Pesquisar
  • Captação de recursos
  • Gestão de Recursos
  • Fusões e aquisições
  • Companhias abertas
  • Governança Corporativa
  • Sustentabilidade
Menu
  • Captação de recursos
  • Gestão de Recursos
  • Fusões e aquisições
  • Companhias abertas
  • Governança Corporativa
  • Sustentabilidade
Assine
Pesquisar
Fechar
Por uma nova abordagem
Fator humano deve passar a ser o foco das análises de governança
  • Alexandre Di Miceli da Silveira
  • outubro 1, 2012
  • Bimestral, Governança Corporativa, Governança, Temas, Edição 110
  • . Governança Corporativa

“Mantivemos nosso comprometimento com as melhores práticas de governança corporativa. Nosso conselho de administração é composto de dez pessoas, nove das quais são independentes. Nossos comitês de auditoria, nomeação e governança, finanças e risco, e remuneração são exclusivamente formados por conselheiros independentes e com expertise nas respectivas áreas. Nosso conselho se reúne regularmente sem a presença do CEO. Comitês e conselho realizam autoavaliação anual. No último ano, a taxa de presença dos conselheiros nas reuniões foi de 96%. Temos um programa para introdução de novos conselheiros e para educação continuada de todos eles. Possuímos código de ética. Contamos com um comitê de riscos, um chief risk officer independente e os mais elevados padrões de gestão de riscos em todos os níveis da companhia. Nossos controles internos são adequados, conforme atestado pelos auditores independentes. Possuímos planos de incentivo baseados em ações a fim de promover maior alinhamento de interesses dos nossos executivos.”

Como você avaliaria a governança da companhia acima? Provavelmente de forma muito positiva. Pois bem, trata-se de um extrato do relatório anual de 2007 do Lehman Brothers, banco norte-americano que faliu de forma espetacular poucos meses após divulgar esse documento. Como outros casos similares, empresas aparentemente exemplares em governança sucumbiram devido a decisões empresariais erradas, problemas no gerenciamento de seus riscos ou fraudes.

O resultado é que o movimento da governança tem sofrido desgaste ao longo dos anos. Em eventos dedicados a debater casos recentes, surgem questionamentos do tipo “mas essas empresas não adotavam as boas práticas de governança?”, evidenciando o atual ceticismo de muitos em relação ao real valor do tema. Surge, então, a pergunta: por que continuamos a ver tanta destruição de valor em todo o mundo após anos de debates e, em tese, aprendizados sobre governança corporativa?

A raiz da resposta pode estar na forma como o assunto foi “comprado” pela grande maioria das companhias, investidores e estudiosos de todo o mundo (incluindo um mea-culpa do autor). Tendo por base trabalhos de economistas ortodoxos construídos sob a égide da teoria do agente principal, a boa governança foi reduzida a um “conjunto de mecanismos de incentivo e controle a fim de fazer com que os agentes (administradores) tomem decisões no melhor interesse dos principais (conjunto de acionistas)”.

De acordo com essa visão tradicional, a mera implantação de ferramentas de incentivo (remuneração baseada em ações, avaliação de desempenho, etc.) e controle (áreas de gestão de risco, compliance, controles internos, auditorias, conselhos com independentes, etc.) bastaria para assegurar empresas bem governadas. Uma grande falácia da governança, essa visão — cujo cerne deriva da limitada ideia da “cenoura e do chicote” da economia tradicional — deixou líderes empresariais à vontade para tratarem o tema como um conjunto de check-lists a serem cumpridos de maneira técnica, fria e desconectada do dia a dia da companhia.

Atrás dessa abordagem, tem-se a eterna premissa dos modelos econômicos teóricos de que as pessoas agem como se fossem homo economicus, isto é, elas sempre:

1. tomam decisões racionalmente perfeitas;

2. pensam exclusivamente em maximizar seus ganhos pessoais; e

3. estão sempre interessadas em burlar as regras caso a penalidade aplicável multiplicada pela probabilidade de ser pego se mostre menor do que o benefício esperado de uma atitude desonesta.

A simplificação do homo economicus é uma premissa longe da realidade. Centenas de trabalhos recentes em diferentes campos do conhecimento vêm comprovando que o comportamento humano é muito mais complexo, dependendo de questões psicológicas, sociais e biológicas.

Em primeiro lugar, estamos sujeitos a inúmeros vieses cognitivos, os quais nos levam a interpretações distorcidas da realidade e, consequentemente, a decisões que fogem da racionalidade. Há mais de cem vieses individuais e coletivos já catalogados.

Segundo ponto: diferentemente da busca exclusiva pelo melhor resultado individual, as pessoas em geral possuem uma tendência a agir de forma cooperativa e no melhor interesse dos grupos dos quais fazem parte. Experimentos em situações reais têm mostrado que as pessoas terão um comportamento mais orientado para o coletivo caso seja criado um contexto social adequado, o qual, por sua vez, depende de três fatores principais: 1) as instruções e os exemplos das lideranças; 2) a reciprocidade, ou expectativa de como os outros agiriam em situações similares; e 3) a empatia, ou a percepção real dos efeitos das ações sobre outras pessoas.

Terceiro, a propensão das pessoas a agir de forma desonesta depende muito mais de fatores psicológicos — tais como a capacidade de racionalizar os atos mantendo uma autoimagem positiva, a ausência de lembretes morais, etc. — do que do risco de ser identificado burlando regras e da penalidade potencial.

Como as premissas por trás da visão tradicional não são verdadeiras, a mera implantação de mecanismos de incentivo e controle não é suficiente para assegurar que as empresas sejam bem governadas, o que explica muitos colapsos de companhias que afirmavam adotar boas práticas.

