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Não ao desperdício
Por meio de um processo de auditoria que monitora o destino dos resíduos gerados pelas obras, Even transforma mais da metade do lixo dos canteiros em matéria-prima

, Não ao desperdício, Capital AbertoIniciar um processo de mudança nunca é fácil. Mas tudo tem que começar com um primeiro passo. Na Even Construtora e Incorporadora, o pontapé foi uma porta. Na verdade, 17 mil kits de portas, todas adquiridas com a certificação FSC (sigla em inglês para Forest Stewardship Council, ou Conselho de Manejo Florestal, em português). Essa certificação é prova de que o produto obedeceu às regras corretas de manejo responsável da madeira, considerando aspectos como a extração, o uso, a rastreabilidade e as condições trabalhistas na manufatura. A compra serviu para atiçar a curiosidade dos funcionários sobre o que mais a Even poderia fazer para introduzir práticas sustentáveis em seu negócio. De lá para cá, a construtora intensificou os trabalhos na área e colheu resultados evitando, principalmente, os desperdícios que tanto oneram os custos das construtoras.

O setor da construção civil no País apresenta um alto nível de desperdício. Estima-se que, ao fim de uma obra, são jogados no lixo mais de 50% do cimento, 44% de areia e outros 30% do gesso utilizados. Sem falar no volume de água e de energia elétrica consumidos, cujo uso, muitas vezes, não tem nenhum controle. Disposta a reverter essa situação, a Even implementou em seus empreendimentos um amplo sistema de gestão ambiental, com um processo de auditoria que monitora, mede e define o destino da maior parte dos resíduos gerados pelas obras. Todas as empresas de transporte de entulhos contratadas pela Even precisam se adequar ao sistema. Entre as exigências, elas devem apresentar as licenças municipais e de despejo nos aterros públicos. Em 2009, o sistema de gestão permitiu que 100% dos resíduos fossem corretamente descartados. Desse total, 55% foram destinados à reciclagem ou ao reúso na indústria. O restante foi encaminhado para aterros sanitários.

Em 2010, a Even concluiu o inventário de carbono das 32 obras da empresa, com índices bastante positivos

Em 2010, a Even deu outro passo importante: concluiu o inventário de carbono das 32 obras da empresa, com índices bastante positivos. Esses dados refletiram no desempenho dos papéis da construtora na Bolsa de Valores, acredita Silvio Gava, diretor técnico e de sustentabilidade da Even. “Estamos no índice de sustentabilidade empresarial (ISE) da BM&FBovespa há dois anos seguidos e, no primeiro ano, sete novos fundos compraram ações da Even”, orgulha-se.

Essa confiança foi conquistada graças à orientação que passou a comandar o processo de construção, a partir do uso de materiais diferenciados, com mais capacidade de reaproveitamento e de uso prolongado. Uma das primeiras modificações foi diminuir, nos canteiros de obra, o uso da madeira, largamente utilizada no setor de construção civil devido ao seu baixo custo e à conveniência. Retirada da Amazônia, de forma muitas vezes ilegal, a madeira serve, por exemplo, de matéria-prima para formas de concreto, andaimes e outras estruturas utilizadas nas obras. Só que enquanto os moldes de madeira podem ser reutilizados 18 vezes, os de plástico podem chegar a 100.

A madeira também foi substituída na estrutura do sistema de proteção aos trabalhadores. A empresa passou a adotar estruturas metálicas, que duram mais tempo e podem ser transferidas de uma obra para outra, evitando o descarte. A Even optou por tintas menos tóxicas e substituiu a utilização de blocos cerâmicos por de concreto, que emitem menos CO2 na construção. Além disso, permitem a colocação de azulejos diretamente nas paredes, sem necessidade de reboco.

“A gente não fez a conta de quanto iria custar todo o processo. Encaramos o desafio de construir com critérios de sustentabilidade pelo mesmo valor que praticávamos antes e conseguimos. Economizamos evitando o desperdício”, conta Gava. Segundo ele, uma outra maneira de medir o sucesso da proposta é comparar com a concorrência. “Vemos um concorrente erguer um prédio do nosso lado, sem fazer o que a gente faz, mas com o mesmo preço de venda”, enfatiza. Hoje, todas as obras da Even são erguidas de acordo com conceitos de sustentabilidade.

Para mudar com sucesso o processo de construção, a empresa percebeu que era necessário engajar os fornecedores e compartilhar responsabilidades. Assim, alguns prestadores de serviço trocaram as embalagens individuais por conjuntas e passaram a atuar no recolhimento e no envio delas para a reciclagem. O acordo vale para segmentos como louça sanitária, tintas e fechaduras.

A compra de produtos fabricados sob critérios de sustentabilidade também tem ajudado a construtora. É o caso das caixas elétricas para bloco estrutural adquiridas da Astra, um dos parceiros da Even. O produto substitui o box convencional utilizado para instalação de tomadas. No sistema comum, o reboco é quebrado e o produto é chumbado com cimento e argamassa. Na nova modalidade, basta o funcionário fazer um furo na parede com serra e instalar a caixa. O recipiente não precisa ser chumbado, pois possui travas para sustentá-lo.


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