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O plano do “PCC”
Em alta conta com investidores, os andinos Peru, Chile e Colômbia se articulam para integrar suas bolsas de valores

, O plano do “PCC”, Capital Aberto

Enquanto o Brasil se prepara para liderar a unificação dos mercados acionários latino-americanos, um “PCC” com boa reputação, composto de Peru, Chile e Colômbia, não está parado. No dia 4 de março, as Bolsas de Valores de Santiago, Lima e da Colômbia anunciaram um acordo que prevê a integração de seus pregões. O objetivo é fomentar a liquidez e tornar os países andinos mais atrativos aos investidores. “Com o tempo, companhias de cada um desses mercados poderão ser listadas em qualquer uma das três praças”, diz Alvaro Camaro, vice-presidente de risco da Interbolsa, maior corretora de valores da Colômbia. No Brasil, a Interbolsa ficou conhecida pela aquisição da corretora paulista Finabank, em março.

A parceria favorece, sobretudo, os mercados de capitais da Colômbia e do Peru, defasados em relação ao chileno

Com previsão de término para 2011, o processo de integração será feito em duas etapas. A primeira consiste na flexibilização das regras de circulação de capitais. No início, uma empresa baseada em qualquer país do trio que quiser listar ações em uma das bolsas do grupo terá de fazer a distribuição dos papéis por meio de uma corretora do país-sede do pregão, por exemplo. Na etapa final, corretoras das três nacionalidades poderão atuar diretamente em todas as bolsas, desde que se credenciem para operar no mercado comum. Segundo o acordo de integração, investidores institucionais chilenos, colombianos e peruanos receberão o mesmo tipo de tratamento nas três jurisdições.

O plano prevê também a criação de um sistema integrado de compensação e liquidação de ativos, que fará a conversão automática de moedas. Cada bolsa será responsável pela administração de seus respectivos mercados enquanto as regras de uniformização não forem aprovadas. Uma das vantagens da união andina é a diversificação dos riscos e a complementaridade das bolsas, ressaltou a vice-presidente de operações e emissões da Bolsa de Valores da Colômbia, Amanda Mago, na assinatura do acordo. Como ela lembrou, a bolsa colombiana tem uma concentração maior em ações de infraestrutura e energia, e o mercado peruano é forte em mineração.

aliança promissora — A parceria favorece, sobretudo, o desenvolvimento dos mercados de capitais da Colômbia e do Peru, defasados em relação ao chileno — não é de hoje que o Chile goza de prestígio internacional. Para o economista-chefe do banco HSBC para a América Latina (exceto Brasil), Javier Finkman, os mercados colombiano e peruano carecem de liquidez e necessitam diversificar os setores que são alvo de investimentos. Os dois países são altamente dependentes de produtos de exportação como petróleo, metais preciosos (ouro e prata), café e frutas. “Em razão disso, ambas as economias têm também oportunidades de desenvolver seus mercados de derivativos”, acrescenta Finkman.

Chile, Colômbia e Peru são algumas das economias mais confiáveis para os investidores na região, devido à estabilidade econômica e ao respeito às regras de mercado nos últimos anos. Tanto na Colômbia como no Peru, a adoção de medidas econômicas ortodoxas, como metas de inflação, disciplina fiscal e redução da dívida externa, contribuíram para a melhoria dessa percepção, segundo Finkman. No caso colombiano, o sucesso na implantação das políticas de segurança pública do governo de Álvaro Uribe também foi decisivo para manter os investidores no mercado do país.

Já o Peru foi a nação que mais se beneficiou da adesão às regras de mercado, na opinião de Cate Ambrose, presidente da Latin American Venture Capital Association (Lavca), a associação de investidores de capital de risco da América Latina. “A proatividade do Peru em perseguir acordos de livre comércio fez com que esse país tivesse o crescimento mais rápido da região”, afirma. A agência ProInversion contabiliza 32 acordos bilaterais de comércio com Peru, atualmente, que vão desde a China até o Brasil. De 2001 a 2008, a economia peruana cresceu 58,2%, o segundo maior avanço da América Latina, atrás apenas do Panamá (63,2%), de acordo com o Fundo Monetário Internacional e bancos centrais regionais. No mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 32,4%.

Os prognósticos de crescimento para Brasil, Chile e Peru são os mais elevados. A economia latino-americana vai crescer 4,8% em 2010, puxada pelos três países, conforme previsão do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que tem entre seus associados corporações multinacionais, companhias exportadoras e agências multilaterais de crédito. A economia brasileira deve avançar 5,8% em 2010, a chilena 5,5%, e a peruana 5,6%, de acordo com o IIF.

futuro de óleo e minério — Alvaro Camaro, da Interbolsa, diz que as perspectivas mais favoráveis para a valorização de ações na Colômbia estão no setor de petróleo, carro-chefe do crescimento. As petrolíferas Ecopetrol e Pacific Rubiales terão de aumentar a capacidade de produção, dada a necessidade de atender à aquecida demanda mundial.
O setor de mineração também receberá investimentos para ampliação de capacidade, diz ele. “O homem mais rico do Brasil, Eike Batista, já disse que quer investir em minas de ouro de nosso país”, observa. Em declarações aos veículos O Globo e Agência Estado, Batista anunciou sua intenção de explorar ouro no país e criar uma nova subsidiária, que será batizada de AUX. Uma oferta de ações da AUX na Colômbia deverá ocorrer em 2011, com o objetivo de captar US$ 1 bilhão.

Companhias ligadas a construção civil, indústria e comércio fecham a lista de Camaro, “basicamente por estarem se recuperando das perdas do ano passado”. A previsão de crescimento do Indice General de la Bolsa de Valores da Colômbia (IGBC), principal indicador do mercado acionário colombiano, é de até 15%, segundo o executivo, terminando o ano em 13.342 pontos em relação aos 11.601 pontos de 2009.

No vizinho Peru, o chefe de pesquisa da corretora MCC Seminario, Bruno Ferrari, avalia que o setor de mineração será um dos mais promissores devido às exportações de metais para a China, maior compradora. As mineradoras de destaque são a Volcan, que extrai metais como zinco e prata, e Buenaventura, produtora de ouro, prata e zinco. Para o sócio da corretora Intercapital, Luis Zapata, o crescimento da bolsa será de até 30%. De 2005 até 2009, o crescimento médio do índice de referência da bolsa peruana foi de 24%. Em 2005, o índice teve o seu avanço mais vigoroso, saltando de 4.802 pontos para 12.884 pontos, uma variação positiva de 168%. Se a projeção de Zapata se confirmar, o Indice General de la Bolsa de Valores de Lima (IGBVL) vai encerrar 2010 saltando de 14.167 pontos, em 2009, para 18.417 pontos.

No fim do ano passado, as empresas da América Latina respondiam por 4,55% da capitalização de mercado mundial. Na região, o Brasil lidera com ampla vantagem. Suas companhias somam US$ 1,34 trilhão, ou 61,4% do total. Em seguida vêm as companhias do México, com 16,16% de participação, ou US$ 351,96 bilhões. Juntas, as empresas listadas nas bolsas de Peru, Chile e Colômbia somam 20,33% do valor de mercado da região, ou US$ 442,79 bilhões.


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