O que faltaria então para assegurar empresas bem governadas ao longo do tempo? O foco no fator humano, isto é, as pessoas quererem de fato agir no melhor interesse de longo prazo da entidade.

Para isso, as lideranças devem se dedicar incessantemente à criação de ambientes organizacionais que: 1) cultivem continuamente a consciência das pessoas; 2) melhorem o processo decisório constantemente, reduzindo os vieses; 3) diminuam a probabilidade de ações fora das regras estabelecidas, a partir de uma compreensão dos aspectos psicológicos que as ocasionam.

A parte mais difícil desse processo, provavelmente, é mudar a mentalidade das lideranças. De um lado, casos como o do Lehman Brothers mostram que os líderes tendem a se concentrar nos resultados pessoais de curto prazo, sem preocupações de impactos sobre terceiros. Do outro, a redução dos vieses depende de um sistema de contrapesos efetivo, o qual implica descentralização de poder, algo não necessariamente bem-vindo por mandatários que se sentem confortáveis em manter o status quo e seu modus operand.

Em resumo, necessitamos de uma visão mais ampla da boa governança. Nela, os mecanismos de incentivo e controle continuam a ser importantes, porém não devem ser aceitos como suficientes. Ao final, teremos empresas nas quais as decisões são tomadas no melhor interesse de longo prazo da entidade e nas quais as pessoas cumprem as regras.


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.

Quero me cadastrar!

Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.

Quero conhecer os planos

Já sou assinante

User Login!

Perdeu a senha ?
This site is protected by reCAPTCHA and the Google
Privacy Policy and Terms of Service apply.
Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais

Quero conhecer os planos


Ja é assinante? Clique aqui

acompanhe a newsletter

todas as segundas-feiras,
gratuitamente, em seu e-mail

Leia também

Curso Novas regras da Resolução CVM 59

CVM estuda facilitar transferência de recursos para corretora nova

Miguel Angelo

Risco de recessão faz ofertas de ações globais despencarem

Miguel Angelo

acompanhe a newsletter

todas as segundas-feiras, gratuitamente, em seu e-mail

Leia também

Curso Novas regras da Resolução CVM 59

CVM estuda facilitar transferência de recursos para corretora nova

Miguel Angelo

Risco de recessão faz ofertas de ações globais despencarem

Miguel Angelo

Sobrou para a Lei das Estatais

Redação Capital Aberto

CVM acerta ao conciliar sigilo com transparência nas arbitragens

Nelson Eizirik
AnteriorAnterior
PróximoPróximo

mais
conteúdos

Iniciativas dedicadas a combater o segundo maior vilão do aquecimento global ganham força, inclusive no Brasil

Metano entra no radar de investidores e governos

Miguel Angelo 24 de abril de 2022
ESG: Em pesquisa feita pela Harris Pool, 60% dos executivos admitem que suas companhias praticaram greenwashing

ESG de mentira: maioria de executivos admite greenwashing

Carolina Rocha 24 de abril de 2022
Evandro Buccini

O crédito para empresas no contexto de juros em alta

Evandro Buccini 24 de abril de 2022
A intrincada tarefa de regular criptoativos

A intricada tarefa de se regular os criptoativos

Erik Oioli 24 de abril de 2022
Guerra na Ucrânia incentiva investidores a tirar capital da China e direcionar recursos para outros emergentes

Dinheiro estrangeiro busca a democracia e aterrissa no Brasil

Paula Lepinski 24 de abril de 2022
O que muda para as fintechs com as novas regras do Banco Central

O que muda para as fintechs com as novas regras do Banco Central

Pedro Eroles- Lorena Robinson- Marina Caldas- Camila Leiva 20 de abril de 2022
  • Quem somos
  • Acervo Capital Aberto
  • Loja
  • Anuncie
  • Áudios
  • Estúdio
  • Fale conosco
  • 55 11 98719 7488 (assinaturas e financeiro)
  • +55 11 99160 7169 (redação)
  • +55 11 94989 4755 (cursos e inscrições | atendimento via whatsapp)
  • +55 11 99215 9290 (negócios & patrocínios)
Twitter Facebook-f Youtube Instagram Linkedin Rss
Cadastre-se
assine
Minha conta
Menu
  • Temas
    • Bolsas e conjuntura
    • Captações de recursos
    • Gestão de Recursos
    • Fusões e aquisições
    • Companhias abertas
    • Legislação e Regulamentação
    • Governança Corporativa
    • Negócios e Inovação
    • Sustentabilidade
  • Conteúdos
    • Reportagens
    • Explicando
    • Coletâneas
    • Colunas
      • Alexandre Di Miceli
      • Alexandre Fialho
      • Alexandre Póvoa
      • Ana Siqueira
      • Carlos Augusto Junqueira de Siqueira
      • Daniel Izzo
      • Eliseu Martins
      • Evandro Buccini
      • Henrique Luz
      • Nelson Eizirik
      • Pablo Renteria
      • Peter Jancso
      • Raphael Martins
      • Walter Pellecchia
    • Artigos
    • Ensaios
    • Newsletter
  • Encontros
    • Conexão Capital
    • Grupos de Discussão
  • Patrocinados
    • Blanchet Advogados
    • Brunswick
    • CDP
    • Machado Meyer
  • Cursos
    • Programe-se!
    • Cursos de atualização
      • Gravações disponíveis
      • Por tema
        • Captação de recursos
        • Funcionamento das cias abertas
        • Fusões e aquisições
        • Gestão de recursos
        • Relações societárias
    • Cursos in company
    • Videoaulas
    • Webinars
  • Trilhas de conhecimento
    • Fusões e aquisições
    • Funcionamento de companhia aberta
  • Loja
  • Fale Conosco

Siga-nos

Twitter Facebook-f Youtube Instagram Linkedin Rss

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.

quero assinar