar uma postura formal de que não fornece guidance financeiro e, em reuniões ou visitas individuais com grandes investidores, falar seletivamente sobre suas projeções, o que é ilegal.

Portanto, se a empresa não é gigante nem veterana na bolsa (e com ampla cobertura de analistas de sell-side) e não pertence a um segmento com alta volatilidade de preços/demanda, é essencial a adoção de uma política de guidance financeiro. Basta selecionar três a quatro macroindicadores financeiros que fazem sentido para o negócio (como receita líquida, Ebitda, VGV, vendas “mesmas lojas”, e/ou margem de intermediação financeira) para explicar o desempenho da companhia e fornecer uma faixa para cada um deles com foco anual, sem necessidade de chegar ao “lucro por ação” ou à “margem líquida”.

As companhias não precisam alcançar o guidance no meio da faixa sem jamais atualizá-lo. Se a administração perceber que o seu resultado real tende a ficar fora da faixa antecipada, deve revisar o guidance e fornecer as explicações que embasam tal revisão. O mercado recompensa as empresas que não dão sustos, ou seja, que dominam o negócio e antecipam — com igualdade de tratamento — desvios em relação a projeções anteriores. Isso é desenvolver a credibilidade. Isso é criar valor para os acionistas.


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