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O quinto poder

Uma das formas de medir o desenvolvimento do mercado de capitais de um país é a institucionalização da sua poupança. Quanto mais organizados estiverem os recursos individuais, sob a forma de fundos de investimento, de previdência ou outros mecanismos de aplicação coletiva, maiores serão as chances de equilíbrio nas relações entre emissores e investidores.

Mais recentemente, vimos que a contribuição dos investidores institucionais pode ir muito além do desenvolvimento dos mercados. No papel de porta-vozes de uma coletividade, e fortalecidos pela imponência dos recursos sob seus cuidados, eles vêm se revelando verdadeiros propulsores de avanços sociais. Pressionam companhias e governos inimigos do meio ambiente e dos direitos humanos. Refutam-se a apoiar, ainda que indiretamente, práticas ultrajantes como o trabalho infantil, a tortura ou o genocídio. Buscam aliados para somar forças e pressionar malfeitores. Mudam o curso da história de uma sociedade respaldados pelo poder da soma das pequenas poupanças de seus membros.

Por falar em poder, se a imprensa ocupa mesmo o quarto lugar na hierarquia dos poderes de um Estado democrático, é plausível pensar que a comunidade de investidores merece o quinto. E se alguma das quatro esferas anteriores ainda não reconheceu a importância desse novo ator, está mais do que na hora de fazê-lo. À luz da influência dos investidores nos rumos da sociedade, e da sua capacidade de agir para desenvolvê-la e moralizá-la, é conveniente que as demais forças não os menosprezem.

No Brasil, a propósito, os Poderes Executivo e Legislativo não parecem muito preocupados com esses agentes. Veja-se o episódio da cessão dos direitos de exploração do pré-sal à Petrobras, tema da reportagem iniciada na página 20. A forma escolhida pelo governo para fazer a transação não apenas diluirá brutalmente a participação dos investidores, como abrirá um precedente para que outros acionistas controladores façam o mesmo sem ouvir os minoritários.

É o Poder Executivo comportando-se como um dono do tipo quem-manda-aqui-sou-eu, completamente fora de moda num mundo globalizado em que empresas carecem de fontes competitivas e diversificadas de capital para sobreviver. Se investidores organizados fazem bem ao desenvolvimento econômico e social de um país, cabe aos governantes tratá-los com respeito, reconhecendo os seus direitos, principalmente quando a União é o controlador e os investidores, os minoritários.


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