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Menos sede ao pote

Primeiro o mercado brasileiro conheceu o seu lado que podia dar certo. Uma atrás da outra, empresas decidiram abrir o capital para aproveitar o apetite do investidor estrangeiro e o excelente momento da bolsa de valores. Depois, veio a apreensão. Novatas começaram a pipocar no pregão em ritmo completamente inédito para os padrões brasileiros, levando muita gente a ficar com a pulga atrás da orelha. Será que todo esse pessoal está mesmo pronto para ser companhia aberta?

Para aumentar a desconfiança, começaram as histórias de insucesso. Em alguns casos, até de suspeitas mais concretas sobre o preparo de algumas candidatas para enfrentar o mercado de capitais. A Atmosfera, empresa de lavanderia industrial e hospitalar, anunciou a suspensão da sua oferta, por tempo indeterminado, devido à baixa demanda, depois de explorado pela imprensa o fato de seu principal executivo ser réu num processo penal sobre a quebra de um banco. No setor imobiliário, em pleno boom de ofertas, o caldo também entornou. As construtoras Even e JHSF tiveram de cancelar suas ofertas secundárias. A Company desistiu da emissão de ações e preferiu as debêntures. Em face da baixa demanda, os controladores da CR2 decidiram subscrever parte da oferta, elevando sua participação no capital, e abriram espaço para os investidores desistirem, se quisessem, das reservas que tinham feito. Sem vacilar, boa parte deles aceitou.

Com a aparente mudança de cenário, aproveitamos a presente edição da Capital Aberto para explorar o papel de um personagem essencial nas ofertas públicas de ações: os bancos de investimento. São eles que identificam as candidatas a um casamento promissor com o mercado, por vezes as embelezam de última hora com empréstimos ou com outros acessórios e, por fim, conduzem a noiva pelo braço até o altar. Pelo jeito, nas últimas semanas os noivos de plantão deixaram claro que estão ficando mais exigentes. Mas e o papel do banco nessa seleção? Cabe a eles apenas garantir que todas as informações sejam prestadas ao público ou fazer também um julgamento de valor, garantindo uma espécie de selo de qualidade ao mercado?

Tema intrincado esse, principalmente se considerarmos que os bancos levam alentadas comissões na promoção do encontro entre empresas e investidores. Ao mesmo tempo, sabe-se que o mercado de ações é feito de risco. Cabe ao investidor, qualificado ou não, fazer uma análise cuidadosa de onde está investindo seus recursos, com base nas informações disponíveis. Ainda assim, uma forcinha dos bancos para a preservação do apetite dos investidores pelos IPOs brasileiros não seria nada mau. Não só porque eles mesmos são grandes interessados nisso, mas também porque o Brasil carece, e muito, de histórias bem-sucedidas de captações de recursos no mercado de ações. Afinal, o que se tem de 2004 para cá é muito pouco quando olhado em perspectiva.

Mais do que nunca, é hora de criar as bases de sustentação deste mercado em plena construção. No futuro, quem sabe, até possamos dar um pouco mais de sorte para o azar. Hoje, por via das dúvidas, melhor não ir com muita sede ao pote.


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