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Obras à Mills
Fornecedora de megaprojetos de infraestrutura, companhia caminha à margem das crises

No momento, de todas as companhias listadas em bolsa de valores, talvez nenhuma se beneficie tanto quanto a Mills do frenesi em torno dos investimentos crescentes em infraestrutura no País. De janeiro a 19 de julho deste ano, a companhia alcançou uma valorização de 46,8%, marca invejável diante de uma queda de 2,5% do Ibovespa. Desde a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), em abril de 2010, o retorno é de 124,3%. O desempenho está intimamente ligado à execução de projetos de infraestrutura. A empresa fornece serviços e equipamentos essenciais para erguer edifícios, pontes e aeroportos, como andaimes, treliças e plataformas.

É essa característica que, mesmo com tão pouco tempo de bolsa, atraiu a atenção dos analistas e investidores. O mercado que a Mills abastece receberá investimentos acima de R$ 3,3 bilhões entre 2011 e 2014, segundo estimativa da própria companhia baseada em dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Só para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada do Rio de Janeiro, de 2016, é esperada uma injeção de R$ 47 bilhões. Os recursos vão permitir a construção e a reforma de estádios e terminais aéreos e a melhora de estruturas de mobilidade urbana. “Várias obras de infraestrutura no Brasil já foram contratadas, outras ainda estão para sair do papel. A produção tende a se acelerar e vai crescer muito nos próximos anos, independentemente do cenário ou de crises internacionais. A demanda é garantida”, diz Walter Mendes, sócio e gestor da Cultinvest Asset Management.

Outra virtude da Mills é não depender do resultado de licitações ou editais públicos para lucrar com as grandes obras de infraestrutura, pois está sempre do lado dos vencedores. Por ser fornecedora das empreiteiras, não participa de concorrência nem assina contratos diretamente com o governo. Com esses atributos, tornou-se uma opção conveniente para investidores que, em tempos árduos na Europa e de PIB brasileiro patinando, procuram papéis resistentes às más notícias da economia. “Se o setor de infraestrutura é seguro, a Mills é ainda mais: quase uma blindagem dentro da blindagem”, resume Mendes.

O otimismo é confirmado pelos resultados apresentados. No balanço do primeiro trimestre deste ano, a empresa reportou uma receita líquida recorde de R$ 199,1 milhões, crescimento de 37,3% em comparação ao mesmo período do ano anterior, e de 2,9% em relação ao último trimestre de 2011. A margem Ebitda foi de 43,3%, a maior proporção trimestral dos últimos três anos. Os administradores atribuíram a boa forma ao aumento do ritmo de desembolsos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no fim do ano passado. Em 2011, foram liberados R$ 204,4 bilhões do plano de investimento do governo federal, 21% do previsto para o período de 2011 a 2014 (R$ 955 bilhões), segundo informações da Mills. Contemplados pelo PAC, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a Usina Hidrelétrica de Jirau (RO) e a Ferrovia Transnordestina são alguns dos principais combustíveis do faturamento da companhia, ao lado da renovação do estádio do Maracanã.

Em julho, a Mills alegrou ainda mais os acionistas ao informar a elevação do orçamento para investimentos em 2012, de R$ 127 milhões para R$ 256 milhões, “de forma a continuar a capturar as oportunidades atrativas de seus mercados de atuação”, sintetizou em comunicado. A empresa não detalhou o destino dos recursos, mas revelou que mais da metade seria dirigida à divisão “rental”, que compreende a locação e a venda de equipamentos para transporte de pessoas e cargas em grandes alturas. “Esperávamos um aumento nos investimentos, mas a magnitude nos surpreendeu. Isso significa que estão sendo feitos novos pedidos de serviços e produtos. A empresa tem a postura de só pisar no acelerador quando há sinais positivos para fazer esse movimento”, salienta Pedro Rudge, sócio da Leblon Equities, que possui 1% do capital total da Mills, o equivalente a R$ 33 milhões.

O bom momento da companhia levou a Coinvalores a iniciar a cobertura dos papéis e, logo de início, recomendar a compra. O departamento de análise da corretora estima que, mesmo num ritmo mais cadenciado, o preço das ações tenha espaço para evoluir nos próximos 12 meses. Os analistas Felipe Martins Silveira e Marco Aurélio Barbosa veem baixo risco de curto ou médio prazos. Isso porque boa parte das receitas está assegurada por projetos em andamento ou aprovados pelo governo, que demandarão serviços e produtos durante três ou quatro anos. Na avaliação da dupla, a Copa e a Olimpíada vão impor um prazo final às obras, evitando atrasos e adiamentos de vendas relevantes para a Mills. A grande dúvida que paira na mente dos investidores é em relação ao futuro mais distante: como será o ciclo de investimentos em infraestrutura após o fim da Olimpíada do Rio de Janeiro? Ninguém sabe ao certo quais serão as medidas do governo e se os investimentos em obras continuarão sendo renovados depois de 2016. Uma possibilidade é que, até lá, a Mills possa expandir seu leque de atividades e aprimorar o ganho de escala. Procurada pela reportagem, a empresa preferiu não se manifestar. “À medida que a companhia crescer, vai conseguir aumentar sua escala e cobrar preços mais atrativos. Esse ganho poderá torná-la ainda mais competitiva, assegurando a rentabilidade”, acredita Rudge.

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