Negócio frutífero
Investida do fundo Criatec, a Amazon Dreams se prepara para vender compostos extraídos de frutas e folhas da Amazônia

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Resultado de um projeto laboratorial do curso de engenharia de alimentos da Universidade Federal do Pará, a Amazon Dreams foi escolhida dentre 1.450 candidatas de todo o País para receber recursos do fundo de investimentos de capital semente Criatec. Os R$ 100 milhões de patrimônio do fundo, 80% provenientes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 20% do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), estão alocados em 23 startups.

A Amazon Dreams, criada em 2003 pelo pesquisador belga Hervé Rogez, oferece compostos ricos em antioxidantes extraídos de frutas e folhas da floresta amazônica. Eles podem ser aplicados na fabricação de alimentos funcionais (bioiogurtes e barras de cereais), cosméticos (cremes antienvelhecimento e perfumes) e fármacos (anti-inflamatórios). Traduzindo para a linguagem financeira, produtos de alto valor agregado. Para se ter uma ideia do potencial do negócio, o grama do composto pode ser vendido a US$ 10 mil, afirma Robert Binder, sócio da Antera Gestora de Recursos, responsável pela gestão do Criatec.

“Se temos essa riqueza, temos que inserir inteligência empresarial para explorá-la de forma sustentável e não predatória. A matéria-prima é colhida do chão, a partir de folhas que caem das árvores e frutos que estão ali para serem consumidos”, conta Binder. A sustentabilidade agregada ao potencial de retorno do investimento foi o que despertou a atenção da gestora. A expectativa é obter um retorno de 40% a 50% sobre o capital investido pelo Criatec, que tem um horizonte máximo de investimento de 15 anos. Em geral, segundo Binder, a saída do fundo costuma acorrer antes, entre cinco a seis anos.

O aporte de capital de risco — no total de R$ 1,5 milhão — aconteceu em três etapas.
A primeira delas em dezembro de 2009, quando foi concluída o processo de coleta de informações sobre a Amazon Dreams (due diligence) exigido pelo Criatec para se tornar sócio. Outra iniciativa do fundo foi transformar a empresa numa sociedade anônima, com práticas mínimas de governança corporativa. A companhia instalou um conselho de administração — hoje com três membros —, aumentou a transparência na contabilidade e firmou um acordo de acionistas. A Amazon Dreams tem sete sócios, todos mestrandos ou doutorandos que trabalham com Rogez.

A estrutura de gestão da empresa é bastante enxuta. A equipe executiva é composta do chefe de operações Marcelo Rodrigues e do presidente Igor Corrêa Pinto. Com passagens pela Infinity Venture Capital e McKinsey & Company, Igor aguardava uma boa chance de voltar à terra natal. O pacote de remuneração dos executivos inclui opções de ações. “Essa é a melhor forma de manter profissionais de alta competência”, garante Binder.

Apesar de ter demanda imediata para seu produto, inclusive de multinacionais globais do setor de alimentos e cosméticos, a Amazon depende da obtenção de uma série de certificações e registros para iniciar a comercialização. Um desses certificados é a ISO 22000, uma norma internacional que define os requisitos de um sistema de gestão de segurança alimentar. “As certificações são difíceis de conseguir, custosas e levam tempo”, explica Binder.

O fato não é encarado com desânimo pelo presidente da empresa, que prefere enxergar o copo meio cheio. “Não imaginávamos que despertaríamos o interesse de ‘gigantes’ tão cedo. É para esse tipo de cliente que estamos nos preparando industrialmente”, revela Corrêa Pinto, sem esconder sua empolgação com o negócio. Desde o aporte de capital do Criatec, a Amazon Dreams ganhou um laboratório especial e investe na construção de um grande reator para produzir em maior escala. Também assinou um contrato com os ribeirinhos para garantir suprimento de matéria-prima. E aumentou de dois para dez o número de funcionários, a maioria na área de pesquisa e desenvolvimento.

O grande diferencial dos produtos da Amazon Dreams é o processo de purificação a que os agentes antioxidantes são submetidos. Em função da tecnologia desenvolvida, é possível isolar o princípio ativo das espécies florestais, chegando-se a um grau de pureza dos antioxidantes de 90%, o que ainda não foi conseguido em nenhum outro lugar do Brasil. Isso garante a obtenção de compostos altamente concentrados.

Enquanto os negócios não frutificam, a Amazon Dreams complementa sua verba com dinheiro recebido de bolsas de pesquisa e prêmios. Este ano, recebeu R$ 40 mil pelo primeiro lugar no Prêmio Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente. A iniciativa visa a promover a reflexão sobre as perspectivas econômicas, tecnológicas, ambientais, sociais e de empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável da Região Amazônica.


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