Uma das batalhas entre administradores e investidores mais comentadas nos Estados Unidos, nos últimos meses, terminou com a derrota dos acionistas minoritários. O investidor bilionário Ron Burkle, presidente da Yucaipa Companies, holding de participações focada em private equity, e o presidente do conselho de administração e acionista controlador da Barnes & Noble, Leonard Riggio, travaram uma típica “proxy fight”. Burkle havia proposto um aumento no gatilho da “poison pill” da rede de livrarias e indicado três candidatos ao conselho diferentes dos da chapa da administração, incluindo ele mesmo. Apesar do aval de mais minoritários e do apoio de consultorias de governança, Burkle perdeu a disputa na assembleia do dia 28.

Os nomes para o conselho defendidos por Riggio foram eleitos com a maioria dos votos da assembleia. Além disso, a proposta de Burkle de elevar o gatilho da poison pill de 20% para 30% foi rejeitada. A pílula de veneno impede que alguém compre esse percentual sem a autorização do conselho. A Yucaipa tem 19% das ações ordinárias da Barnes & Noble e poderia aumentar ainda mais sua participação se o limite permitido pela poison pill fosse maior.

Apesar de ter perdido essa batalha, os dissidentes garantiram que vão continuar pressionando a companhia. Até porque perceberam que a maioria dos votos independentes da assembleia — não ligados a Leonard Riggio, que tem 36% das ações, nem à Yucaipa — estavam do seu lado.

Tudo começou em agosto, quando a Barnes & Noble foi colocada à venda, e Riggio se mostrou disposto a se juntar a outros investidores para fazer uma oferta de aquisição das ações da companhia. No mesmo mês, Burkle iniciou uma proxy fight com a empresa, pois queria, sobretudo, um lugar no conselho de administração. Segundo ele, dentre as mudanças que a Yucaipa pretende empreender na Barnes & Noble está remover Leonard Riggio do cargo de chairman, revisar a estratégia da empresa e discutir propostas com potenciais parceiros de tecnologia.