O show vai continuar?

, O show vai continuar?, Capital Aberto

 

Charlie Munger, 86 anos, tenta rasgar um saco plástico com o doce de amendoim da See’s Candies, subsidiária da Berkshire Hathaway, mas não consegue. Percebendo a dificuldade do amigo, Warren Buffett, 79, toma-lhe o pacote das mãos, dá uma dentada em uma de suas extremidades e rompe o lacre. A cena, acompanhada por jornalistas antes do início da entrevista coletiva, em 2 de maio, faltou só arrancar aplausos. Seria banal não fossem os dois velhinhos bilionários e, respectivamente, vice-presidente e presidente do conselho de administração da Berkshire Hathaway, holding de participações com incrível histórico de rentabilidade que ajudou a criar a lenda em torno de Warrren Buffett. Ver o oráculo de Omaha em gestos tão corriqueiros só fortalece o mito. Eis alguém que vai a um restaurante modesto tomar um milk-shake de chocolate, depois de falar com 37 mil pessoas em uma assembleia de acionistas como se estivessse na sala de estar.

Afinal, pode um mito ser substituído? Por mais que tente tranquilizar os acionistas da Berkshire de que a cultura da companhia será preservada após sua partida, Buffett terá sempre de enfrentar esse questionamento, pelo menos enquanto não apresentar oficialmente seus sucessores. David Sokol, presidente do conselho de administração da MidAmerican Energy e CEO da NetJets, ambas subsidiárias da Berkshire, é apontado como o candidato com as maiores chances de suceder Buffett. Sokol já provou sua habilidade como executivo, é verdade. Mas não necessariamente ele é visto como o nome ideal para o cargo de chefe de investimentos, hoje também ocupado por Buffett. “Você vai querer vender sua companhia para Sokol?”, disse ao Wall Street Journal Jeff Matthews, gestor do hedge fund Ram Partners e autor de um livro sobre as assembleias de Buffett. “Ninguém poderá se vangloriar disso”, acredita.

Há alguns anos Buffett vem dizendo que sua função será dividida em duas. Um executivo vai se tornar CEO e responsável pelas operações, enquanto a tarefa de conduzir os investimentos poderá ser delegada a um ou mais executivos. Ele afirma que seu conselho de administração sabe de suas recomendações para cada um dos postos. Nessa última assembleia, quando indagado sobre o assunto, disse que em 24 horas após a sua morte o board será capaz de apontar o novo CEO. Mas o fato de fazer tanto segredo em torno dos nomes nos leva a pensar que nem ele mesmo esteja certo sobre quem poderá herdar sua batuta. Buffett sempre avisa, brincando, que não vai embora tão cedo, pois goza de uma saúde de ferro. No que depender dele, não há dúvidas: o show vai continuar.

Ao vivo e a cores, fica claro que ele tem mesmo uma disposição impressionante. E que suas palavras ainda são fortes o suficiente para inspirar investidores individuais e institucionais em todo o mundo. É por isso que a CAPITAL ABERTO, pela terceira vez, produz uma encadernação para tratar exclusivamente do encontro anual da Berkshire Hathaway, destacando o modo particular de Buffett e Charlie de olhar para as empresas e de se relacionar com investidores.


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