Nota vermelha
Investidores mudam de opinião quanto à Estácio após resultados abaixo do esperado

, Nota vermelha, Capital AbertoDestaque de alta na edição de novembro de 2008 da CAPITAL ABERTO, quando tudo parecia conspirar a seu favor, a Estácio vivenciou nos últimos seis meses um inferno astral. Suas ações amargaram queda de 5,4% no período, em uma curva inversa, ainda que em menor proporção, à exuberante alta de 47% entre março e setembro do ano passado.

Naquela época, a companhia colhia, com surpreendente rapidez, os frutos dos acertos nos meses anteriores. Em maio, 20% do seu capital tinha sido vendido para a GP Investimentos, por R$ 259 milhões. A operação encheu de ânimo o mercado, que via na GP a perspectiva de retornos maiores e mais dinamismo na gestão. Em seguida, a empresa deu outro passo importante: ingressou no Novo Mercado da BM&Bovespa, o mais elevado nível da Bolsa em regras de governança corporativa. Os investidores comemoraram.

Este ano, tudo mudou para essa universidade, que conta com 57 unidades, 190 mil alunos e 180 cursos. Seus papéis perderam valor e liquidez, num movimento que o analista da Coinvalores Marcos Saravalle atribui à performance abaixo das expectativas sinalizadas pela própria companhia. “Isso está afetando o seu desempenho em bolsa mais do que o esperado”, diz. O analista Rafael Burquim, da Planner Corretora, endossa essa visão. “A desvalorização é um sinal claro de que as pessoas não estão acreditando no crescimento da empresa”, declara.

No segundo trimestre deste ano, a Estácio Participações divulgou uma queda de 27,8% no lucro líquido em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, para R$ 7,8 milhões. Outros indicadores não foram tão mal assim, mas tampouco se mostraram animadores. O Ebitda aumentou 4,5%, para R$ 18,7 milhões, enquanto a receita líquida cresceu 3,9%, para R$ 258,2 milhões. A margem bruta, o ponto mais destacado pela direção da empresa, obteve ganho de 1,2 ponto percentual, atingindo o patamar de 27,5%.

O processo de reestruturação da Estácio, concluído no segundo semestre do ano passado, e a sua opção por não fazer aquisições, ao contrário de outros grupos do ramo de educação, explicam os resultados modestos, na opinião de Saravalle. A partir da entrada da GP Investimentos, a universidade reformulou sua grade de ensino, sempre levando em conta a busca pela rentabilidade.

“A Estácio enfrenta a concorrência de grupos de educação com capital fechado e de universidades públicas com ensino de qualidade”, opina Burquim, da Planner Corretora. Um ponto contra a Estácio, ressalta, é o fato de ela ser voltada às classes A e B — não se beneficiando, portanto, do crescimento da renda dos públicos C e D, que engordam o número de matrículas na concorrência.

Em conferência realizada na segunda semana de agosto para detalhar os resultados do trimestre, o CEO da Estácio Participações, Fernando Alcalay, destacou avanços na gestão da base de alunos. “Estamos no caminho certo”, assegurou. A empresa comemorou a marca de 20,9 mil alunos matriculados em cursos de ensino a distância (EAD) após um ano do lançamento dessa modalidade, buscando se aproximar da concorrência. Também foi destaque a redução de 15,7% na evasão de alunos, graças a programas de retenção. Saravalle, da Coinvalores, reconhece o mérito da ampliação do ensino a distância, mas observa que, em contrapartida, a universidade amargou, no primeiro trimestre, uma redução no número de alunos de seu curso presencial, que constituem a maior parte das matrículas.

Apesar disso, o analista crê em um cenário mais favorável à Estácio no segundo semestre. Sua expectativa é de que o crescimento da economia brasileira se reflita no número de matrículas. O impacto tardio, para Saravalle, é típico do setor: “Os alunos que congelaram suas matrículas levam pelo menos um semestre para tomar a decisão de voltar às aulas”. Ele considera que as reformulações realizadas na companhia também deverão começar a mostrar efeito
neste semestre.

Burquim é menos otimista. “Não vejo grande esforço para alcançar maior rentabilidade. Pode ser que a empresa esteja focando qualidade neste momento e deixando os resultados para mais tarde”, avalia. Por ora, ele recomenda que os investidores não fixem posições nos papéis da Estácio e nem de outras empresas de educação.

No dia 11 de agosto, a Estácio divulgou o pedido de registro para realizar uma oferta pública de ações primária e secundária. Seus acionistas fundadores, João Uchôa Cavalcanti Netto e Monique Uchôa Cavalcanti de Vasconcelos, esperam reduzir substancialmente a parcela no capital da companhia, deixando-a sem um acionista controlador definido. A estimativa é de que cerca de 70% das ações passem a ficar disponíveis para negociação em bolsa de valores.


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.


Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.


Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais


Ja é assinante? Clique aqui

mais
conteúdos

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.