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O português que copiava
O incrível golpe bilionário do homem que falsificou dinheiro usando o nome e a estrutura do banco oficial

, O português que copiava, Capital AbertoApós a queda da pirâmide financeira arquitetada por “Bernie” (Bernard Madoff), a mídia rapidamente nos impressiona com a comparação entre a magnitude dos famosos escândalos financeiros recentes. Mas é possível que a soma de todas as perdas de casos como Banco Barings, Long Term Capital Management, Societé Generale e os demais ainda não alcance o impacto econômico causado por O homem que roubou Portugal. A obra do jornalista americano Murray Teigh Bloom trata do golpe financeiro tramado pelo cidadão português Artur Virgílio Alves Reis, cujo valor atingiu 2,6% do PIB português em 1925. Para colocar esse número na perspectiva atual brasileira, a manobra representaria a surreal cifra de R$ 70 bilhões.

O impacto do golpe de Alves Reis foi de tal sorte que o convulsionado estado de Portugal sofre um golpe militar em 1926 e se vê obrigado a indicar um novo ministro das finanças, o professor Antonio de Oliveira Salazar. Assim, o crime de Alves Reis mergulhou o país na ditadura salazarista, que perduraria por 42 anos.

A improvável aventura de Alves Reis tem sua gênese na revolta do protagonista diante da falência de seus negócios e sua estada na prisão, cuja culpa atribuía ao Banco de Portugal. Para dar vazão a seu sentimento de vingança, ele estuda o funcionamento e os estatutos da instituição financeira e decide imprimir dinheiro “da mesma forma criminosa e clandestina com que o Banco de Portugal vinha inundando a economia do país”. A partir de uma falsificação que ganhou enorme proporção, articulou um pequeno núcleo de comparsas desavisados. Em uma sequência acidental digna dos melhores enredos de pastelão, todos os mecanismos de checagem para impedir que um joão-ninguém ordenasse a impressão de cédulas de um país na renomada firma inglesa Waterlow & Sons foram driblados ou ignorados.

O homem que roubou Portugal
Murray Teigh Bloom
Zahar Editora
336 páginas
1ª edição – 12/2008

Uma vez de posse das notas, Alves Reis e seus comparsas promovem uma estratégia simples para colocar as cédulas fresquinhas de 500 escudos em circulação, sem chamar a atenção. A despeito de sentir uma inundação do dinheiro graúdo na economia, o banco português não tinha como identificar sua origem, uma vez que as matrizes de impressão usadas pela Waterlow eram as originais do governo. Os recursos, então, capitalizaram uma nova instituição financeira, que buscou avidamente adquirir ações do Banco de Portugal, em uma operação de “take over” hostil. O incrível golpe ia bem até que um obscuro funcionário de uma inexpressiva casa de câmbio da cidade do Porto percebeu algo estranho e resolveu denunciar às autoridades. A partir daí, a sorte que havia protegido Alves Reis começou a abandoná-lo em alta velocidade.

Quase todos os envolvidos foram presos e terminaram pobres. Alves Reis cumpriu 20 anos de prisão, cinco deles antes do julgamento, ocorrido em 1930. “Neste mundo materialista a que pertenço, não há homens honestos nem escroques. Há somente vitoriosos e derrotados”, diria o improvável “gênio” financeiro. Essa pérola da ética está no contexto do livro de quase 80 anos atrás, mas “Bernie”, sua turma, e os golpistas que ainda virão garantem a lembrança sempre presente de que a ganância corrompe os cantos mais recônditos da frágil alma humana.


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