Nova bolsa de valores será voltada para institucionais

Desde que a BM&FBovespa se desmutualizou, imaginava-se que alguém manifestaria o interesse em criar uma bolsa concorrente. Demorou, mas esse alguém finalmente apareceu. Trata-se de Walter Fernandes Alvarez Filho, presidente do conselho de administração da Bolsa de Valores de Bahia, Sergipe e Alagoas (Bovesba). “Estou há um ano trabalhando nisso”, conta. Segundo ele, dentre os seus parceiros na empreitada está a Claritas Investimentos, que, procurada, preferiu não comentar o assunto.

Para o projeto se tornar uma realidade, o primeiro passo é adequar a Bovesba à Instrução 461, editada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2007. A norma modernizou as exigências para constituição e manutenção de uma bolsa, além de ter preparado o ambiente regulatório para processos de desmutualização e abertura de capital. O resultado final seria uma bolsa apta a negociar todos os valores mobiliários já listados na BM&FBovespa, inclusive Brazilian depositary receipts (BDRs). Com uma particularidade: não abrirá as portas para investidores pessoa física. O plano é restringir o ambiente a institucionais, como gestoras de recursos e fundos de pensão.

O entrave a ser solucionado para a criação de uma bolsa concorrente é a viabilização de uma câmara de liquidação e compensação de ativos (clearing). No Brasil, apenas a Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), pertencente à BM&FBovespa, desempenha a função. Para não depender do serviço da concorrência, a Bovesba estuda, segundo uma fonte consultada pela reportagem, o desenvolvimento de uma câmara própria e a possibilidade de parceria com uma clearing estrangeira.

A existência de apenas uma central depositária sempre foi apontada como um fator perpetuador do monopólio da Bolsa. Quem quiser concorrer com ela terá de se aventurar a pagar pelos seus serviços ou arcar com os custos de instalar e manter uma clearing própria. “Ganharemos participantes com agilidade e qualidade no relacionamento”, diz a fonte. Um nicho de mercado que poderia ser abocanhado pela bolsa baiana é o da listagem de empresas de médio porte, filão que na BM&FBovespa seria do Bovespa Mais, com poucas adesões até o momento. “Toda concorrência é sempre válida”, observa Saul Sabbá, presidente do Banco Máxima.

O Deutsche Bank chegou a ser contatado para ser sócio da nova bolsa, mas preferiu selar uma parceria com a BM&FBovespa para emissão de BDRs. Segundo a assessoria de imprensa do banco alemão, na instituição não há “nenhuma negociação em andamento para abertura de uma bolsa de valores alternativa no Brasil”.

A Bovesba nasceu sob a alcunha de Junta dos Corretores, por meio de um decreto imperial de 1851, apenas um dia antes da criação da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, a primeira do País. Em agosto de 2001, ficou de fora da fusão operacional das bolsas regionais e enfrentou um forte baque financeiro. Todas as transações migraram para São Paulo, junto com companhias originalmente listadas na Bahia como Braskem e Ferbasa. Sem recursos e inoperante, ela ficou no limbo por quase uma década. Como não seguiu os passos da Bolsa do Rio, que se uniu à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), também ficou à margem de toda a transformação do setor — marcada por eventos como a desmutualização, a abertura de capital e a união entre Bovespa e a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), operação que colocou o Brasil no topo do ranking de bolsas mundiais.


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