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No alvo de especulações
Em recuperação judicial, Agrenco valoriza-se sob a mira de potenciais compradores

, No alvo de especulações, Capital AbertoFoi um mar de notícias ruins. E cenas ainda piores. Em junho de 2008, executivos da Agrenco — dentre eles o fundador, Antônio Iafelice — foram presos no desfecho da “Operação Influenza”, da Polícia Federal, que apontou indícios de crimes como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e corrupção. O escândalo jogou a empresa nas mãos de uma recuperação judicial e, um ano depois, a Justiça considerou as provas inválidas. Os papéis despencaram, desvalorizando-se mais de 95% naquele ano. Em 2009, tudo foi diferente. Antes do brinde de fim de ano, os papéis haviam subido bem mais de 1000%. E viraram 2010, ainda empinando para cima, com altas sucessivas. Mas, operacional e financeiramente, a empresa se contorce.

É de estranhar que, diante de um cenário sombrio e com tantos dissabores, a Agrenco tenha sido incluída no hall de celebridades (mesmo que temporárias) da Bolsa. Comercializadora de commodities agrícolas, em especial soja, a companhia está sem operar desde 2008, mas se tornou uma espécie de alvo de grandes grupos, dispostos a comprar ou arrendar os seus ativos. “Ela está no radar dos grandes”, sentenciou um alto executivo de uma empresa do ramo. O volume de rumores foi intenso e alimentou a sequência de alta no pregão.

Na bolsa de apostas, surgem como potenciais compradores Louis Dreyfus, Bunge e uma multinacional de Hong Kong, a Noble. Também estaria no páreo a Glencore, companhia suíça de commodities agrícolas que assumiu as rédeas da Agrenco num acordo operacional, mas que não detém o controle. As negociações, segundo fontes do setor, seguiram firme. Uma etapa importante deu-se em 30 de junho de 2009, quando interessados teriam comparecido à assembleia-geral de credores. No fim do ano, uma leva de rumores içou a Glencore ao posto de mais forte candidata.

A superlativa safra de boataria forçou a empresa a enviar um comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 17 de dezembro, desqualificando as informações. No documento, Marco Antonio de Modesti, diretor de relações com investidores (RI), disse que, considerando a movimentação atípica dos BDRs da Agrenco, em 16 de dezembro de 2009, a companhia “desconhecia qualquer ato ou fato relevante que pudesse ter motivado tal movimentação”. Fez questão de deixar claro que “a Glencore foi contratada como operadora dos ativos”. Fontes do setor, contudo, garantem que o plano de recuperação dá direito de preferência à Glencore caso a Agrenco seja colocada à venda no futuro.

O executivo também esclareceu que o plano de recuperação judicial prevê que as ações e os ativos fixos das subsidiárias da Agrenco no Brasil sejam oferecidos em garantia aos seus credores financeiros, não podendo ser transacionados fora das estipulações do plano. Chama atenção, porém, o fato de a companhia ter publicado, em 12 de janeiro, uma nova convocação de assembleia-geral de credores, marcada para 5 de fevereiro. O escopo da reunião não prevê, ao menos por escrito, alguma apresentação de propostas.
Mas o mercado não descarta essa hipótese. Procurada por Lente de Aumento, a Agrenco preferiu não conceder entrevista, sob alegação de que ainda está ajustando a sua área de comunicação com a imprensa.

Precursora no recente boom do mercado de capitais, a Agrenco estreou na bolsa em outubro de 2007, quando arrebanhou pouco mais de R$ 660 milhões. Depois, teve uma série de contratempos administrativos que geraram dívidas superiores R$ 1 bilhão, agora já reescalonadas. Boa parte do dinheiro levantado na oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) foi usada para quitar dívidas que a Agrenco já tinha. Os primeiros sinais de sufoco financeiro vieram à tona em abril de 2008, quando a companhia atrasou o pagamento aos produtores. Em meados de junho, a Hunter Douglas do Brasil Ltda. pediu a falência da empresa por não pagar os materiais de construção que havia adquirido. A situação se deteriorou com a crise norte-americana do subprime, que secou o crédito.

Dentro do plano de reestruturação financeira, a companhia tem usado recursos da venda de ativos para se reerguer. Com anuência dos credores, vai destinar, por exemplo, R$ 60 milhões levantados com a venda de uma planta industrial inacabada de Marialva (PR) para terminar a construção das fábricas de Alto Araguaia (MS) e Caarapó (MT), cuja operação deve começar no início da safra de 2010, segundo comunicado da companhia.

Sediada no paraíso fiscal das Bermudas, a Agrenco é uma grande colcha de retalhos. Nasceu em 1992, na França. E brotou com filhotes mundo afora, sempre com foco no comércio e na distribuição de grãos e derivados. O último resultado da empresa disponível em sua página na internet refere-se ao primeiro trimestre de 2008. Foi o primeiro depois da oferta de ações. Nele, os destaques foram o lucro líquido, de R$ 26,4 milhões, e um Ebitda (ajustado) de R$ 59,2 milhões.


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