O juro está baixando. E agora?

Há muito os títulos emitidos pelo governo federal são a pedra no sapato do mercado de ações. As vigorosas taxas de juros oferecidas pelo Brasil afagam os poupadores internos com títulos de liquidez diária, risco moderado e retorno magnífico. Não à toa, os juros altos se tornaram, com o tempo, o argumento fácil para justificar a pequenez do mercado acionário brasileiro. Por que raios se arriscar no pregão se os fundos DI, lastreados nos generosos títulos públicos, são garantia de sono tranquilo com retorno satisfatório?

Os profissionais de investimentos sabiam, contudo, que a mamata iria acabar. E, neste ano, vêm recebendo sinais contundentes de que os juros reais, aqueles que subtraem a inflação, poderão se acomodar em patamar mais baixo no futuro breve. Uma encrenca para os gestores de renda fixa e um alento para os de renda variável? Provavelmente. Na matéria da página 10, a repórter Bruna Maia traça algumas perspectivas para a indústria de fundos na nova era.

Interessante notar, porém, que a bolsa de valores, agora diante da notícia mais aguardada por seus agentes, está sendo pega de calças curtas. Parece que o tempo dos juros estratosféricos não foi suficiente para preparar o Brasil para o período da maturidade. São apenas 575 mil investidores pessoas físicas em um país de 191 milhões de habitantes. O aplicador individual, seja em razão do miúdo saldo disponível para investir, dos traumas econômicos do período inflacionário, ou da falta de educação financeira, não se acostumou a colocar seu dinheiro em ações.

Do lado das empresas listadas, o progresso também se revelou insuficiente. A retomada das ofertas iniciais foi uma conquista fabulosa, mas, na última linha, o Brasil ainda contabiliza apenas 467 empresas negociadas no pregão. Assim como o aplicador receoso com o sobe e desce da bolsa, o empresário teme ver seu patrimônio devassado ao abrir o capital de sua empresa. Não há dúvida de que existem várias exceções, e de que são elas as responsáveis pela prosperidade do mercado de capitais na última década. Mas o medo, ateado pelo desconhecimento, ainda prevalece em muitas situações.

A promessa de um juro bem calibrado abre a janela de um novo tempo na renda variável. Pode demorar, mas em algum momento os investidores terão de se arriscar mais, e os empresários, estimulados pela demanda por ações, ficarão mais propensos a abrir o capital — um filme que vimos passar em anos memoráveis para os IPOs, como o de 2007. É de se pensar, portanto, que as mudanças mais consistentes no mercado brasileiro podem estar começando somente agora.

, O juro está baixando. E agora?, Capital Aberto


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